29 de mai. de 2015

Castifas – Bloodlust and Hate (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



O Black Metal no Brasil possui uma história importante e bem singular: enquanto a maioria dos países fora do eixo Noruega/Grécia/Suécia/Finlândia tiveram suas cenas aparecendo após a explosão da cena norueguesa por volta de 1993, o Brasil já possuía uma cena em paralelo às citadas acima, com características musicais bem delineadas. E um dos remanescentes daqueles tempos é o quarteto carioca CASTIFAS, formando em 1993 e que levou 16 anos para lançar seu primeiro trabalho, “Journey Through the Darkness Path” (de 2009), e que após seis anos de luta dentro da cena e mudanças de formação, retorna com seu segundo álbum, “Bloodlust and Hate”.

O quarteto sempre se caracterizou por um som voltado à SWOBM, ou seja, aquele Black Metal soturno e mórbido, ora veloz e ora mais cadenciado, focando em uma atmosfera mais soturna e densa. Mas o grupo nos surpreende neste álbum, pois a banda apresenta certo refinamento musical antes ausente, fruto da experiência de Hoertel Infernum e Deathcult com a garra e técnica dos mais jovens Nuctemeron e Lord Anti-Christ (guitarrista/vocalista e baterista do IMPACTO PROFANO, respectivamente). Ou seja, um híbrido entre o trabalho ríspido e abrasivo ouvido em “Journey Through the Darkness Path” com força e técnica um pouco mais burilada, mas sem perder a identidade. Os vocais se mostram em timbres um pouco mais graves que antes, mas ainda com gritos rasgados; as guitarras melhoraram bastante em termos de riffs, o baixo apresenta um trabalho bem técnico e não fica apenas na marcação, e a bateria ganha em peso e diversidade técnica. Sim, a banda soube se renovar.

A produção é de Rodrigo Bissoli, o disco foi gravado e mixado no Estúdio Pereira em Duque de Caxias (no RJ). O resultado, em termos de sonoridade, é bem satisfatório, sem obliterar a sonoridade mais crua e azeda que o CASTIFAS necessita, mas sem abrir mão de certa qualidade, imprescindível para que possamos aproveitar o melhor de sua música. E Yuri D’Ávila fez o trabalho gráfico, que ficou muito bom, aliando simplicidade com bom gosto e um layout bem cuidado.

Castifas
Em termos de musicalidade, o CASTIFAS não precisa se justificar diante de ninguém, muito menos de tapinhas nas costas. Sua música, embora não seja inovadora (no sentido de criar uma nova vertente ou algo assim), é muito pessoal, distante de ser rotulada. E não há o mínimo saudosismo musical ou aquela sensação de algo datado. É como citado acima: a fusão de 50% da experiência dos veteranos com o pique, técnica e energia dos 50% mais jovens resultou em bons arranjos e faixas muito bem acabadas, mesmo sendo a maioria com duração superior a 5 minutos. E isso, meus caros, é sinal de mentes pensantes, embora as músicas soem bem naturais.

“Bloodlust and Hate” é uma faixa com aquela sonoridade da SWOBM, arrastada e azeda, com guitarras mostrando riffs ótimos, o baixo aparecendo bastante, além um trabalho de bateria incrível (muita presença de dois bumbos), enquanto “A World of Bones” já possui um pouco mais velocidade (que não é extrema ou constante), embora cheia de variações interessantes de ritmos e vocais muito bem encaixados (usando de mudanças de timbres muito boas, alternando entre rasgados e vozes narradas mais normais). Em “Screams and Torment”, primeiro Websingle de promoção do CD, o andamento é em tempo médio, boa conduções rítmicas por parte da bateria, outra mostra de ótimos riffs e vocais excelentes. “Kingdom of Satan” segue a mesma linha em termos de andamento, mas com um pouco mais de simplicidade em termos técnicos (o que não desmerece a canção de forma alguma), repleta de momentos mais climáticos. “Lucifer My Master” é outra um pouco mais veloz, onde a banda como um todo se sai muito bem. E as três faixas restantes, “Into the Cerimonial Sodom”, “The Mystic and Occult Son of the Moon” e “The Wicked Master of Souls” são regravações de canções presents em “Journey Through the Darkness Path”, que ganharam uma nova forma, com um pouco mais de técnica, mas respeitando as versões originais. E as três servem para comprovar que o CASTIFAS é uma banda que possui raízes, mas que está pronto para encarar o futuro sem medo.

O grupo está de parabéns, e mostra que depende apenas de si mesmo para ir ainda mais longe.





Músicas:

01. Bloodlust and Hate 
02. A World of Bones 
03. Screams and Torment 
04. Kingdom of Satan 
05. Lucifer My Master 
06. Into the Cerimonial Sodom 
07. The Mystic and Occult Son of the Moon 
08. The Wicked Master of Souls


Banda:

Hoertel Infernum – Vocais 
Deathcult – Guitarras 
Nuctemeron – Baixo, guitarras 
Lord Anti-Christ – Bateria 


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