Nota 9,5/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
A modernidade chegou, é um fato, e não é possível se desviar dela, ou ficar chorando por um passado que não volta mais. É preciso se adaptar ou ser extinto, aprender a se renovar sempre. E isso é bom, pois se renovar é sinal de humildade diante de uma das forças motrizes que guiam o universo, que é a evolução. E mostrando que pode-se ser moderno e pesado, mas sem abrir mão de qualidade, temos o quinteto paulista HEAVIEST, que debuta em disco com "Nowhere".
Podemos perceber que o quinteto tem claras influências de bandas como ADRENALINE MOB e STONE SOUR, ou seja, aquela vibração e peso modernos, mas com uma estruturação melódica ótima e bom nível técnico que fazem parte da experiência musical de seus integrantes. É pesado, azedo, ganchudo, mas de bom gosto sempre. A bateria de Vito Montanaro é pesada e com bom nível técnico, e tendo em Renato Dias (baixo), que toca com qualidade, um companheiro ideal para formarem uma base rítmica intensa. As guitarras de Guto Mantesso e Márcio Eidt se completam bem, fazendo riffs muito pesados (e com timbres bem azedos), e solos bem melodiosos, versáteis o tempo todo. E nos vocais, ninguém menos que Mario Pastore, reconhecido como um dos melhores vocalistas do Brasil, e que mostra mais uma vez o quanto é versátil como músico, usando timbres de sua voz que ainda não havíamos ouvido em seus trabalhos anteriores. Não tinha como dar errado, e não deu.
Márcio e Guto, os guitarristas do HEAVIEST, fizeram a produção, mixagem e masterização do disco.O resultado é uma sonoridade realmente moderna, muito pesada e agressiva, mas limpa e com os instrumentos muito bem timbrados e em seus devidos lugares. E a arte quase parnasiana de Guilherme Grolla, encaixou como uma luva à música do quinteto.
Falar do que este quinteto é capaz chega a ser covardia. Mesmo tão jovem, os cinco integrantes do HEAVIEST são músicos de longa experiência, tanto em bandas como na arte do ensino musical e workshops. E vemos o fruto disso em cada detalhe musical, cada arranjo encaixados perfeitamente, e com uma dinâmica de andamentos surpreendente. E apesar de virtuosismo não ser a proposta do grupo, vemos uma técnica privilegiada em cada instrumento, mas sem deixar que a banda funcione como uma unidade.
"Nowhere" não é um disco trivial, mas é uma grata surpresa, e destacar uma ou outra canção chega a ser leviano.
Buried Alive - Uma faixa ganchuda, digna de abrir o disco, com andamento em tempo médio, arranjos pesados e guitarras com timbres azedos, além linda melodias. E que vocalizações perfeitas, indo de timbres de voz mais melodiosos e agudos até outros bem mais graves.
Decisions - Mais cadenciada, mais ainda assim esbanjando melodia, é uma faixa que mostra um lado mais progressivo da banda, sem abrir mão do peso. E como é bom ouvir os solos melodiosos e caprichados do grupo que ela possui.
Nowhere - Outra bem ganchuda, andamento em tempo mediano, e excelente mudanças de ritmo, onde baixo e bateria mostram a sua força e importância.
Betrayed - Pesada e repleta de belos arranjos, mas reparem no refrão. As melodias e força dele nos engolfam de tal maneira que na segunda audição já estamos cantando com a banda.
Crawling Back - Moderna e com uma vibração forte, permeada de excelentes vocalizações e bases de guitarra bem abrasivas.
Torment - Outra que é bem moderna, mas com um lado mais melodioso e introspectivo muito interessante. Reparem bem no uso perfeito de riffs de guitarra bem raçudos, e uma condução perfeita onde baixo e bateria estão perfeitos.
Time - Em meio ao clima denso e moderno da canção, algumas melodias nos remetem ao Metal mais tradicional à lá JUDAS PRIEST, mas sem deixar de ser uma faixa extremamente bem construída com guitarras interessantes e ótimo contraste entre os timbres vocais.
Resurrection - Um pouco mais introspectiva e intensa, mas com um refrão bem agressivo. As passagens de guitarras mais calmas são muito boas, permitindo comprovar a versatilidade da dupla.
Finding a Way - Uma belíssima balada, com sua dose de peso e energia no refrão. Mais uma vez, vemos como a banda é versátil, com belo trabalho nos vocais (novidade em se tratar de Mario), além do baixo mostrar acordes refinados e a bateria estar muito bem colocada.
Land of Sin - Nada como uma faixa mais pesada e intensa, com um andamento um pouco mais acelerado, para fechar o disco. Reparem que novamente baixo e bateria estão dando uma mostra de peso e classe.
O HEAVIEST veio para ficar, isso é fato, e sem contar que é uma das melhores revelações do ano, sem sombra de dúvidas.
Músicas:
01.Buried Alive
02.Decisions
03.Nowhere
04.Betrayed
05.Crawling Back
06.Torment
07.Time
08.Resurrection
09.Finding a Way
10.Land of Sin
Banda:
Mario Pastore - Vocal
Guto Mantesso - Guitarras
Márcio Eidt - Guitarras
Renato Dias - Baixo
Vito Montanaro - Bateria
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