22 de nov. de 2015

IT'S ALL RED - Lead by the Blind (CD): criatividade eclética sem limites!

Músicas:

01. Integrate Forever
02. Lead by the Blind
03. Plavalaguna
04. Mritak
05. Steps of Ancient Elephants
06. Killing a Dead Tree
07. Propagates the Rage
08. Last Day of the Sun
09. Victoria Needs to Lose
10. Birth of Liquid Desires
11. Power to Let Power Go
12. What is Blood if Not for Shedding?
13. I’m your Superhero

2015
Nacional

Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)

Nota 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O Brasil anda muito mal, culturalmente falando.

No fundo, muito do caos e desordem que vemos dentro do cenário brasileiro, causados por radicalismos, discussões ríspidas, e outros, no fundo são reflexo da falta da capacidade do povo em compreender as diferenças de um para outro, inclusive de opiniões. Mas a verdade seja dita: desde que se tornou república, o país nunca gozou de uma boa educação, tanto no sentido escolar quanto familiar (esta última, importantíssima, se degradou rapidamente após a redemocratização em 1985) quanto escolar. E uma das conseqüências mais graves é a falta de respeito às opiniões diferentes de um lado, e do outro, se reflete na música no que chamo de "processo de clonagem", que não creio necessitar de explicações mais profundas. Ainda bem que o cenário brasileiro tem bandas como o quinteto IT'S ALL RED, de Porto Alegre (RS), disposta a nos mostrar o que é fazer música com inteligência em "Lead by the Blind", seu terceiro álbum.

A musicalidade da banda é o que podemos chamar de Thrash Metal experimental, já que eles não respeitam regras ou limites musicai estilísticas, usando de influências modernas em seu som, alguns toques vindos do Metalcore (como o uso de vocais limpos e melodiosos em alguns momentos, como podemos ouvir em "Killing a Dead Tree"), os riffs possuem vez por outra uma sonoridade mais abrasiva e gordurosa vinda de bandas como PANTERA, mas tudo sem perder a melodia e a coesão musical. E além disso, o nível técnico do grupo é muito bom, diga-se de passagem.

Produzido por Rafael Siqueira e pelo próprio quinteto, podemos dizer que a sonoridade de "Lead by the Blind" é muito boa, sabendo aliar a qualidade necessária para a compreensão do que a banda toca e sua proposta musical, com o peso que uma banda de Metal precisa ser. Nada de fantástico, mas ótima, mesmo assim. E a parte gráfica é um trabalho muito bom, com uma capa instigante e um layout bem feito.

A verdade é: a força musical do IT'S ALL RED vem de seu ecleticismo musical, pois tantos elementos agregados, e ainda por cima soando coesos, sem a banda perder força, é algo que merece menções honrosas. E além disso, os arranjos da banda são bem pensados, mas ao mesmo tempo, espontâneos.

Integrate Forever - a banda já abre o disco com a disposição de fazer as paredes tremerem, com muitas mudanças de ritmo, onde baixo e bateria mostram a sua força. Mas reparem como alguns elementos mais modernos vão se aderindo a canção de forma espontânea.

Lead by the Blind - Uma música bruta e com muitas variações de andamento, mas ao mesmo tempo, preenchidas por melodias ganchudas, em especial pelo trabalho das guitarras (reparem bem nos solos).

Plavalaguna - Uma das melhores faixas do CD. Mesmo usando a fórmula já descrita, algumas influências do Death Metal de Gotemburgo, ou seja, melodias providenciais e agressivas, com belo trabalho executado pelos vocais (o contraste entre limpos e agressivos ficou excelente).

Mritak - Mais rápida e com levadas extremas em alguns momentos no início, logo uma saraivada de riffs com tempo medianos e vocais em tons mais normais aparecem, deixando a música um pouco mais abrasiva e densa, pesada de doer os dentes.

Steps of Ancient Elephants - Permeada por certo sentimento de angústia, é uma canção onde se destaca mais uma vez o trabalho dos vocais, que usam de urros abrasivos e alguns tons mais normais. E reparem alguns tempos quebrados bem longe do convencional.

Killing a Dead Tree - Que belo refrão, e mais uma vez, um mix inteligente entre o lado mais experimental do grupo com toques do Death Metal sueco praticado pelas bandas de Gotemburgo. E percebam como baixo e bateria criam uma base rítmica pesada e com bom nível técnico, além do bom gosto.

Propagates the Rage - Eles repetem a mesma estrutura musical usada em "Killing a Dead Tree", mas sem se repetirem, ou seja, técnica, brutalidade e melodia muito bem equilibrados, além de um espetáculo das guitarras.

Last Day of the Sun - De início mais introspectivo e calmo, logo surge uma pancada mais cadenciada, montada sobre uma esteira instrumental de bom gosto, com uma agressividade melodiosa muito bem arranjada.

Victoria Needs to Lose - Outra com o andamento não muito veloz, mas cheio de momentos mais intrincados, e mais uma vez, melodia e agressividade estão de mãos dadas no belo trabalho exibido pela banda como um todo.

Birth of Liquid Desires - Um pouco mais simples que as faixas anteriores, as melodias ficam mais evidentes, e se não fossem os vocais ríspidos, poderíamos ter uma música do mais puro Metal tradicional moderno.

Power to Let Power Go - Nesta, mais uma vez o lado melodioso do trabalho deles fica mais evidente, com a agressividade ficando restrita aos momentos em que os vocais mais agressivos estão em evidência, mas como o uso dos limpos é maior, temos uma canção deliciosamente envolvente.

What is Blood if Not for Shedding? - Já temos o oposto aqui: o lado mais agressivo está bem evidente, aliado à uma técnica ótima de baixo e bateria. Mas mesmo assim, temos momentos mais calmos. E é uma canção bem ganchuda!

I’m your Superhero - Nossa, esses caras são criativos demais! Alguns toques puro Pop mais soturno e ganchudo permeiam essa canção eclética e adornada com guitarras excelentes.

Podemos afirmar que o IT'S ALL RED é uma banda excelente, madura e que sabe o que quer fazer de sua música. É uma daquelas bandas que, se cópias de "Lead by the Blind" chegarem ao exterior e recebem a atenção devida, explode.

Excelente trabalho!

Ah, sim: a inteligência da banda não se restringe apenas ao lado musical, mas também em suas letras. E indico a todos a leitura desta excelente matéria no site-irmão Brasil Metal História, onde o vocalista Tom Zynski fala um pouco de cada uma das letras de "Lead by the Blind".

Banda:

Tom Zynski - Vocais
Juliano Ângelo - Guitarras
Rafael Siqueira - Guitarras
Gabriel Siqueira - Baixo
Renato Siqueira - Bateria

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