2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
E os guerreiros do Folk/Viking Metal do Brasil estão de
volta.
Sim, mesmo depois de apenas um ano desde "Tales of
Frost and Flames", o quinteto HAGBARD, de Juiz de Fora (MG) está de volta,
desta vez com seu segundo álbum, "Vortex to An Iron Age", que não
deixa nada a desejar aos seus antecessores.
Mais uma vez, a banda caprichou, mantendo a personalidade
que vemos em seus trabalhos anteriores. Mas há algumas diferenças interessantes:
as harmonias, que já era ótimas, ganharam mais corpo e elegância, ao mesmo
tempo em que as linhas melódicas estão bem mais trabalhadas e envolventes.
Óbvio que o lado mais brutal do grupo continua ali, mas a banda parece ter
reforçado o lado mais Folk/Viking de sua música, ficando um pouco mais
melodioso. Óbvio que os vocais continuam guturais, mas existem muitas vozes
limpas também, as guitarras estão ainda melhores, baixo e bateria caprichando na
base rítmica pesada e bem coesa, e os teclados dão aquela atmosfera Pagan da
qual tanto gostamos, mas o alinhavo melodioso e certa preocupação com os
arranjos estão evidentes. Tanto que existem partes de violinos, vocais
femininos bem melodiosos, corais com vozes masculinas limpas, e alguns
deliciosos detalhes que poderão ouvir com calma.
Mais uma vez tendo mixagem e masterização de Jerry
Torstensson, do Dead Dog Farm Studio, em Säffle, Suécia. Para quem não lembra,
é o mesmo que fez os mesmos trabalhos em termos de sonorização de "Rise of
the Sea King", logo, a gravação do disco ficou muito boa, com cada
instrumento em seu devido lugar, e timbres bem escolhidos (embora fiquem bem
próximos do que eles podem apresentar ao vivo), fora um peso avassalador.
Já a parte visual, mais uma vez vemos uma obra de muito bom
gosto das mãos de Marcelo Vasco, da PR2DESIGN (que já trabalhou com SLAYER,
BORKNAGAR, MYSTERIIS, entre outros), e ficou muito boa, antenada com a proposta
musical/lírica do grupo.
Em 9 canções, mais uma vez o HAGBARD atinge um nível musical
que não cabe mais no Brasil. Arranjos bem feitos, o som polido e agressivo nas
devidas proporções. E isso sem falar nas presenças de Vinicius Faza Paiva nos
violinos, Lívia Kodato nas vozes femininas, Luqui di Falco (da banda de Hard
Rock GLITTER MAGIC, de Juiz de Fora) no violão, e Maurício Fernandes nos backing
vocals, presenças que deram um brilho adicional às músicas.
Não é fácil observar as músicas de "Vortex to An Iron Age"
e escolher uma melhor. O disco é nivelado por cima. Mas podem começar a audição
pela épica e brutal "Never Call the Sage to Drink in Your Home"
(cheia de belos arranjos de teclados, mas vocais de primeira), a mais cheia de
detalhes e arranjos bem feitos "Bridge to a New Era" (com a base
baixo-bateria aparecendo bastante, fora vocais limpos contrastando muito bem
com violinos e vozes guturais); a mais cadenciada e azeda "Iron Fleet
Commander" e seus belos toques de violinos; a introspectiva e limpa "Last
Blazing Ashes" (sim, uma canção Folk, com bateria, vocais limpos e
teclados apenas, dando um toque de bom gosto ao disco), a pesada e climática "Inner
Inquisition" (bem trabalhada nos arranjos de guitarras, mas adornada com
belíssimas vozes femininas), e a mais bruta "Shield Wall" (embora
carregada de uma atmosfera melancólica típica do Folk Metal).
Rebuscando os valores de outrora, como orgulho e honra,
sentimentos primordiais que há muito andam sendo esquecidos, "Vortex to An
Iron Age" é um disco maduro, e que como foi mencionado acima, mostra que o
grupo já deve pensar em viagens para fora do continente, pois a música do
HAGBARD está grande demais para o Brasil.
Músicas:
1. Intro
2. Never
Call the Sage to Drink in Your Home
3. Bridge
to a New Era
4. Iron
Fleet Commander
5. Last
Blazing Ashes
6. Death
Dealer
7. Relic of
the Damned
8. Inner
Inquisition
9. Deviant
Heathen
10. Shield
Wall
11. Outro
Banda:
Igor Rhein - Vocais
Danilo "Marreta" Souza - Guitarras
Rômulo "Sancho" Piovezana - Baixo
Gabriel Soares - Teclado, vocais limpos, backing vocals
Everton "Tonton" Moreira - Bateria
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