17 de ago. de 2015

Dark Witch - The Circle of Blood (CD)

2015 - Arthorium Records - Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Fazer Metal à lá anos 80 está bastante em voga no Brasil atualmente. Muitos fazem trabalhos que, com o perdão da expressão, são uma lástima. Isso porque as bandas colocam na cabeça que precisar ser clones, ou sejam, fazem apenas Dolly Metal. Fazer Metal "Old School" requer, antes de tudo, coração, e uma personalidade forte, pois vai precisar pôr de si mesmo na música, pôr vida em algo que o tempo já erodiu. Mas ao mesmo tempo, existem aqueles que pegam as lições dos anos 80 e reescrevem a estória à sua maneira, soando como algo da época sem ser datado ou colagem de clichês, mas atualizado e vigoroso para encarar os novos tempos. E nessa turma, onde brilham nomes como HELLISH WAR, HAZY HAMLET e outros, temos o excelente quarteto DARK WITCH, de Santos (SP) que, após anos de muita luta, chega com seu primeiro álbum, "The Circle of Blood", que a Arthorium Records colocou no mercado nacional.

O grupo segue aquela linha do bom e velho Power Metal anos 80, ou seja, aquela sonoridade característica de bandas como ACCEPT, HELLOWEEN (antigo), RUNNING WILD, que se foca bem mais no peso do que nas exibições de técnica que cansamos de ver nos dias de hoje. A força das guitarras de César e Décio é algo de excelente, com bases inspiradas (nem sempre remetendo ao passado, com momentos bem voltados ao Metal tradicional moderno) e solos melodiosos e fortes, a bateria de André é pesada e com bom nível técnico, o baixo se mostra presente, e justamente como baixista/vocalista temos Bil Martins, do HELLISH WAR, ou seja, não preciso dizer nada mais que ele é uma fera, um dos melhores vocalistas do gênero no país.

"The Circle of Blood", paradoxalmente aquilo que muitos gritam como regra ao gênero (ou seja, ter uma gravação suja), possui uma qualidade de gravação moderna, limpa, pesada e "cheia", que permite que o equilíbrio entre peso e melodia do trabalho musical do quarteto se sobressaia, mas sem deixar os famosos detalhes dos arranjos escondidos sob a massa sonora pesada do DARK WITCH. E a arte criada por Ygor Gatti Alves, que prioriza o uso do preto, é excelente, bem feita e à altura do trabalho musical do CD.

Dark Witch
O grupo tem nas mãos um trunfo: sabem arranjar muito bem suas composições ao ponto de, mesmo tendo tantas referências ao Metal anos 80, não deixar de soar atual e com personalidade. E isso sem falar que a energia que flui das músicas é algo de absurdo, além de refrões envolventes de fácil assimilação.

Mesmo sendo excelente do início ao fim, podemos destacar algumas faixas:

Circle of Blood - Pesada, forte, melodiosa e ganchuda, no melhor estilo dos mestres do gênero. As guitarras fazem riffs absurdos, e ainda temos a presenção de um refrão maravilhoso, que nos ganha sem esforços.

Wild Heart - Um forte Hard'n'Heavy Metal pesado e envolvente, mais uma vez com guitarras brilhantes em solos e riffs perfeitos, mas muito bem acompanhados por uma base baixo-bateria perfeita e bem pesada. E falar no refrão chega a ser covardia.

Master of Fate - Um dos pontos altos do CD, com um andamento não tão veloz, riffs muito pesados e empolgantes, e um trabalho de vocais excelente. Mas reparem que existem alguns momentos onde uma agressividade moderna à lá JUDAS PRIEST dá as caras.

Cauldron - Uma faixa mais azeda e pesada, com toques mais modernos que não chegam a destoar de forma alguma do trabalho geral do CD, fora alguns riffs à lá ACCEPT raivosos que nos agarram sem dó pelos ouvidos. E novamente um refrão ótimo, com belos backing vocals.

Firestorm - Um belíssima esmerilhada de guitarras dá a partida à canção, que logo fica um pouco mais comportada, mantendo o jeitão pesado e melodioso do grupo. 

Lighthouse Reaper - As quatro cordas dão início a esta pancada agressiva e pesada com jeitão MANOWAR em muitos momentos, especialmente pela interpretação fantástica dos vocais, encaixado perfeitamente sob a base instrumental cadenciada e azeda.

Death Rain - Um pouco mais veloz, está chega a ser um Speed Metal, intensa e pesada, mas sem deixar a melodia de lado.

To Valhalla We Ride - Nesta, que é outro Speed Metal forte e raçudo, fiquei me questionando como pode existir uma banda tão boa assim no Brasil. Sim, basta reparar nas qualidades instrumentais (riffs excelentes, baixo e bateria com peso e boa técnica) e vocais desse quarteto. É uma linda canção, pesada e que realmente se destaca no CD.

Voz da Consciência - Uma faixa bônus, uma versão do quarteto para um velho hino do histórico HARPPIA, uma das bandas mais importantes do cenário dos anos 80 do Brasil. Aqui, ela ganhou um pouco mais de peso e agressividade, e é uma justa homenagem ao grupo e ao mestre Percy Weiss, que veio a fazer a passagem em Abril último.

Se você quer ouvir e compreender como ser uma banda à lá anos 80, mas sem soar datada e presa ao passado, o DARK WITCH é um tutorial perfeito para tanto.

Este disco fica entre os 10 melhores de 2015 facilmente.



Músicas:

01. Circle of Blood 
02. Wild Heart 
03. Master of Fate 
04. Cauldron 
05. Firestorm 
06. Stronghold 
07. Blood Sentence 
08. Liberty is Death 
09. Lighthouse Reaper 
10. Death Rain 
11. Siegfried 
12. To Valhalla We Ride 
13. Voz da Consciência 


Banda:

Bil Martins - Vocais, baixo 
Décio Andolini - Guitarras
César Antunha - Guitarras
André Kreidel - Bateria


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