Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Fotos: Daniel Croce
Fotos: Daniel Croce
Domingão de Páscoa, temperatura quente e agradável (nada do insuportável maçarico a que estamos acostumados aqui na cidade do Rio de Janeiro). E a Blog’n Roll Produções nos brindou com mais um ótimo evento, bem eclético, onde tivemos a fúria Metal/HC brasileira do PROJECT46, o terremoto Death Metal do OBITUARY, e o clássico Metal tradicional de PAUL DI’ANNO, que voltou ao Brasil para mais uma tournée.
Project46 |
O quinteto paulista PROJECT46 pisava na cidade pela primeira vez, e desceu a marreta furiosamente, conquistando o público de assalto.
Apesar do pouco público durante sua apresentação (como sempre, o público ficou do lado de fora, bebendo cerveja), o grupo não abriu mão da fúria característica de suas apresentações. Caio MacBeserra (vocais), Vinícius Castellari e Jean Patton (guitarras), Rafael Yamada (baixo, backing vocals), e Henrique Pucci (bateria) mostraram uma música agressiva, impactante e bruta, mas muito bem arranjada, um misto entre Metal extremo e Hardcore, mais algumas pitadas de tendências mais modernas. E a postura da banda no palco é surpreendente, com ótima movimentação, sem pararem um instante que seja. E eles estavam tinindo, indo de um lado para o outro, com uma comunicação ótima com o público, e esbanjando simpatia.
A qualidade de som estava boa, a banda em forma e assim, o pau quebrou. O grupo estava aproveitando para divulgar seu disco mais novo, “Que Seja Feita a Nossa Vontade” (de onde veio a maior parte das músicas do show), tocando canções como “Erro +55”, “Vergonha na Cara”, e “Empedrado”, mas também tocaram músicas do primeiro disco, “Doa a Quem Doer”, como “Violência Gratuita” e “Impunidade”.
E assim, os que lá estavam podem comprovar que o nome do PROJECT46 no Rock in Rio ou o fato de terem enchido sozinhos o Carioca Clube (em SP) não são meros acasos do destino, mas frutos de um trabalho feito com raça e coração, com esforço no lugar de reclamações.
Ganharam fãs, com certeza.
Tracklist:
Erro +55
Empedrado
Impunidade
Em Nome de Quem?
Desordem e Progresso/Vergonha na Cara
Na Vala
Violência Gratuita
Foda-se (Se Depender de Nós)
Acorda pra Vida
Obituary |
Depois de algum tempo, foi a vez do quinteto OBITUARY da Flórida, subir ao palco, e darem uma verdadeira aula de Death Metal.
Seguros no palco, John Tardy (vocais), Trevor Peres (guitarra base), Kennt Andrews (guitarra solo), Terry Butler (baixo) e Donald Tardy (bateria) mostraram que a idade não os fez mais calmos. Pelo contrário, o grupo parece ainda mais selvagem que antes!
Esbanjando categoria, espontaneidade e simpatia, com ótima postura de palco (Trevor não pára um segundo de agitar), boa comunicação (John é muito simpático, ao ponto de sorrir e interagir com um fã que mostrou a capa do LP “Slowly We Rot”, primeiro álbum do grupo), o OBITUARY mostrou o porquê de ser uma referência no estilo: músicas simples, mas cheias de energia, respeitando seu passado.
O setlist da banda deu uma ênfase ao mais recente trabalho da banda, “Inked in Blood” (saudado como uma volta às raízes do grupo), como a dobradinha de abertura “Centuries of Lies” e “Visions in My Head”, além de “Inked in Blood”. Mas ao mesmo tempo, passaram por muito material antigo, onde, obviamente, o público reagia bem mais, como “Intoxicated”, “Immortal Visions”, “‘Til Death”, além da clássica “Don’t Care” (que a banda não tocava ao vivo há um bom tempo). E como de costume, o encerramento foi com um dos maiores hinos do Death Metal, “Slowly We Rot”, onde ao final, a banda cumprimentou o público, jogou palhetas e baquetas para os fãs. Uma lição de humildade que muitos poderiam aprender...
Um show perfeito, e uma aula para os mais jovens.
Setlist:
Centuries of Lies
Visions in my Head
Infected
Intoxicated
Bloodsoaked
Immortal Visions
‘Til Death
Don’t Care
Violence
Back to One
Dead Silence
Back on Top
Inked in Blood
I’m in Pain
Slowly We Rot
Paul Di'Anno |
Fechando a noite, foi a vez de PAUL DI’ANNO fazer a sua parte e encerrar o evento com chave de ouro.
Devido a problemas de saúde, Paul fez o show sentado em uma cadeira. Sim, a saúde dele está debilitada, mas isso não o impediu de fazer um bom show. Mas o que se pode esperar de um artista que, durante toda sua carreira, lutou contra adversidades e nos deu trabalhos excelentes em bandas como BATTLEZONE, DI’ANNO, KILLERS, e tantos outros, além de ser um grande incentivador de novos talentos?
E nem é preciso falar que Paul fez bonito e marcou seu nome na história do Metal sendo o vocalista que gravou “Iron Maiden” e “Killers”, os dois primeiros discos do IRON MAIDEN, que ajudaram a alavancar a banda ao sucesso.
O show foi introduzido pela instrumental “The Ides of March”, onde a banda formada pelos brasileiros Vinnie Tyr (guitarrista, do UNEARTHLY), Davis Ramay (guitarrista, do SIXTY-NINE CRASH, que já passou pelo TRIBUZY e já tocou com feras como Danny Vaughn, John Lawton, Ted Poley, Tony Martin, Joe Lynn Turner, e Andy Timmons), Thiago Velasquez (baixista, do STATIK MAJIK e do PAINSIDE), Bráulio Drumond (bateria, também do UNEARTHLY) mostrou entrosamento e esbanja boa técnica (e até fizeram alguns adendos às músicas que ficaram ótimos), enquanto Paul caminhava até seu lugar no palco, em uma cadeira, com uma mesa com água e bebidas para hidratar (além de uma boa dose de Whisky).
Apesar de tudo, Paul esbanja simpatia, carisma, interage muito bem com o público, é bem humorado e educado. E como é bom vê-lo no palco cantando músicas do IRON MAIDEN como “Sanctuary”, “Wrathchild”, “Murders in the Rue Morgue” e “Killers” (que formam a espinha dorsal de seus shows), e mais algumas de seus outros trabalhos de sua carreira. Óbvio que ele anda bem desgastado, e com a saúde fragilizada, mas ainda é o cara que encantou o mundo como vocalista da Donzela com seu jeito punk espontâneo e simples de ser e cantar. E o público reagia à altura a cada canção e conversa que era estabelecida, uma sinergia que poucos conseguem.
Só quem vai a um show de Paul sabe o quanto isso pode ser um evento único em sua vida.
Mais um ótimo evento, mas que infelizmente, não teve o público merecido. Não sabemos dizer o que houve, mas esperemos que o público vá mais e mais aos shows em suas cidades. Mas mesmo assim, parabéns à Blog'n Roll Produções por mais um ótimo evento, e que venham outros do nível.