Independente
Nacional
2015
Nota: 9,0/10,0
Músicas:
01. Woe is Me
02. My Voiceless Heaven
03. In Myself Rotting
04. Knell of Demise
Banda:
Anderson – Vocais, teclados
Tony – Guitarras
Cleyton – Baixo
Joe – Bateria
Contatos:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Uma das coisas mais interessantes que o meio Metal nos concede é poder assistir a evolução das bandas que estão no cenário. Algumas delas sempre ficam no “mais do mesmo”, sem dar uma mínima variada; já outras preferem dar uma mudança, sem perder de vista aquilo que já fazem. E nesse segundo caso, o quarteto CONTEMPTY, de Rio Pomba (MG), que retorna a este humilde espaço e nos brinda com seu novo trabalho, “Trauma”.
O grupo faz um Doom Death Metal bem carregado, pesado, intenso e melancólico, na linha de bandas como o velho MY DYING BRIDE, ANATHEMA e PARADISE LOST, mas o enfoque do grupo é bem diferenciado. E o ponto forte do grupo é justamente evitar o experimentalismo de muitos gigantes do gênero que acabaram em caminhos tortuosos. No caso do quarteto, eles buscam expandir fronteiras sem abrir mão de sua identidade. Os vocais da banda são em um gutural bem pessoal, fugindo um pouco da fórmula já erodida de urros em tons baixos; os riffs de guitarra são ótimos, dando uma aclimatada perfeita, usando os tempos mais lentos como uma ferramenta para a criação de uma atmosfera soturna e densa; e esta atmosfera é reforçada pelo uso muito bem pensado dos teclados, que não fazem apenas um fundo melodioso, mas que também não ficam aparecendo em excesso. E baixo e bateria se aliam para manter os tempos lentos, mas variados e pesados sempre, com boa técnica. E o fruto disso é uma música intensa, fúnebre e soturna, mas agressiva e pesada, e alguns belas melodias sinistras. Um deleite!
No tocante à produção sonora, o grupo deu uma melhorada ótima em relação ao trabalho anterior, o EP “Gaping Deception in Guiltless Eyes” de 2013. A qualidade sonora está ótima, clara e pesada ao mesmo tempo, ou seja, entendemos claramente o que a banda está tocando, mas sem que o peso e aura soturna sejam obliterados. O trabalho de Ricardo “Kiko” Rezende na gravação, mixagem e materização fez a diferença. E a arte de Adelmo Queiroz ficou excelente, usando com sabedoria os contrastes do preto, branco e cinza muito bem, fora alguns toques de azul na capa. E tudo isso em uma bela embalagem Digipack.
Contempty |
Em termos de musicalidade, o quarteto realmente se mostra inspirado. Se no EP anterior a banda já dava claros sinais de talento, eles deram um passo adiante. Houve uma evolução sensível, pois suas composições soam mais balanceadas, com arranjos que fazem a diferença.
Usando de músicas longas, o quarteto nos toma de assalto. O EP abre com a intensa e ríspida “Woe is Me”, com belíssimos arranjos de teclados e vocais guturais bem carregados, mas não se enganem: a música tem uma dinâmica de mudanças ótima. “My Voiceless Heaven” começa um pouco mais rápida, e a música em si não é tão arrastada, mas com andamentos que se alternam, e assim, percebemos a qualidade do trabalho de baixo e bateria. “In Myself Rotting” é a faixa mais longa do EP (passa dos 10 minutos de duração), recheada de momentos soturnos, outros mais depressivos e melancólicos, e outros mais pesados, sempre com elegância e sem se atropelarem, e mostram que guitarra, baixo e teclados souberam dar aquele toque que valoriza ainda mais a música, e nem falamos em como os vocais se encaixam bem, usando uma série de timbres diferentes quando necessário. E fechando, temos “Knell of Demise”, outra canção bem profunda e melancólica, mas bruta e com peso absurdo, onde os riffs de guitarra se aliam bem aos teclados para dar uma dose extra de peso e criar uma atmosfera fúnebre essencial.
O grupo merece mais destaque, “Trauma” coroa um momento muito bom do quarteto, e mostra que se pode manter um gênero já muito usado sempre interessante.
Parabéns ao CONTEMPTY!