2016
Independente
Nacional
Nota: 8,5/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
Nos dias atuais, um dos maiores desafios é desvincular o
lado do convívio da religiosidade. Sim, pois em estados laicos (ou seja, que
não privilegiam esta ou aquela religião, e nem as decisões se tomam em bases de
cunho religioso), a punição para atos cometidos pelo abuso do poder religioso, como
simonia, pedofilia, charlatanismo, extorsão e mesmo proselitismo religioso e
político são severamente punidos.
E para dar uma esclarecida no tema, nada melhor que uma
banda espancando os ouvidos com temas relacionados a isso. E meus caros, o
quarteto de Death/Thrash Metal carioca ABSOLEM se mostra um peso-pesado do
gênero, cuspindo verdades em uma embalagem explosiva chamada "Ravishers of
Innocence and Purity".
Imaginem o peso e brutalidade do Death Metal com as levadas
empolgantes do Thrash Metal e algumas passagens onde a técnica instrumental se
mostra apurada, com toques Progressivos/Jazzísticos?
Sim, é por aí que este quarteto ousa, fazendo uma música
diferenciada em um estilo já meio erodido pelo uso. Se bem que nada na música do
ABSOLEM é trivial, ou cheira a mofo. Não, meus caros, aqui a banda soa cheia de
agressividade e vida. E verdade seja dita: a disposição deles em nos deixar com
os ouvidos dando sinal de ocupado por horas não é pouca!
O próprio quarteto
produziu o EP, tendo na mixagem as mãos de Flavio Pascarillo (em "The Last
Stand"), Daniel Escobar (em "The Bringer of Life", "Not
Even All Pain" e "Ravishers of Innocence and Purity"), e Nando Thorn
(também em "Ravishers of Innocence and Purity"). O resultado é
uma sonoridade bruta e seca, mas deixando cada arranjo da banda claro aos
ouvidos, com a dose exata de peso. E nessa qualidade (mesmo não sendo perfeita),
o grupo expõe uma musicalidade que, se não veio inovar, veio para somar, pois
tem personalidade de sobra.
A banda caprichou nas quatro canções do EP. Todas soam muito
bem acabadas, mas sem perder aquela aura de espontaneidade tão necessária às
bandas de Rock'n'Roll como um todo. E vale citar que a bateria em "The
Last Stand", "The Bringer of Life" e "Not Even All Pain"
foram gravadas por Antônio Djafre.
Em "The Last Stand", a banda mostra uma aula de
mudanças de andamentos, com uma boa dose de técnica (especialmente na bateria e
no baixo), mas sendo aquela faixa que gruda nos ouvidos pelas melodias (sim,
elas são bem sutis, mas estão presentes). O lado mais técnico da banda se
mostra mais uma vez em "The Bringer of Life", graças a ritmos alternando
entre momentos violento e outros mais opressivos, o que mostra a força das
guitarras do grupo (em especial nesses solos melodiosos e cheios de feeling,
algo que é inesperado nesse gênero, mas que encaixou bem na proposta do
quarteto. E a influência de MERCYFUL FATE/KING DIAMOND nos solos é bem nitida).
A típica faixa onde a agressividade se torna mais abrasiva é encontrada em
"Not Even All Pain", onde o andamento não é tão veloz, e os vocais com
tons normais quase rasgados mostram como se destacam, mesmo em momentos mais
técnicos e encorpados (onde a influência do Jazz fica bem clara). Um pouco mais
tradicional (em termos de Death/Thrash Metal) é a explosiva e trabalhada "Ravishers
of Innocence and Purity", recheada de riffs insanos, vocais abusivamente
agressivos e uma cozinha rítmica em alto nível.
Podemos dizer que "Ravishers of Innocence and Purity"
mostra que o ABSOLEM tem um grande futuro pela frente, e que merece a ouvida
com cuidado.
Mas cuidados com os tímpanos, e segurem os pescoços!
Músicas:
1. The Last
Stand
2. The
Bringer of Life
3. Not Even
All Pain
4.
Ravishers of Innocence and Purity
Banda:
Marcelo Coutinho - Vocais
Marcus Fraga - Guitarras, vocais
Fabio Azevedo - Baixo
Jean Falcão - Bateria
Contatos: