25 de mar. de 2015

Hate – Crusade: Zero (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia




Não é mais necessário mencionar que a Polônia se tornou um país que produz muitas bandas ótimas de Metal nos últimos 15 anos. É repetitivo falar da qualidade das bandas que chegam de lá, desde que a Cortina de Ferro foi desfeita e a abertura política tomou de assalto o leste europeu. E não chega a ser uma surpresa ver que o HATE, um dos nomes mais fortes da cena extrema polonesa, se supera mais uma vez ao lançar seu novo disco, “Crusade: Zero”.

Antes de tudo, o grupo superou o falecimento de Mortifer em 2013, e soube dar uma reformatada em sua musicalidade, no seu jeito Death/Black de ser. A primeira coisa que salta os olhos é que o HATE deixou aquela velocidade extrema e brutal quase que de lado, preferindo usar de andamentos mais lentos e alguns rápidos, mas não tanto como visto em “Erebos”, ganhou um pouco mais de melodia, e o aspecto técnico melhorou um pouco. Mas não se preocupem: mesmo com todas as melhorias, o HATE é o mesmo que os fãs admiram há anos, logo, não terão motivos para se exaltarem. Os vocais de ATF Sinner continuam aquele gutural característico que todos reconhecem, ao passo que o trabalho de guitarras dele com Destroyer é intrincado, técnico e está soando mais limpo que antes, apresentando solos muito bem compostos, respeitando as linhas harmônicas. No baixo, fora ATF Sinner ter feito algumas partes, ainda tiveram ajuda de Filip “Heinrich” Hałucha. A bateria talvez seja o grande diferencial, já que Pavulon (ex-VADER, CHRIST AGONY, entre outros) possui uma levada mais técnica e pesada que Hexen, ao mesmo tempo em que consegue dar uma vida nova ao trabalho da banda. E ainda temos a participação especial de Michał Staczkun nas partes de samples. Assim, podemos dizer que “Crusade: Zero” é mais um passo dado na evolução musical da banda, sem perder contato com suas raízes.

Hate
A produção musical foi feita por ATF Sinner, tendo assistência de Michał Staczkun e Kris Wawrzak (que ainda mixou “Vox Dei (A Call from Beyond)” e “The Omnipresence”), mais mixagem e masterização dos irmãos Wojtek e Sławek Wiesławski. Com uma equipe desse porte, não é de estranhar que a qualidade sonora ficou justa, bem feita e limpa, mas com peso, embora não seja algo muito complexo ou rebuscado, e nem com aquele impacto que estávamos acostumados. E o trabalho artístico de Daniel Rusiłowicz ficou ótimo, simples e funcional.

A maior qualidade do HATE em termos musicais é sua capacidade de criar arranjos musicais dinâmicos e ricos. E como uma qualidade musical não tão suja ou intensa, fica evidente que a banda tem muito a oferecer ao ouvinte.

“Vox Dei (A Call from Beyond)” é uma introdução climática e sombria, preparando o fã para uma pequena instrumental, “Lord, Make Me an Instrument of Thy Wrath!”, que exibe belo trabalho de guitarras. E logo o massacre sonoro começa em “Death Liberator”, que já surpreende devido aos andamentos não tão velozes, um trabalho fantástico em termos de vocais e guitarras, exibindo uma dinâmica de arranjos fabulosa, e seus seis minutos passam como se fossem segundos, e “Leviathan” apresenta esses mesmos elementos, mantendo a atmosfera opressora e soturna, embora possua alguns momentos mais velozes. Ainda mantendo os andamentos mais lentos, temos a arrasadora “Doomsday Celebrities”, onde a bateria mostra uma ótima técnica nas viradas e conduções nos dois bumbos, e o baixo intervém de maneira técnica excelente. Em “Hate is the Law”, temos uma canção que lembra bastante o jeito antigo, rápida e brutal, mas mesmo assim, apresenta momentos mais cadenciados e o requinte adquirido pela experiência mostra que o grupo está se distanciando de tudo que já vez. “Valley of Darkness” é levada em meio tempo (nem veloz, nem cadenciado), mostrando guitarras absurdas, sendo uma das faixas mais ricas do CD em termos musicais. Agressiva e explosiva é o início de “Crusade: Zero”, mas depois a velocidade varia um pouco, e os vocais mais uma vez se destacam bastante. Temos outra introdução climática em “The Omnipresence”, que prepara terreno para o assalto de “Rise Omega the Consequence!”, onde a dose de Black Metal se torna maior, as melodias mais evidentes nos solos e as guitarras mostram arranjos perfeitos em meio às mudanças de andamento. “Dawn of War” é uma aula de Metal extremo, com grandes harmonias e variações rítmicas de cair o queixo, onde baixo e bateria mostram toda a sua potência. “Black Aura Debris”, outra instrumental, serve como um encerramento bem opressivo. Mas mesmo assim, ainda temos uma faixa bônus, “The Reaping”, mostrando o lado mais agressivo da banda, com bons momentos mais cadenciados entremeados por bumbos velozees, como se rebuscando o trabalho mais seminal da banda e fechando uma fase com chave de ouro.

O HATE mostra que ainda é uma potência dentro do underground, e merece maior exposição, e ao mesmo tempo, se distancia de seus conterrâneos em termos de Metal extremo, mostrando sua identidade cada vez mais.





Músicas:

01. Vox Dei (A Call from Beyond) 
02. Lord, Make Me an Instrument of Thy Wrath! 
03. Death Liberator 
04. Leviathan 
05. Doomsday Celebrities 
06. Hate is the Law 
07. Valley of Darkness 
08. Crusade: Zero 
09. The Omnipresence 
10. Rise Omega the Consequence! 
11. Dawn of War 
12. Black Aura Debris 
13. The Reaping 


Banda:

ATF Sinner – Vocais, guitarras, baixo, samples (assistente)
Destroyer – Guitarras 
Pavulon – Bateria 


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