2015
Nacional
Nota 8,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
O Brasil mostra uma tradição forte no tocante aos gêneros mais extremos de Metal. Desde que DORSAL ATLÂNTICA e SEPULTURA surgiram com seus primeiros lançamentos, parece que a cena nacional se especializou nas vertentes extremas. E isso deu um bom embasamento para que a cena independente do país florescesse, pois existe um público ávido por aqui. E é ótimo poder ver uma banda como o DARK SLUMBER, das regiões de Barra Mansa e Volta Redonda (RJ) voltando a aparecer no Metal Samsara. E desta vez, vieram com um álbum, "Dead Inside".
Adeptos de um Black Metal intenso e soturno na linha dos anciões gregos do gênero (ROTING CHRIST, NECROMANTIA), podemos notar que a banda deu uma evoluída boa em relação ao Demo CD "Qliphotic Black Dimensions", de 2013. Sim, pois os arranjos musicais estão mais burilados e a banda bem mais entrosada. E musicalmente, eles usam um Black Metal mais sombrio, climático e bem pesado, com o uso de vocais guturais bem postados e arranjos de guitarra excelentes. E sem mencionar que a base rítmica da banda (baixo e bateria) são bem sólidos, e com um bom nível técnico.
A produção sonora é muito boa. A sonoridade é agressiva e mórbida como o estilo da banda precisa, com aqueles tons mais sujos e ríspidos que fazem parte da essência do Black Metal, e assim, da essência musical do quarteto. Mas há um certo nível de clareza, que nos permite compreender o que eles estão tocando e onde querem chegar com sua música. E o trabalho artístico, feito por Marcel Briani, consegue nos passar claramente o conteúdo lírico das canções, bem como a idéia clara de como o quarteto musicalmente soa.
O DARK SLUMBER mostra em sua música uma personalidade forte e latente, fugindo dos padrões musicais do Black Metal atual e mesmo o de raiz, buscando uma forma diferente de fazer sua música. Isso vem da capacidade da banda arranjar bem suas composições, e ao mesmo tempo, manter uma identidade firme.
Temos 7 faixas no CD, sendo quatro delas versões das que constam no EP (que apesar de fiéis às originais, já mostram sinais de uma roupagem um pouco mais bem acabada), algumas com certos toques de velocidade (mas nada exagerada, apenas aquela que costumamos ver nos primeiros trabalhos do ROTTING CHRIST e MAYHEM), mas a maior parte do tempo, o andamento é mediano ou arrastado, mas cada música tem seu próprio mérito e beleza. E como nenhuma delas é longa demais, não cansa nossos ouvidos.
Reverberating Emptiness - Uma introdução bem sinistra, com pianos e alguns teclados tornando o clima opressivo e intenso, quase uma triste marcha fúnebre.
Sorrowful Winter Breeze - O andamento é lento, mas varia bastante, mostrando o quanto baixo e bateria na concepção sonora da banda deve render, e isso em meio a um trabalho ótimo de guitarras.
Vomiting Upon the Cross - Aqui, a banda já lança mão de andamentos que oscilam, indo de momentos com velocidade mais tradicional (em termos de Black Metal) a outros mais arrastados, mas sempre mantendo aquela aura soturna essencial. E mais uma vez, as guitarras do grupo mostram uma eficiência muito bom nos riffs. É uma das faixas mais agressivas do disco.
Dying Inside - O início é rápido e agressivo, com um trabalho ótimo de bateria e vocais urrando sem piedade. Mas logo, os tempos se tornam lentos, azedos e muito pesados, mais uma vez mostrando um bom trabalho dos vocais e guitarras. E fecha rápida e bruta, como começou.
Dark Slumber - Novamente, a banda lança mão de tempos bem cadenciados e azedos no início, mas logo, a velocidade aumenta e o nível de agressividade vai junto. Mas o uso de alguns vocais mais limpos e incursões de guitarra dão um toque especial à canção.
Lucifer - Intensa, mostrando bumbos rápidos e um contrabaixo vibrante, com tempos empolgantes e vocais guturais excelentes. E muitas vezes, percebemos que a banda usa de uma técnica bem mais apurada, como o baixo deixa bem claro.
All the Lights Fade Away - Encerra o disco em grande estilo. Introduzida por guitarras limpas e seguida por um solo melodioso em meio a um clima mais introspectivo. E logo, ganha agressividade, mas com um tempo lento e muito opressivo, mas sempre bem trabalhada e com uma beleza mórbida incomum nos dias de hoje.
Realmente, um ótimo trabalho, recomendado aos fãs de Black Metal sem medo, e aos que não se limitam a um simples rótulo.
Ah, sim: o DARK SLUMBER mostrou evolução, mas pelo que podemos perceber, a tendência deles e ir mostrando cada vez mais e mais algo de muito bom gosto.
Músicas:
1. Reverberating Emptiness
2. Sorrowful Winter Breeze
3. Vomiting Upon the Cross
4. Dying Inside
5. Dark Slumber
6. Lucifer
7. All the Lights Fade Away
Banda:
Guilherme Corvo - Vocais, guitarras
Sandro Leite - Guitarras
Hayder Fonseca - Baixo
Jorge Zamluti - Bateria
Contatos:
Black Legion Productions (Assessoria de Imprensa)