22 de set. de 2014

Resenha: The Leprechaun - Long Road (CD)

Hearts Bleed Blue
Nota 9,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


O mais gratificante de não ser preso a rígidos ditames em termos musicais é podermos usufruir de trabalhos que, na maioria dos casos, não é convencional. Óbvio que todos somos fãs de Metal, mas acreditamos que somos fãs de Rock, o que nos concede um espectro musical de vasta amplitude. E cada dia que passa, novas bandas surgem, alguma realmente mostrando que querem chegar mais longe do que muitos, experimentando e criando novas possibilidades. Ser criativo não é pecado, muito pelo contrário: é uma virtude a ser louvada por todos. E um trabalho digno de louvores e palmas é do septeto THE LEPRECHAUN, de São Paulo, que nos brinda com o excelente "Long Road", um álbum vigoroso, e cuja musicalidade é um verdadeiro bálsamo aos ouvidos cansados.

O grupo, que possui raízes no Punk Rock, foi adiante e em sua evolução, ganhou muitas e fortes influências de Folk Music (com muito de Bob Dylan) e mesmo Country Music. O resultado é um híbrido, ou seja, temos um Folk Rock atualizado e melodioso, mas com a energia do Punk e melodias do Country, logo, é algo ótimo para nossos sentidos, uma música vibrante com ótimos vocais femininos que sabem usar muito bem de timbres normais (nada de urros ou sopranos), guitarras com boa dose de energia, baixo e bateria em uma base consistente e firme, fora a presença marcante de flautas, violinos, harmônicas e banjo. E sim, é excelente do início ao fim, orgânico, melodioso e pulsando com vida bem própria. As músicas ora são mais energéticas, ora mais intimistas, mas mantendo sempre a qualidade alta.

O próprio grupo produziu o trabalho, que foi mixado nos 399 Records em SP, masterizado por John Golden no Golden Mastering, em Ventura, Califórnia, EUA. E o resultado não poderia ser melhor, já que a banda não deixou a qualidade sonora apenas de alto nível (tanto que cada instrumento soa com o devido volume e está em seu lugar bem definido), mas possui uma "sujeirinha" presente bem proposital, onde está um pouco da essência Punk da banda, bem como também surge dali aquela influência do Country americano de raiz. A arte, um trabalho muito bom de Fernando Zornoff, com capa e encarte priorizando o branco, logo, tornando a arte e as letras bem mais apreciáveis, sendo que tudo isso está impresso em um lindo formato Digipack. 

The Leprechaun
Em termos de composição, o septeto arrasa. As músicas são muito bem arranjadas e polidas na medida certa, sem exacerbar na técnica (mas sem soar primitivo) e com músicas de duração que raramente excedem os três minutos, e nenhuma chega aos quatro minutos (ambos os fatores são legados dos tempos do Punk Rock). Ainda se deve dizer que suas músicas realmente são envolventes, pegando-nos pelos ouvidos logo nas primeiras audições. Se alguém reclamar, o Pai Marcão garante que o problema não é da banda, mas da falta de intimidade do ouvinte com cotonetes.

Abrindo com a forte e energética "Culprits and Victims", introduzida por baixo e bateria vibrantes, fora o banjo dar um belo toque de Country e ouvir uma belíssima interpretação dos vocais; e na sequência, vem "Melancholic Singings", que preserva os mesmos aspectos da anterior, mostrando um refrão bem ganchudo e vocais um pouco mais macios. Em "Dead Stars", temos uma canção mais intimista e melancólica, com bela presença de violões, violino e banjo, que puxa um pouquinho mais para o lado Folk do grupo. "Blood Puddles" é uma canção um pouco mais acessível e melodiosa, com um ótimo feeling western e certo toque de melancolia, enquanto "They Won't Control Our Freedom (for a Day)" é mais animada e com mais velocidade (e com bela presença de violões). Em "How Brave We Are", temos mais uma canção que transita entre a introspecção e de andamento mediano, bem como "Lemon Trees" também tem o mesmo tipo de dinâmica de tempo, embora mais focada no violino e com belos backing vocals e palmas aparecendo. O clima Country/Folk mais denso e reflexivo se faz presente em "Hold the World", outra onde os vocais se destacam bastante. Uma belíssima introdução de violão e violinos dá o ponta-pé inicial à excelente "Man of Tiannanmen", mais uma canção animada e bem alto astral, onde baixo e bateria mostram boa técnica, ou seja, é ouvir e sair cantando. Com um andamento um pouco mais ameno, mais ainda bem animada é "Hello Stranger", onde a banda investe em uma dinâmica musical muito boa. "Hide Your Love" é bem mais intimista e quase acústica, o que destaca bastante o vocal melodioso e talentoso de Fabiana. E "The Hope at the End", uma semi-balada bem climática e densa fecha o disco com chave de ouro, com um trabalho muito bom das guitarras e baixo.

Enfim, o THE LEPRECHAUN veio para ficar e quebrar muitas concepções estabelecidas a priori, logo, é bom estarem preparados. E sim, o septeto é um fortíssimo candidato ao título de Revelação do Ano de 2014.

É ouvir e ter essa certeza.



Tracklist:

01. Culprits And Victims
02. Melancholic Singings
03. Dead Stars
04. Blood Puddles
05. They Won't Control Our Freedom (for a Day)
06. How Brave We Are
07. Lemon Trees
08. Hold the World
09. Man of Tiannanmen
10. Hello Stranger
11. Hide Your Love
12. The Hope at the End


Banda:

Fabiana Santos - Vocais
Bruno Stankevicius - Guitarras
Paulo Sampaio - Guitarras
Eric Fontes - Baixo
Rafael Schardosim - Banjo
Andrew Nathanael - Violino
Fernando Zornoff - Bateria


Contatos:

Soundcloud
Som do Darma (assessoria de imprensa)
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