13 de ago. de 2014

Resenha: Accept - Blind Rage (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Mesmo sendo um nome grande, o ACCEPT é caracterizado em sua longa carreira por uma montanha russa, uma vez que possui clássicos sublimes como "Breaker" de 1981, "Restless and Wild" de 1982 e "Balls to the Wall" de 1983, ao mesmo tempo em que "Metal Heart" de 1985 e "Eat the Rich" de 1989 causaram certo incômodo nos fãs, e até mesmo a carreira retomada em "Objection Overruled" de 1993 até "Predator" de 1996 nunca satisfez completamente os fãs mais ortodoxos do quinteto (embora sejam bons discos e dignos do nome da banda), nunca lhes rendeu o mesmo dos clássicos anos entre 1980 e 1985. A falta de vontade de Udo Dirkschneider em continuar com a banda após a reunião para uma série de festivais entre 2005 e 2007 os levou a buscar alternativas para continuarem. E Mark Tornillo (ex-TT QUICK) se torna vocalista da banda em 2009, que se juntou aos veteranos Wolf Hoffmann (guitarras) e Peter Baltes (baixo), a Herman Frank (segunda guitarra, o mesmo da época do "Balls to the Wall" e que foi creditado no "Restless & Wild", embora não tenha tocado no disco), e ao baterista que está na banda desde anos 90, Stefan Schwarzmann. Estava reformado e revigorado o ACCEPT para o século XXI, pronto e raivoso, com sangue nos olhos e disposto a tomar o seu lugar de volta, nem que seja na marra. E o novo disco do quinteto, "Blind Rage", é uma mostra do que eles estão no auge mais uma vez.

Primeiro, não existem grandes mudanças do estilo da banda mais clássico e o que ouvimos na trinca "Blood of the Nations", "Stalingrad" e "Blind Rage", mas os alemães já provaram que não precisam muito de renovações (lembramos que a espinha dorsal do Metal alemão é a trinca "Breaker, "Restless & Wild" e "Balls to the Wall", e esta rigorosamente apresenta o mesmo estilão sempre), apenas um pouco mais melodioso, mas ainda assim furioso o suficiente para fazer os vizinhos apedrejarem sua casa se abusar do volume. A voz de Mark continua a mesma, usando timbres um pouco mais graves que antes (embora os gritos ainda estejam bem agudos como antes), as guitarras de Wolf e Herman continuam fazendo aqueles mesmos riffs empolgantes e solos trabalhados de antes (e cada vez mais Wolf rebusca alguns toques de música clássica neles), a base rítmica de Pete e Stefan continua sólida e muito pesada, mas com bom nível técnico. E meus caros, esses velhinho estão dando aula de Metal em muito garoto por aí...

A produção, mixagem, masterização e engenharia sonora são trabalhos do respeitado veterano Andy Sneap, logo, a qualidade sonora é a mesma apresentada nos trabalhos anteriores, limpa e cristalina, mas pesada de doer os ouvidos, com timbres bem escolhidos para cada instrumento. A capa de Dan Goldsworthy (que já fez designs de para o HELL) dá uma idéia do que aguarda o ouvinte no CD, uma fúria extrema em forma de música, pois o ACCEPT não está para brincadeiras!

Accept
Como já dito, a banda aparentemente está um pouquinho mais melodiosa que antes, sem perder sua agressividade e sem comprometer seu estilo tão peculiar, sabendo deixar os arranjos em uma maneira bem clara e sem muitas firulas (apenas aquelas mais necessárias, como percebemos nos solos e duetos de guitarra). Um dos pontos fortes do disco é que Mark realmente aparenta estar mais à vontade e encaixado ao grupo, usando bem melhor seus dotes vocais (e comparações com Udo chegam a ser injustas).

Melhores momentos: a ganchuda e melodiosa "Dying Breed" (grande refrão, andamento cativante e grande trabalho de guitarras e vocais), a fogosa "Dark Side of my Heart" (uma jeitão Hard'n'Heavy que nos leva a bater a cabeça, ótimos backing vocals, lembrando bastante o trabalho da band na época do "Balls to the Wall", só um tiquinho mais melodiosa), a terrorosa "Fall of the Empire" (mais cadenciada e melodiosa, mais uma vez com a presença de backings vocals mais tradicionais), a quase Power Metal germânico "Trail of Tears", a mais tradicional (em termos de ACCEPT) "200 Years" (que possui alguns toques que remetem diretamente à música "Restless & Wild", com um belo trabalho de Pete e Stefan), a versátil e meio bluesy "From the Ashes We Rise" (onde realmente Mark mostra bastante seus talentos como vocalista), e a cheia "adrenalítica" "Final Journey" (se percebe claramente nos solos a influência da música clássica, mas isso o Wolf sempre teve mesmo).

Um belo discão, embora realmente o quinteto pudesse ter ousado um pouco mais, como o disco nos mostra em vários momentos que teve esta intenção (e sem perder a identidade musical do grupo). Talvez um sinal que o próximo disco da banda venha para surpreender a muitos. 

Mas mesmo assim, "Blind Rage" é um dos grandes discos do ano, e um prato cheio para os fãs. E ainda existe uma versão importada com um show da Stalingrad Tour, de 12 de Abril de 2013 no Teatro Caupolicán, em Santiago, Chile.

E sobre alguns mimimi's por Udo, o Pai Marcão aqui até compreende, mas só tem isso a dizer: "Esqueça o passado, não pense no futuro, concentre-se no presente", como diz Buda. Ou seja: o passado não volta (pois o próprio Udo não quis voltar), o futuro ainda não está determinado. Logo, aproveitem ao máximo o "Blind Rage" (e incomodem seus vizinhos churrasqueiros de fim de semana que teimam em não te deixar em paz).



Tracklist:

01. Stampede
02. Dying Breed
03. Dark Side of my Heart
04. Fall of the Empire
05. Trail of Tears
06. Wanna Be Free
07. 200 Years
08. Bloodbath Mastermind
09. From The Ashes We Rise
10. The Curse
11. Final Journey


Banda:

Mark Tornillo – Vocais
Wolf Hoffmann – Guitarras
Herman Frank – Guitarras
Peter Baltes – Baixo
Stefan Schwarzmann – Bateria


Contatos:

Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.
Liberaremos assim que for analisado.

OM SHANTI!

Comentário(s):