2015
Mutilation Records
Nacional
Nota: 9,5/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
O Doom Metal é, antes de tudo, um estilo dentro do Metal
cheio de subdivisões bem distintas. Mas a essência é a mesma para cada uma
dessas vertentes: um som cadenciado, azedo, fúnebre e bem inacessível para os
não acostumados. Mas para aqueles que não ligam para regras, sejam bem vindos a
um novo universo de infinitas possibilidades. E digamos que esta nova realidade
encontra no trio HELLLIGHT, de São Paulo (SP) um de seus grandes
representantes. Que o diga "Journey Through Endless Storm", seu mais
recente trabalho.
Aqui, temos uma obra prima do Funeral Doom Metal. Ou seja, o
som é ainda mais arrastado, pesado e intenso que nos outros estilos, e ainda
carrega aquela mesma aura fúnebre que clássicos do Doom Death Metal como
"Turn Loose the Swans", "Serenades" e "Shades of
God". É preciso tomar cuidados, pois a sonoridade da banda realmente é de
arrepiar, mas depois do primeiro momento, qualquer um fica estupefato pelo
quilate do trabalho. Sim, pois o trio se superou!
Com mixagem de Fábio de Paula (guitarrista/vocalista do
grupo), mais a masterização de Roberto Toledo deixaram a sonoridade de "Journey
Through Endless Storm" azeda e densa, pesada e agressiva, mas com tais
fatores se equilibrando com uma ótima clareza instrumental. E assim, a música
do trio flui de maneira espontânea, e podemos absorvê-la de maneira natural. E
a arte de Rodrigo Bueno é simples, mas sombria, como o trabalho do grupo, transparecendo
o que vocês poderão ouvir.
A beleza musical do disco é surpreendente, pois em meio a
tanto azedume e clima denso, existe uma elegância sutil, mas evidente. O grupo
não se furta de ir adiante dentro de seu estilo, transcendendo tudo que já
haviam feito antes, pois o experimentalismo tomou conta da banda, sem que seu
estilo tenha perdido a essência. E para dar um toque a mais de elegância, temos
as convidadas Cielinszka Wielewsk, do BULLET COURSE, tocando violoncelo em
"Dive in the Dark", além de Cláudia O. Ghisi nos vocais femininos em
"Journey Through Endless Storm"
e "End of Pain", ambas dando um toque a mais de brilhantismo ao disco.
A banda caprichou, verdade seja dita, pois cada uma das
músicas é preciosa à sua maneira, tornando a audição de cada uma delas
obrigatória, sem pular nenhuma, e mesmo sendo faixas enormes (a menor, "End
of Pain", tem pouco mais de três minutos, mas todas as outras transcendem
os oito minutos de duração).
Mas posso citar como destaques as seguintes faixas: a espetacular
e diversificada "Journey Through Endless Storm" (azeda de doer, mas
com a presença melancólica do violoncelo de Cielinszka, contrastando bem com riffs
duros e teclados sinistros), a melancolicamente fúnebre "Dive in the Dark",
que é adornada por riffs ótimos e com um trabalho pesado de baixo e bateria; a
variada e elegante "Time", onde mais uma vez as guitarras mostram um
trabalho excelente, junto com os vocais (que ganharam bem mais diversidade em
termos de timbres nesse disco), a soturna e bela "Beyond Stars", com
seus belos arranjos de teclados e forte melancolia, e a trituradora de ossos
"Shapeless Forms of Emptiness" e sua atmosfera altamente depressiva,
adornada mais uma vez com ótimos vocais e recheada de mudanças entre momentos
mais duros, e outros mais melodiosos e elegantes.
Em suma: "Journey Through Endless Storm" é um
disco bem difícil de ser absorvido, mas a cada ouvida, percebemos que o
HELLLIGHT tem todo talento do mundo para preencher o espaço no coração que
muitos sentem de música agressiva e melancólica.
E sou forçado a repetir um velho chavão: o Brasil já está
muito pequeno para o grupo...
Músicas:
1. Journey
Through Endless Storm
2. Dive in
the Dark
3. Distant
Light that Fades
4. Time
5.
Cemetherapy
6. Beyond
Stars
7.
Shapeless Forms of Emptiness
8. End of Pain
Banda:
Fábio de Paula - Guitarras, vocais
Alexandre Vida - Baixo
Rafael Sade - Teclados, backing vocals
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Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)