Immortal Guardian - Revolution Part I (EP)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia

Um fenômeno que tem ocorrido bastante nos últimos tempos é a inserção de músicos brasileiros em bandas estrangeiras, formando um eixo de interação musical produtivo e interessante. Especialmente no eixo Brasil-EUA, onde mais e mais bandas de lá com integrantes brasileiros andam aparecendo. E um dos casos mais notáveis é, sem sombra de dúvidas, o do IMMORTAL GUARDIAN, cujo vocalista é um brasileiro, e que mostra um trabalho forte e bem pesado em "Revolution Part I".

A banda foca seu trabalho musical no Power Metal melodioso, com muita elegância e peso, grandes corais, e se não podemos dizer que a fórmula usada é original, podemos afirmar com convicção que é honesta e feita de coração, pois é justamente nesta vertente, já tão desgastada pela saturação de alguns anos atrás, que fica extremamente evidente se o trabalho não for feito com espontaneidade. E esse quinteto não só é espontâneo, 

mas o faz com o coração. Percebe-se isso em cada vocalização perfeita (lembrando um pouco o jeitão de Roy Khan, ou seja, usa-se na maior parte do tempo vocalizações em timbres não tão altos ou agudos. Mas óbvio que estes aparecem em boa proporção), riffs de guitarra excelentes e bem trabalhados, baixo e bateria bem entrosados e criando uma base rítmica muito diversificada e com peso (fugindo do esquemão de dois bumbos em alta velocidade o tempo todo), e teclados muito bem colocados, com arranjos e intervenções precisas. Resultado: Power Metal de primeira linha!

No quesito qualidade sonora, basta ver que junto à banda e Brett Rivera, está o peso-pesado Roy Z (que ainda fez a mixagem do disco e participa na faixa "Immortal"), e a masterização é de Andy Horn. Ou seja, o nível de sonorização é alto, com cada instrumento em seu devido lugar e com ótimos timbres, aliando peso, técnica e elegância perfeitamente equilibrados. A arte do CD é muito bela, apresentada em um Digipack muito bem trabalhado, onde vemos que Carlos Zema e Rogério Paulo souberam bem o que estavam fazendo.

Immortal Guardian

Chega a ser covardia falar de um trabalho musical desse nível. O IMMORTAL GUARDIAN merece ainda mais projeção, pois rende belos frutos, coisa que alguns dos maiores nomes do Power Metal, há tempos, não andam fazendo. É pesado, e mesmo sem ser inovador, é muito criativo, sabendo fundir tantas influências musicais, às vezes díspares entre si, em uma música consensual e bem pesada. Os arranjos foram muito bem trabalhados (bastando observar como guitarras e teclados casam bem, além dos corais aparecem nos momentos certos). Até mesmo as letras refletem a inteligência do grupo em termos de dinamismo.

O EP já começa bem com a envolvente e vibrante "Beyond the Skies", uma faixa bem rápida, mas cheia de nuances mais lentas, com riffs primorosos e lindas vocalizações, daquelas que se ouvem 10 vezes, e não se enjoa (o nível de energia nos contagia facilmente, e para nós, brasileiros, uma surpresa: a primeira frase dela é "Libertas Quae Sera Tamen", ou "Liberdade Ainda que Tardia", lema da Inconfidência Mineira e que se encontra na bandeira do estado de MG até hoje). Em "Walk Alone", a velocidade é mantida em alguns momentos, mas o foco é mesmo na técnica, com baixo e bateria mostrando seu arsenal técnico, mas sem deixar de ter peso e vibração, com belíssimos corais à lá QUEEN. Após uma introdução climática, vem "Immortal", que tem um feeling bem evidente, com as guitarras afiadas, os vocais mostrando o alcance de seus agudos (que de forma alguma chegam a ser exagerados ou mesmo irritantes), mais uma vez corais muito bem pensados, e a participação de Roy Z ainda dá aquele toque a mais de peso. Um clima mais ameno e intimista surge em "Between Fire and Ice", mostrando que não é só de velocidade que este quinteto vive, mostrando belíssimos arranjos de piano e teclados, já que esta é uma semi-balada pesada que envolve o ouvinte de maneira bem espontânea. E puxando para o lado um pouco mais tradicional do Power Metal, o EP fecha com "Victory Shore", iniciada com belas guitarras à lá MAIDEN, andamento com velocidade mediana, permitindo a melhor apreciação de cada instrumento, em uma canção lindíssima e maravilhosa (e aproveitem para reparar em vocais mais extremos aparecendo por aqui).

Permitam a este autor a sinceridade: o quinteto é daqueles que temos vontade de aplaudir ao terminar a audição do CD, que merece repetições infinitas, e ao mesmo tempo, mostra que o Power Metal tem seu futuro mais que assegurado, logo, como já dito acima, aquelas bandas que andam meio sem gás já possuem um herdeiro digno.

Espero que venha logo "Revolution Part II", para deleite de todos nós!

Tracklist:

01. Beyond the Skies

02. Walk Alone

03. Immortal

04. Between Fire and Ice

05. Victory Shore

Banda:

Carlos Zema - Vocais

Jyro Alejo - Guitarras

Gabriel Guardiola - Guitarras, teclados

Thad Stevens - Baixo

Cody Gilliland - Bateria

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