2016
Shinigami Records
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Há tempos, uma das frases mais comuns é que o Metal anda
estagnado, ou seja, poucas bandas estão surgindo com algo diferente, ou que o
público é culpado de algo. Na visão deste autor, é algo leviano demais ficar
agredindo o público e o cenário sem sequer apontar uma ou várias soluções para
os problemas em que estamos imersos. Mas o que podemos ter certeza é: o Metal
anda muito bem de bandas, obrigado, com muitas delas sendo extremamente
criativas. De repente, aos críticos azedos falta conhecer o que algumas bandas
mais novas andam fazendo. Uma dica: ouçam o novo dos italianos do FLESHGOD
APOCALYPSE, "King", aproveitando que a Shinigami Records colocou no
mercado nacional.
O que verão aqui é uma mistura de Metal extremo com
orquestrações grandiosas, elementos de música clássica se misturando com Death
Metal, vocais guturais e limpos contrastando (e algumas vezes com belos vocais
sopranos), tempos mudando, uma riqueza de arranjos fora do normal. Óbvio que as
pessoas irão querer visualizar algo que já feito no trabalho deles, é
inevitável esta reação, mas garanto: a atenção tornará a busca por isso bem
frustrante. O FLESHGOD APOCALYPSE é uma nova concepção musical, algo diferente,
uma visão criativa do Metal extremo e que se nega a ser rotulada tão
simplesmente. E mesmo assim, soa pesada, consensual e saborosa.
Jens Bogren fez a mixagem e masterização de
"King", e o resultado não poderia ser outro: o caos criativo do
FLESHGOD APOCALIPSE ganhou uma sonoridade grandiosa, limpa e pesada, de forma
que tudo o que o grupo pôde imaginar do disco se tornasse real. E, além disso,
a arte de Eliran Kantor é grandiosa, bela e quase que uma pintura clássica.
Falar sobre a riqueza instrumental ou de arranjos do disco é
chover no molhado. O grupo realmente ousar ir onde nenhuma banda ainda ousou, e
para dar um tiro de misericórdia nas queixas, ainda temos a presença de Veronica
Bordacchini, nos agraciando com sua voz em soprano em "Cold as
Perfection", "Paramour (Die Leidenschaft bringt Leiden)" e "Syphilis".
Não dá para não se emocionar.
Não tem como destacar esta ou aquela canção em
"King". É algo que não é possível, pois de ponta a ponta, do início
ao fim, do Alfa ao ômega, o disco já nasceu grandioso.
Apenas por preciosismo, a linda e grandiosa "In
Aeternum" (com uma gama enorme de mudanças rítmicas e orquestrações perfeitas,
com um belo trabalho dos vocais, onde a contraposição de vozes limpas e
guturais em alguns momentos é fenomenal), a complexa e recheada de pianos
excelentes "The Fool" (que guitarras! E solos muito bons, com certo
toque de virtuosismo), a mais climática e sombria "Cold as Perfection"
(com certo toque de melancolia em meio aos ótimos arranjos de baixo e bateria,
além do lindo vocal soprano que aparece vez por outra), a incrível "And
the Vultures Beholds" (onde mais uma vez o vocal soprano dá uma elegância
a mais ao caos brutal do grupo, e repleta de orquestrações grandiosas e a vocais
normais melodiosos perfeitos), e a esmagadora de ossos "A Million
Deaths".
Óbvio que o FLESHGOD APOCALYPSE ainda pode conquistar mais e
mais, mas verdade seja dita: se os detratores da criatividade não calarem a
boca depois de ouvirem "King", já explícita a idéia fixa e doentia.
Um dos grandes plays do ano!
Ouçam e se deixem emergir nesse caos de ótimo gosto!
Músicas:
1. Marche
Royale (instrumental)
2. In
Aeternum
3. Healing
Through War
4. The Fool
5. Cold as
Perfection
6. Mitra
7. Paramour
(Die Leidenschaft bringt Leiden)
8. And the
Vulture Beholds
9. Gravity
10. A
Million Deaths
11. Syphilis
12. King (instrumental)
Banda:
Contatos: