2016
Cianeto Discos - Feed Bizarre Records - Underground Brasil Distro - Brihaller Records
Nacional
Nota 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Destaques: Amplify Your Sins, Denial of God, Até as Últimas Conseqüências, War Over, World Remains, Soulless.
Uma das coisas que não é aceitável é ver o headbanger brasileiro da atualidade deixando as bandas do país de lado. Há anos, parece mais uma das famosas regras bobocas do meio, que deve dizer algo como "todas as bandas de nosso país precisam fazer sucesso aqui, primeiro tem que fazer sucesso fora".
Não sei quem é mais tolo: quem prega isso, ou quem se deixar levar por tal estupidez.
Não, o Metal nacional já deu provas que é viável, tem poder para emparelhar, e mesmo vencer grandes nomes que por aqui são idolatrados. E um dos melhores grupos do Death Metal nacional é, sem sombra alguma de dúvida, o quarteto VULTURE, de Itapetininga (SP), que retorna à carga com "Abandoned Haunt of Cosmic Hate", que por sair no finalzinho de 2015, é para ser considerado um dos melhores plays de 2016.
O quarteto continua seu estilo em que a brutalidade tradicional do Death Metal encontra as melodias do Metal tradicional. E, além disso, a cada disco, o VULTURE amadurece, suas canções vão ficando cada vez mais encorpadas e bem feitas, mas sem soarem mecânicas. Peso, agressividade e melodia equilibrados em canções que hora são mais velozes, outras um pouco mais cadenciadas, e outras em velocidade mediana. E isso sem mencionar que o quarteto está cada vez mais entrosado, fator que é evidenciado pelo nível técnico do grupo, cada vez melhor.
Vulture |
Em cada uma das onze músicas do disco, vendo transpirar uma maturidade enorme, um refinamento musical ótimo, que faz com que o VULTURE chegue a um novo patamar. Arranjos muito bem feitos, uma dinâmica instrumental preciosa, vocais guturais de incrível bom gosto e bem postados... Podemos nunca entender o que aconteceu entre "Destructive Creation" e "Abandoned Haunt of Cosmic Hate" pode-se dizer que nunca compreenderemos, mas a banda chegou a um nível em que o Brasil é pequeno para eles.
Under the Blade of Death - Uma faixa poderosa, impactante e tecnicamente bem variada. Percebemos um fundo melodioso sinistro sob a base instrumental agressiva, com um trabalho de baixo e bateria excelente. E que vocais!
Amplify Your Sins - As harmonias da música variam bastante, com um andamento um pouco mais cadenciado (ela ganhe mais velocidade próxima ao fim), que torna a canção intensa, pesada e ganchuda. E o trabalho de guitarras é azedo e envolvente.
Masters of Decay - Aqui, temos a mistura de brutalidade e melodias que o quarteto sabe fazer muito bem. É uma faixa mais bruta, com velocidade, mas as melodias das guitarras dão aquele toque especial. E é bom notar o trabalho intenso da base rítmica mais uma vez.
Denial of God - Que guitarras são essas??? O ritmo é cadenciado, abrasivo e denso, com baixo e bateria mostrando excelente técnica, mas as guitarras mostram riffs e momentos de duetos ótimos, com melodias sinistras surgindo da massa de bases agressivas. Uma das grandes músicas do disco.
Até as Últimas Conseqüências - Mais uma vez, temos uma faixa envolvente e intensa, com um ritmo que muda entre o mais cadenciado e o um pouco mais veloz extremamente envolvente. Novamente bateria rouba a cena, mas vemos também vocais ótimos.
Omniscient Ignorance - Novamente o lado técnico da banda está evidenciado, com o baixo e as guitarras criando momentos bem diferenciados. Duetos de guitarra muito bons, e que belo refrão!
War Over - A banda mostra uma pegada mais brutal e opressiva, mas novamente existe aquele alinhavo melódico perfeito. Reparem que as guitarras estão em excelente forma, seja nos momentos mais rápidos e brutos, nos mais cadenciados e azedos, assim como nos limpos e introspectivos.
World Remains - Nada dada à sutilezas, aqui a banda mostra um lado bem mais bruto e esporrento, com momentos de maior técnica e requinte. E baixo e bateria acabam se sobressaindo muito bem.
Soulless - Desta vez, equilibrando com a pancadaria, a técnica e a melodia surgem dos riffs de guitarra, sendo talvez a faixa mais melodiosa do disco, e o andamento tem aquele lado um pouco mais cadenciado e ganchudo que é cativante. E como os vocais se encaixaram bem, especialmente no refrão.
Despise Your Morality - Muito agressiva e com bastante velocidade, chegando a doer os ouvidos dos não acostumados. Mas é adornada de guitarras opressiva, formando uma muralha impenetrável de riffs agressivos. Uma golfada de pura energia.
Moderna Escravidão - Outra faixa cantada em português, mas igualmente feroz e bruta. Mas mesmo assim, vemos belos momentos em que o baixo mostra sua força, assim como os vocais são capazes de nos impressionar. E que guitarras!
O VULTURE voltou com toda força, e podem contar que "Abandoned Haunt of Cosmic Hate" constará na lista dos melhores de 2016 de muitos.
E mais uma vez: é hora do quarteto pensar em vôos mais altos e buscar o exterior, pois o Brasil é pouco para eles. Talvez depois disso, os bangers do Brasil acordem para ver a grande banda que eles são.
Músicas:
1. Under the Blade of Death
2. Amplify Your Sins
3. Masters of Decay
4. Denial of God
5. Até as Últimas Conseqüências
6. Omniscient Ignorance
7. War Over
8. World Remains
9. Soulless
10. Despise Your Morality
11. Moderna Escravidão
Banda:
Adauto Xavier - Guitarras, vocais
Yuri Schumamn - Guitarras, backing vocals
Max Schumann - Baixo, backing vocals
André Xavier - Bateria
Contatos: