17 de out. de 2014

Resenha: Bloody Violence - Obliterate (EP)

Cianeto Discos/Eternal Hatred Recods
Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Em termos de Death Metal, podemos dizer que é o estilo que no Brasil tem a maior quantidade de bandas. É impressionante, pois  em uma proporção de 10 trabalhos lançados, 5 são de bandas que se encaixam em alguma vertente do estilo. E isso não é ruim, já que podemos ver que, graças à latinidade no sangue do brasileiro, o estilo vai sofrendo mutações que o levam a novos patamares. E um bom exemplo de banda que tenta fazer algo de novo, mas sem que o estilo perca sua característica mais brutal é o BLOODY VIOLENCE, do RS, que chega com o EP "Obliterate".

Adeptos do que convencionou-se chamar de Technical Death Metal, o trabalho é bruto, extremo, rasgado, veloz e pesado como o estilo dita, mas ao mesmo tempo, existem algumas estruturas bem diferentes do que acostumamos a ouvir por aí. Basta sacar como baixo e guitarras mostram alguns acordes não convencionais, quase que herdados do Jazz, em meio à tanta agressividade. Vocais urrados na melhor escola gaúcha (chegando a alguns urros guturais em tons bem baixos), riffs de guitarras insanos (mas com um certo sentido bem diferenciado, como citado acima), baixo firme e com uma técnica muito boa (realmente o baixista pertence à escola de Alex Webster, sem dúvidas), e a bateria mostra peso e técnica bem acima da média. O resultado é algo bem brutal, mas técnico, e se por um lado (ainda) não é inovador, mostra personalidade e energia de sobra.

A produção do CD (bem como a mixagem e a masterização) foi feita por Sebastian Carsin. É algo caprichado, buscando deixar o som da banda cheio e agressivo, para que as baixas afinações e urros não façam com que a qualidade sonora fique embolada e confusa. Pelo contrário, a sonoridade dos instrumentos, mesmo debaixo de tanta brutalidade, é bem definida e clara. Um trabalho muito bem feito, e que merece aplausos.

A arte, um trabalho bem legal e que tem aquela aura Death Metal que todos os fãs apreciam, é feita por Rafael Tavares, e ficou bem legal, usando tonalidades de marrom-escuro e negro que deu um ar sombrio ao trabalho do grupo. E leiam os agradecimentos do encarte, pois tem uma surpresa bem legal no final.

Resta dizer que a essência do som do BLOODY VIOLENCE vem de seus arranjos bem feitos. Sim, a dinâmica de seus arranjos faz com que o trabalho não seja cansativo aos nossos ouvidos, mas ao mesmo tempo, é de fácil assimilação para os já acostumados. Mesmo usando de músicas não tão curtas (exceto "Born to Squirm", que dura quase 4 minutos), a banda não cansa os ouvidos. O trabalho deles é tão bom que algumas melodias surgem em solos vez por outra, mostrando o quanto a banda ainda vai render, pois "Obliterate" é seu primeiro trabalho, e um ótimo cartão de visitas.

Em "Piece of Shit", o grupo alterna bastante a velocidade dos andamentos, surgindo arranjos de guitarra e baixo bem jazzísticos, um solo bem melodioso sobre uma base rítmica intensa e pesada (reparem nos bumbos nesse momento), e vocais bem urrados. "Born to Squirm" é mais violenta e azeda, mesmo com a mesma dinâmica de arranjos da anterior, com destaque para o trabalho fantástico de baixo e guitarras. E em "Purge", temos uma faixa de início técnico e veloz, mas que depois começa a se alternar com uma pegada mais intensa e brutal, destacando-se o ótimo trabalho dos vocais, que preenchem bem os espaços sobre a base rítmica.

Podemos aferir então que "Obliterate" é uma boa estréia, e que mostra uma banda com um futuro promissor, ainda mais vindos de uma terra que já nos deu KRISIUN, LEVIAETHAN, DISTRAUGHT e tantos outros.




Tracklist:

01. Piece of Shit
02. Born to Squirm
03. Purge


Banda:

Cantídio Fontes - Vocais
Igor Dornelles - Guitarras
Israel Savaris - Baixo
Eduardo Polidori - Bateria


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