22 de set. de 2015

John Wayne - Dois Lados - Parte I (CD)

2015 - Deckdisc - Nacional
Nota 10,0/10,0



Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O Brasil está se destacando nos últimos tempos pelo surgimento de bandas que transitam entre sonoridades modernas, Metal e Hardcore, com trabalhos musicais fantásticos, capazes de deixarem os ouvidos apitando devido à intensidade e violência sonora, mas sempre com um bom gosto e sempre distantes uns dos outros. É o caso de bandas como PROJECT46, PRAY FOR MERCY, CONFRONTO e o quinteto paulista JOHN WAYNE, que chega com seu mais recente trabalho, o destruidor de ouvidos que tem por nome "Dois Lados - Parte I", que sai agora, há poucos dias de sua apresentação no Rock in Rio.

Os timbres instrumentais são abrasivos, e a banda ostenta uma ótima técnica, mas o mais interessante sobre o trabalho do quinteto é que no meio da opressão sonora do grupo, surgem melodias bem evidentes e que nos envolvem. Ou seja, o grupo busca ser diferenciado de seus colegas de estilo, mas de forma alguma deixa de ser agressivo e ríspido. E como é impactante e nos empolga com facilidade!

Produzido pelo quinteto em parceria com o mago Adair Daufenbach (que também mixou e masterizou o trabalho, e tem se mostrado um especialista nesse gênero). O resultado é uma música que soa clara e as melodias aparecem bastante, com uma timbragem perfeita, e cada detalhe aparece. Mas não pensem que isso deixou o disco sem peso. Pelo contrário, a brutalidade é clara. E o trabalho gráfico de Brian Allen (da Flyand Design) na capa e na arte é ótimo, tendo o impacto visual que a banda possui em sua música.

John Wayne
Musicalmente, o trabalho do JOHN WAYNE está bem mais evoluído e maduro que em seus discos anteriores (o EP "John Wayne" e o álbum "A Tempestade"), os arranjos bem cuidados, e cada canção é uma surpresa. E o disco tem pôr base lírica uma interpretação pessoal da banda de "Inferno", primeiro tomo de "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, apenas transportada para a nossa realidade cotidiana. Ou seja, é um deleite para ouvidos e mente, algo que poderia (e deveria) ser usado amplamente nas escolas de nosso país. É uma banda que se encontra consciente da realidade que nos cerca, e com um discurso inteligente.

Deixemos a esperança ao começar a ouvir o disco, pois depois da audição, você estará entre os fãs do quinteto, pois "Dois Lados Parte I" é um disco muito homogêneo em termos de composição.

Passagem - Uma introdução de cordas limpas bem amena e climática, com alguns toques na bateria, o baixo surgindo sob alguns acordes mais distorcidos na guitarra.

Quatro Velas - Aqui, o quinteto já mostra seu cartão de visitas: uma música abrasiva, com tempos que vão de medianos a mais arrastados, com riffs agressivos e técnicos, mas com excelente noção melódica. Uma cama perfeita para assentar os vocais que oscilam de timbres normais agressivos até outros mais urrados sem medo.

Dois Lados, Parte I (Inferno) - Aqui, o começo é rápido e agressivo, mas logo os andamentos se tornam mais cadenciados e as guitarras soam abrasivas, mas o refrão é ótimo, esbanjando melodias muito bem pensadas e backings vocals bem colocados.

Identidade - O começo é bem etéreo, mas logo a música surge forte e agressiva, mas as melodias modernas estão mais evidentes, assim como baixo e bateria mostram uma técnica muito boa.

Aeternum - Uma bela e curta instrumental, onde o baixo se destaca bastante sob o clima soturno e denso que a permeia. 

Até o Fim - Uma base rítmica de peso sob uma saraivada de guitarras distorcidas dá início a mais um massacre sonoro, com urros agudos contrastando harmoniosamente os vocais gritados e intervenções de guturais bem colocados. É uma das melhores faixas do disco, empolgante e que leva a adrenalina a níveis elevados. 

Pesadelo Real - Esta merece o nome, pois é um pesadelo de riffs firmes e uma condução perfeita da cozinha rítmica, e mais uma vez, uma envoltória melódica surge e nos ganha de primeira. 

Recomeço - Uma faixa mais elaborada, com um início empolgante com belos backing vocals, antes de virar uma saraivada de violência sonora desmedida (mas muito bem arranjada), onde vemos mais uma vez a dupla de guitarras do grupo usar de um trabalho fantástico.

Nono Círculo - Um pequeno interlúdio cheio de vozes fantasmagóricas, que vai aclimatando-nos para um dos grandes momentos do disco.

Caim - Aqui, fecha-se o disco com chave de ouro, com excelentes riffs, um trabalho de baixo e bateria massacrante (em termos tanto de peso como de técnica), e vocais muito bem postados. Ela é cheia de nuances e variações, sempre com excelente nível técnico, mas sem que deixe de nos empolgar. E ainda existem melodias e backing vocals aqui e ali que dão um molho especial à canção.

"Dois Lados - Parte I" é um massacre sonoros dos bons, provando que não estão crescendo e sendo reconhecidos como uma das grandes forças do Metal nacional à toa. E a presença deles no Rock in Rio de 2015 não é fruto do acaso, mas de trabalho árduo.

E uma confissão: ganharam mais um fã nesse que vos escreve.





Músicas:

01. Passagem
02. Quatro Velas
03. Dois Lados, Parte I (Inferno)
04. Identidade
05. Aeternum
06. Até o Fim
07. Pesadelo Real
08. Recomeço
09. Nono Círculo
10. Caim


Banda:

Fábio Figueiredo - Vocais
Rogério Torres - Guitarras 
Júnior Dias - Guitarras
Denis Dallago - Baixo 
Edu Garcia - Bateria


Contatos:

Ecoefeitos (Assessoria de Imprensa)
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