Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O Metal brasileiro vai muito bem, obrigado. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, o nosso país está produzindo bandas ótimas, e em todos os estilos. E nisso, falo de bandas que realmente estão criando algo diferenciado para si mesmas, fugindo dos velhos padrões, e da desculpa esfarrapada “não queremos fazer nada de novo”. São bandas e mais bandas criando, ousando de destruindo limites. E uma belíssima revelação é o sexteto SYMPHERIUM, de João Pessoa, Paraíba. Seu álbum “Philosophy of Symmetry” é algo de fantástico.
A banda cria uma música soturna, agressiva e mórbida, mas com melodias muito bem encaixadas. Óbvio que alguém é capaz de chamar o trabalho deles de “Symphonic Black Metal” ou algo assim, mas não seria justo. Eles fazem algo que foge dos rótulos. Vocais que se alternam em timbres rasgados, guturais e alguns limpos agonizantes, outros limpos semelhantes às entonações que vemos em bandas como BORKNAGAR; guitarras com riffs ganchudos e com melodias acertadas; baixo e bateria formando uma base técnica e pesada, e belas orquestrações que se encaixam perfeitamente ao todo. Podemos até querer comparar o trabalho deles ao ecleticismo extremo de um CRADLE OF FILTH, embora o grupo aqui se apresente bem mais agressivo, ou seja, fazem música à moda deles, sem se preocuparem com rótulos que apenas limitariam sua criatividade.
Produzido pelo próprio sexteto com co-produção de Victor Hugo Targino (que já está virando um novo Peter Tagtgren na região), podemos aferir que a sonoridade do grupo é madura, forte e pesada, mas muito clara. Todos os instrumentos estão bem claros, timbres bem escolhidos, e com tudo em seus devidos lugares. E a arte parece transparece o conteúdo lírico das músicas, pois se percebe que satanismo de porta de botequim não é a praia deles, mas sim buscar inspiração em civilizações antigas, seus segredos e mitos.
Sympherium |
Após “In Symmetria Entrare”, temos a bruta e ríspida “The Name Above the Ancient Scriptures”, cheia de mudanças de andamento e belos riffs de guitarras, e um trabalho dos vocais excelente. Em “Let My New World be Born”, apesar de certa velocidade, temos uma música mais climática e com melodias maravilhosas, com os teclados criando ambientações soturnas perfeitas. “The Orphan’s Cry” inicia-se com teclados mórbidos, e uma catarse hipnótica de vocais alternando tons, em uma música bem rica em arranjos (inclusive com a presença de pianos bem encaixados e vocais limpos postados com sabedoria). “Stairway to the Palace of Light” começa com teclados em um tema de guerra, para então virar uma explosão de brutalidade com bom gosto, mas ao mesmo tempo, temos arranjos envolventes e bem intrincados, com destaque para o trabalho de baixo e bateria, que é muito arrojado. Ritmos não convencionais introduzem “The Last Civilization”, que começa mais cadenciada e pesada, mas que ganha algu dinamismo em certo momento, agarrando o ouvinte, mais uma vez com vocais fantásticos. “Emptiness and Asymmetry” é mais agressiva, mas criativa e plena de melodias e belos temas nos teclados e guitarras. E “Total Order Philosophy” segue esta mesma linha, só tendo maior presença de teclados e outra vez uma exibição perfeita de vocais e guitarras.
Uma excelente revelação da cena do Metal extremo do Brasil, que indico com todo carinho aos ouvintes. E que pode ser baixada gratuitamente no Bandcamp do grupo, mas que merece a aquisição de uma cópia física.
E fica o agradecimento ao amigo/irmão Leandro Vianna, do blog-irmão A Música Continua a Mesa, por ter-me apresentado o trabalho do grupo.
Músicas:
01. In Symmetria Entrare
02. The Name Above the Ancient Scriptures
03. Let My New World Be Born
04. The Orphan’s Cry
05. Stairway to the Palace of Light
06. The Last Civilization
07. Emptiness and Asymmetry
08. Total Order Philosophy
Banda:
Adi França – Vocais
Felipe Headley – Guitarras
Luiz Eduardo Viana – Guitarras
André Toledo – Baixo
Jorge Augusto – Bateria
Magno Rocha – Teclados
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