Nota 9,0/10
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Nem sempre nos é possível acompanhar a enorme enxurrada de materiais que saem todos os anos. Por isso, é comum que alguma banda acabe passando, por mais que o nome nos marque imensamente. Alguém sempre fica perdido, mas quando o achamos mais uma vez, cedo ou tarde, a satisfação é imensurável. E é esta a sensação que o segundo disco do quarteto IMBYRA nos dá. “The Newborn Haters” é de 2014, mas é uma jóia rara, uma autêntica pérola do Metal.
O quarteto californiano, antes de tudo, segue uma linha próxima ao que o MACHINE HEAD faz com certos toques do SEPULTURA da época do "Chaos A.D.", ou seja, aquele Thrash Metal moderno, gorduroso e cheio de groove, mas é bom que se tome cuidado ao lidar com a música deles. Junto com os elementos já citados, ainda vemos melodias preciosas do Metal tradicional, e alguns riffs muito quebrados. Os vocais de Fabrício são ótimos, oscilando entre timbres urrados e outros mais suaves, e ambos usando a tonalidade normal de voz (que se apresentam bem inclusive em momentos macios, como em “Endless Chapter”); guitarras ferozes, com riffs bem técnicos e agressivos de Fabrício e Kléber, que mesmo diante de tanta abrasividade, possuem melodia ímpar, caracterizando ainda mais o trabalho do grupo. E a base rítmica de Anderson (baixo) e Denis (bateria) é pesada e apresenta boa diversidade de andamentos. E tudo isso soa bem particular do quarteto.
O próprio Fabrício produziu o CD, que teve ainda as mãos de Adair Daufembach na mixagem. Limpo e claro em termos de instrumentos (sim, se é possível ouvir cada um deles separadamente sem esforços), mas com um peso absurdo, chegando a doer os ouvidos se usarem fones. E a arte, um trabalho muito legal de André B. Dois (capa), Anderson de França (design), e mais ilustrações de vários artistas, dão toda a tônica do trabalho lírico azedo do grupo.
Imbyra |
O IMBYRA faz um trabalho ótimo em termos de arranjos musicais. Tanto é assim que as músicas não são repetitivas ou cansam nossos ouvidos em momento algum. E o disco passa bem rápido, levando-nos a pôr o CD player na função “repeat all”.
Não é muito justo destacar uma ou outra faixa no CD, pois ele é muito homogêneo mas citemos que “Operation Anonymous” (uma golfada bruta de técnica e groove, com tempos interessantes e excelentes vocais), a caótica e avassaladora “The Newborn Haters” (introduzida por guitarras limpas, virando um apocalipse de melodias azedas, uma faixa ganchuda e envolvente, com um trabalho de guitarras que nos leva a pensar o que Adrian Smith e Dave Murray fariam se tocassem o estilo. E esta é a faixa do vídeo de divulgação do álbum), a mezzo power ballad “Endless Chapter” (começa lenta e introspectiva, lembrando um pouco o velho Country/Southern americano, mas que ganha peso e agressividade na hora dos solos de guitarra), a um pouco mais acessível e melodiosa “Impunity”, a rápida e furiosa “End of Ares”, a cadenciada e cheia de groove “I’m Your Hell”, e a mais introspectiva e dura “Bleeding Stitches”. E um detalhe interessante: Fabrício gravou todos os vocais, guitarras base e bateria do disco, enquanto Mauro Juliany gravou todos os solos e baixo.
Não é à toa que a banda foi e é tão elogiada por sua música.
E uma informação que deve ter causado certo rebuliço na época: Fabrício chegou a tocar bateria no HYRAX, e ouvir “The Newborn Haters” para fãs mais old school pode ser algo bem dolorido. Mas “haters gonna hate”, pois o CD é ótimo!
Músicas:
01. Operation Anonymous
02. Virus
03. Newborn Haters
04. We Stand
05. Endless Chapter
06. Impunity
07. End of Ares
08. I’m Your Hell
09. Buried Hours
10. Bleeding Stitches
Banda:
Fabrício Ravelli - Vocais, guitarras
Kléber Fabianni - Guitarras, backing vocals
Anderson de França - Baixo, backing vocals
Denis Roosevelt - Bateria
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