17 de nov. de 2014

Necrobiotic - Death Metal Machine (CD)

Misanthropic Records
Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Bandas fazerem Death Metal no Brasil é, basicamente, como as crianças e jovens jogando futebol, soltando pipas ou em outros tipos de brinquedo. A comparação é simples: o Death Metal é o estilo com o maior número de bandas adeptas em nosso país. Desde que o SEPULTURA lançou seu primeiro testemunho vinílico, "Bestial Devastation" (de 1985), criou-se por aqui a escola brasileira do gênero, e esta sempre teve um forte impacto no país, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Óbvio que tamanha adesão geral bandas de nível mediano, mas outros são notáveis, que podem almejar grandes conquistas. E no meio das boas bandas do gênero, temos o NECROBIOTIC, de Divinópolis (por uma coincidência, das queridas Minas Gerais), chega com seu segundo álbum, "Death Metal Machine", uma ode ao gênero.

Completando 20 anos de luta e experiência, não é de se estranhar que a banda use de um jeito mais tradicional de fazer Death Metal, embora vejamos algumas incursões de Rock'n'Roll e uma forma não muito convencional de tocar. Ou seja, apesar de seguirem aquela escola dos anos 90 de se fazer Death Metal, com um certo "Q" de BOLT THROWER, BENEDICTION e OBITUARY, o grupo não é muito afeito a copiar o trabalho alheio, tentando criar seu próprio espaço. Vocais urrados em timbres não exagerados (lembram bastante a forma de John Tardy trabalhar a voz), guitarras com bom trabalho nos riffs e solos doentios, baixo e bateria firme em uma cozinha rítmica sólida e com bom nível técnico. Não chega a ser inovador, mas é muito bom.

Necrobiotic
Produzido pelo próprio quarteto em conjunto com Fabrício Franco, a sonoridade está bem próxima às raízes do gênero, evitando grande limpeza e polimento, mas sem deixar o produto final excessivamente cru. Está abrasivo e bruto, mas com boa qualidade sonora e timbres.bem sacados (embora um pouco secos demais). A arte da capa, feita por Túlio Vasconcelos, ficou muito boa, ilustrando uma máquina sem freios do Death Metal, uma locomotiva from Hell (me perdoem os amigos de Minas Gerais, mas será também uma referência ao seu povo, já que quase tudo para este povo tão bom é um "trem"?), e com um layout bem simples, direto e funcional.

Os 20 anos de experiência levam o quarteto a criar uma música que olha e respeita o próprio passado, mas com algumas melodias evidentes em seus solos e em alguns arranjos, mostra que já está se aprontando para um futuro vindouro, evoluindo, mas sem perder suas raízes. A banda mostra que sabe fazer arranjos sem perder o feeling em momento algum.

Destaques: a mezzo Death Metal com pitadas de HC "Manobra P.I.T." (reparem bem no trabalho das guitarras, em especial nos solos, onde certa influência de Rock'n'Roll se faz presente), "Apenas Um Primata" com seu jeitão BENEDICTION de ser (mais novamente surgem nos riffs elementos mais ganchudos, mostrando que a banda não se priva de nada para criar sua música), a brutal e rasgada "Death Metal Machine" (um atropelo de tanto peso e força em uma canção bem trabalhada, com ótimo trampo de baixo e bateria, seguros e com boa dose de técnica), e a técnica e cheia de elementos melodiosos "O Caminho & O Retorno" (com alguns toques de Thrash Metal, baixo mostrando toda sua técnica, além de solos bem caprichados), a bruta "Pyroclasmic Rebirth" e a linda instrumental "O Vazio".

Ótima banda, que voltem sempre com esse trabalho. E torcemos de coração para que em seu próximo trabalho de estúdio, alguns potenciais musicais que ouvimos atinjam sua plenitude.



Tracklist:

01. NecroMetallurgy
02. Manobra P.I.T.  
03. Apenas Um Primata  
04. Sede de Poder  
05. Satisfy My Agony
06. Death Metal Machine  
07. Biological Pleasure
08. The Devil Lines
09. O Caminho & O Retorno
10. Pyroclasmic Rebirth
11. O Vazio


Banda:

F.A.C.O. - Guitarras, vocais
Humberto Silva - Guitarras
Fabrício Franco - Baixo
Broka - Bateria 


Contatos:

Myspace
Black Legion Productions (Assessoria de imprensa)

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