22 de set. de 2014

Resenha: Higher - Higher (CD)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Uma das experiências mais interessantes que ocorrem dentro do cenário musical como um todo acontece quando instrumentistas de determinado seguimento vai rumo a outros. Em geral, o saldo é positivo, mas há momentos em que a coisa também não funciona bem. Mas de Cezar Girardi (vocais) e Gustavo Scaranelo (guitarras), ambos são feras bem conhecidas no cenário musical brasileiro, em especial no Jazz e na música instrumental, poderíamos esperar coisas boas. Sim, pois antes disso, eles já eram fãs de Metal e tiveram uma banda chamada SECOND HEAVEN, e depois foram se dedicar aos estudos e outros projetos musicais. Mas agora retornam com o HIGHER, fruto da paixão intensa de ambos pelo Heavy Metal, e acabam de lançar "Higher", seu primeiro trabalho.

Antes de tudo, o CD não tem preocupações comerciais ou ambições de se tornar um hit, longe disso. Mas se percebe uma enorme espontaneidade nas músicas, só que ao mesmo tempo, a experiência musical de Cezar e Gustavo acaba aglutinando refinamento às músicas, um enfoque não só profissional, mas técnico e inovador. Basicamente, o HIGHER é uma banda de Heavy Metal moderna bastante técnica, que alguns mais incautos poderão confundir com Prog Metal. E se prestarem bastante atenção, verão toques de Jazz, Progressivo, Blues, e mesmo de MPB e Chorinho aqui e ali sob uma torrente de excelentes vocais (Cezar tem uma voz bem forte e sabe variar bem os tons, além de dicção perfeita), as guitarras possuem riifs extremamente técnicos e pesados, e solos muito bem pensados (com fortes melodias e amplo espectro de influências, mostrando que Gustavo é um autêntico guitar hero), além de uma cozinha rítmica forte, pesada e bem técnica, pois Andrés Zuñiga, baixista, é ex-professor da escola de Música e Tecnologia (EM&T) e colunista da revista Bass Player, enquanto o baterista Pedro Rezende estudou com Virgil Donati na Austrália. E não se preocupem: apesar do alto nível técnico, o trabalho não é enfadonho ou uma exibição de técnica. As músicas soam como um todo. 

Gravado no Fusão Studios, com produção de Gustavo e co-produção de Cezar, mais a tutela de Thiago Bianchi (sim, o célebre vocalista do SHAMAN e do NOTURNALL), logo, já se sabe que a qualidade sonora está em um nível bem elevado, com cada instrumento soando claro e pesado, com timbres muito bem escolhidos. Algo que, para os que conhecem o trabalho de Thiago em engenharia, mixagem e masterização, sabem o quanto ele põe de qualidade naquilo que faz. 

Higher
A arte, um belíssimo trabalho de Carlos Fideis (o mesmo que fez as artes para NOTURNALL, SHAMAN e FIRE SHADOW) é um deleite para os olhos, e transmitem bem a idéia que o nome da banda impõe: que o ser humano deve buscar cada vez melhor, que deve alcançar os mais altos patamares, frutos de desafios vencidos. Ou seja: é um CD onde as letras tem muito a dizer a todos.

Na parte musical, pouco se pode dizer além de "perfeito". Arranjos meticulosamente pensados, músicas com boa dinâmica, mas sempre envolventes e pesadas.

O disco tem nove canções perfeitas, abrindo com a pesada e agressiva "Lie" (uma tijolada com ótimos riffs e vocais bem marcantes, além de backing muito bem feitos), seguida de bela e também pesada "Illusion" (com um andamento mais mediano, excelentes variações rítmicas, e novamente ótimos). Em "Keep Me Higher", vemos uma canção bem ganchuda, que oscila entre partes mais agressiva, alguns toques mais Hard'n'Heavy, com andamento instigante, onde baixo e bateria roubam a cena. Introduzida por acordes limpos de guitarra que lembram bastante o Chorinho (estilo musical brasileiro bem próximo ao Samba) vem a "Climb the Hill", outra cacetada muito grudenta e com um trabalho de guitarras fantástico (o solo é algo magnífico). Cheia de tempos quebrados e certo "feeling" jazzístico é "Like the Wind", outra onde as guitarras estão com um trabalho ótimo. Seguindo, temos a belíssima e soturna "Break The Wall", onde os riffs mais pesados se alternam com momentos mais limpos que desembocam em um refrão bem pesado e cheio de melancolia, onde os vocais mostram o quanto são diversificados, isso sem falar no uso do wah-wah não convencional logo no início. Em "Time to Change", é pesada e moderna, com melodias bem sacadas, bem diversificada, excelentes backing vocals mais uma vez, e baixo e bateria mostram um trabalho muito além do que classifica-se como "excelente". Agora o que a banda faz em "Make It Worth" em termos de ritmos é abuso, indo do pesado ao melodioso, do azedo ao ameno, e tudo sempre mantendo a consensualidade. É incrível, algo maravilhoso, provando o quanto guitarras, baixo e bateria são afiados, em especial os riffs. E fechando, "The Sign" é outra faixa bem dinâmica, com bons ritmos quebrados, e vocais ótimos.

Ao final da audição, dá aquela vontade de perguntar a eles se estão de brincadeira com nossas caras em fazer um disco tão bom...

Que o HIGHER possa voltar mais vezes e nos brindar com uma música tão boa, de qualidade e pesada. Precisamos de bandas com essas ousadia e tesão em fazer música sem medo.

Em tempo: após encerradas as gravações, a banda adicionou Felipe Martins à sua formação, para manter a força das guitarras em apresentações ao vivo.






Faixas:

01. Lie
02. Illusion
03. Keep Me High
04. Climb the Hill
05. Like the Wind
06. Break the Wall
07. Time to Change
08. Make It Worth
09. The Sign


Integrantes:

Cezar Girardi - Vocal
Gustavo Scaranelo - Guitarras
Andrés Zúñiga - Baixo
Pedro Rezende - Bateria


Contatos:
Som do Darma (Assessoria de imprensa)
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