Por Marcos “Big Daddy” Garcia
Apesar de ser uma banda ainda bem jovem, o trio NERVOSA, especializado em fazer Thrash Metal bruto e tão agressivo que nos deixa com os ouvidos dando sinal de ocupado, galga o sucesso com unhas e dentes, com vontade de ferro, e seu primeiro Full Length, “Victim of Yourself”, lançado no início do ano pela Die Hard Records no Brasil (no exterior pela Napalm Records).
E é um ótimo momento para ir entrevistar as garotas e saber mais do passado deles, do sucesso internacional que “Victim of Yourself” vem alcançando, e mesmo alguns shows pela América do Sul.
BD: Antes de tudo, agradecemos demais pela entrevista. Começando, como foi que surgiu a idéia de formar o NERVOSA, e de onde veio o nome? E por que justamente um Power Trio de garotas? Nada contra, por favor...
Prika Amaral: Agradeço primeiramente pelo espaço dado a gente. Bom, eu comecei a NERVOSA em fevereiro de 2010 quando eu tocava numa banda de death metal, o Innervoices, essa banda precisava de baterista e foi quando eu conheci a Fernanda Terra por indicação de um amigo, como sabemos o integrante mais difícil de achar é o baterista, e ela sendo mulher, vi a oportunidade de começar uma banda só de mulheres, já que baixista e vocal seria mais fácil. Ficamos um ano e meio em estúdio compondo e testando integrantes, porém nenhuma se encaixava ao que eu buscava. Já tínhamos 4 músicas prontas, inclusive duas com letras e vocais. Em agosto de 2011, entrei em contato com a Fernanda Lira para ser baixista, ela topou na hora, pois era o que ela queria, e quando fomos fazer o primeiro ensaio, ele sugeriu de testar o vocal dela, e quando ela abriu a boca, eu estranhei porque achei diferente, eu gostei e ela ficou com o posto de vocalista e baixista. O fato de sermos um trio foi natural, nos adaptamos tão bem assim, e decidimos ser apenas um trio, e quando me vi sozinha na guitarra encarei como um desafio interessante, aliás, ainda é um desafio!
O nome veio logo no começo da banda quando gravei bateria e guitarra da música Time of Death e mostrei para um amigo, quando ele ouviu, ele disse: ”Que som nervoso hein?!” E na hora me veio a idéia do nome NERVOSA, por ser um nome feminino e agressivo, uma palavra em português que muitos gringos entendem, pra mim era perfeito!
Fernanda Lira: Eu sempre toquei em bandas autorais femininas, então sempre foi algo que eu tinha em mente. Após eu sair da minha última banda, fiquei um tempo afastada e quando voltei a todo vapor, tinha em mente que queria formar um trio feminino de thrash, primeiro porque thrash é meu estilo favorito junto com death dentro do metal, e também porque na época eu tava pirando em muitos trios ao mesmo tempo: Coroner, ZZ Top, Destruction, dentre muitas outras, o trio sempre teve uma magia que me atraiu muito e eu queria tentar isso em uma banda e assim comecei a buscar por garotas pra tocar comigo, o que foi muito difícil, porque na época (e hoje ainda um pouco) era difícil achar meninas pra tocar vertentes mais extremas do metal e mais importante, garotas que estivessem dispostas a se devotar e entregar a uma banda como eu desejava e estava disposta. Então quando eu já estava quase desistindo, a Prika entrou em contato comigo e me apresentou a esse projeto que ela tinha! Além de ser super parecido com o que eu também estava buscando, percebi que ela tinha os mesmos objetivos que eu, então decidimos unir forças. A partir daí sim passamos a encarar a NERVOSA como algo profissional, como uma banda realmente na ativa, pois unirmos forças. Por exemplo, mesmo nas músicas que já existiam, eu dei algumas ideias, inclusive mudando as linhas vocais e adaptando bem ao estilo que a Nervosa tem hoje, principalmente no que diz respeito a refrões, e etc. Além disso, trouxe comigo uma série de ideias de divulgação e planejamento além de contatos, o que se uniu com a vontade de banda, e aí polimos as músicas que já existiam, entramos em estúdio, e iniciamos um trabalho de divulgação bem forte, além de iniciarmos a rota de shows! Quando entrei na banda, o nome já existia e eu achei ideal, senão teria com certeza sugerido uma mudança, mas acho que caiu perfeitamente à proposta da NERVOSA!
BD: Parece que o NERVOSA, antes de chegar ao formato de trio, tentou ser um quarteto. Por que não chegaram a pôr alguém na segunda guitarra? Isso não chega a prejudicar vocês ao vivo?
PA: A Karen foi a segunda guitarra que não pode fazer muito pela banda por morar em outra cidade e em outro estado, e devido a distância e motivos pessoais, não conseguiu se dedicar a banda e optou por sair, em dois anos ela fez apenas dois ensaios com a gente, como já estávamos habituadas a uma guitarra só, foi bem tranqüilo e natural, e no momento que ela saiu já estávamos em estúdio gravando nossa demo, não queríamos perder mais tempo procurando outra integrante e resolvemos seguir como um trio.
FL: Para mim a opção de trio sempre foi uma opção bem firme. Claro que nunca forcei isso, afinal a Karen já estava lá quando eu cheguei, mas como a Prika disse, ela não se dedicou como deveria e como precisávamos pra banda e a saída dela foi inevitável. Quando chegou a hora de decidir se ficávamos como trio, a escolha foi meio natural. Primeiro porque tínhamos diversas bandas para nos inspirar, e segundo e mais importante, ser um trio facilita TUDO. Facilita decisões, facilita o convívio, principalmente quando estamos falando de mulheres, facilita logística, facilita TUDO! Além disso, eu e a Prika ambas já tínhamos muita experiência em buscar garotas pra tocar junto e sabíamos quão difícil tava sendo pra encontrar alguém que pudesse abrir de mão de muita coisa pra se dedicar ‘a banda como a gente tava fazendo, então para não arriscar perder o equilíbrio e a harmonia dentro da banda, seria a opção ideal.
BD: Vamos dar uma passada pelo passado: após uns anos de labuta, veio o Demo CD “2012”, que apresentou a banda ao mundo, ainda com Fernanda Terra na bateria e já como trio. Mas ao mesmo tempo, esse Demo CD virou seu primeiro lançamento pela Napalm Records. Isso é certo, ou a própria Napalm partiu na frente e lançou o Demo em vinil lá fora? E por que justamente “Masked Betrayer” foi escolhido como vídeo de promoção?
PA: Na verdade, aqui no Brasil o lançamento foi independente, pois já havíamos mandado prensar a Demo quando fechamos o contrato com a Napalm, e então eles resolveram lançar o EP em vinil em edição limitada apenas na Europa. A música “Masked Betrayer” foi escolhida por ser a música mais completa e mais trabalhada do que as outras.
FL: Todo o processo de lançamento da demo de maneira independente no Brasil já estava andando, então eles decidiram fazer esse lançamento lá fora em uma versão diferente para já aproveitar a oportunidade de ir divulgando a banda na gringa, para não perder tempo! Ou seja, o EP lançado por eles lá seria um aperitivo do disco que estaria por vir no futuro, então essa versão em vinil foi muito útil para nos divulgar lá fora antes de lançarmos o disco, além de claro dar mais opções de produtos para a galera que já acompanha a banda há um tempo. Quanto ao clipe de "Masked Betrayer", assim como o mais recente da música "Death", para divulgar o disco "Victim of Yourself", passaram pelo mesmo processo de escolha para ser o single: sempre gostamos de apresentar ao público primeiramente a música que mais representa e agrupa todas as principais características da banda: refrões e riffs marcantes, elementos do thrash, partes mais trabalhadas, etc.
Prika Amaral |
BD: Tá, o assunto é batido, mas eu sou chato mesmo (risos): o que levou a Fernanda Terra a sair da banda? E como chegaram até Pitchu Ferraz? E digamos de passagem: ela foi uma aquisição e tanto!
PA: Por divergência de idéias e motivos pessoais a Fernanda Terra deixou a banda, coincidentemente a Pitchu depois de um tempo tinha acabado de sair do Hellsakura, e ela caiu como uma luva, pois ela se encaixa perfeitamente na banda, além da estabilidade que ela nos trouxe, ela renovou nossas energias.
FL: Foi uma opção que partiu da própria Fernanda e devido a tudo que vínhamos passando em termos de desentendimentos entre ideias e também problemas pessoais dela, acabamos acatando a decisão dela naturalmente e sem dúvidas foi o melhor que aconteceu pra ambos os lados na época. Assim que ela saiu já começamos a buscar por novas opções de baterista, pois a máquina não podia parar, estávamos em num momento crucial para a banda. Eu listei diversas opções e acabamos conversando e testando com uma ou outra. Foi então que depois de um tempo me veio a Pitchu em mente, apesar de não ser muito próxima dele, sempre gostei muito do drumming dela, porque ela toca da mesma maneira que eu e com a Prika – com muito feeling e pegada! Ela ficou muito feliz em entrar na banda exatamente por ser o que ela sempre sonhou em tocar. Além de excelente musicista, com muita experiência, técnica, e força de vontade, ela é uma pessoa maravilhosa, uma alma pura e isso nos motivou e motiva muito a continuar firme com a essa formação!
Fernanda Lira |
BD: Temos um assunto polêmico e bem delicado: ainda existe certa resistência a vocês que gera um disse-me-disse enorme nas redes sociais, sempre buscando tirar o mérito da banda com alegações que ou não fazem sentido, ou então denigrem a imagem profissional de vocês. Uma é que o NERVOSA não é uma boa banda ao vivo (falam muito em um show que fizeram e não foram bem). E isso sem falar em engraçadinhos no Facebook com piadas e memes imbecis como “Campanha: o NERVOSA fazendo filme pornô” ou algo assim. Mas como o Metal Samsara acredita no direito de resposta do artista, bem como no sagrado dever de resguardar sua honra, é a vez de vocês dizerem algo. Fiquem à vontade e falem o que quiserem.
PA: Em primeiro lugar, respeito não significa gostar, respeito é educação. Somos como qualquer banda, estamos evoluindo, obtendo experiências e correndo atrás do que pra gente é a nossa vida. Se um dia a gente tocou mal por falta de ensaio, por som ruim, etc...Isso não significa que seremos pra sempre assim, evoluímos muito, e quem quiser conferir é só aparecer em um show, o problema é que TODOS esses que dizem que somos ruins ao vivo, nunca foram num show nosso, eles apenas viram um vídeo pela internet. Se a banda é tão ruim porque temos um contrato para 4 discos com uma gravadora grande? Porque eles acreditam nas nossas composições e acreditam no nosso potencial, alguns idiotas gostam de dizer que pagamos pra tocar ou que pagamos pra Napalm assinar um contrato, e um monte de besteiras. Se alguém quiser entrar em contato pra conhecer sobre nossas vidas reais, onde moramos e como vivemos, fiquem a vontade, o site e o contato estão lá. A verdade é uma só, e com o tempo se conquista as coisas e ela aparece. A internet dá voz para os idiotas para que eles tornem a vida chata deles mais emocionante. Claro, que sabemos que temos muito a evoluir, e muito que aprender, estamos apenas no começo de nossa carreira. Eu nunca fiz aula, aprendi tudo sozinha, e agora que tive a oportunidade, comecei a fazer aula de guitarra com o Antonio do Korzus, está sendo muito importante pra mim, estou aprendendo muita coisa.
Pitchu Ferraz |
FL: Agradecemos pelo direito de resposta, mas isso é algo que realmente nunca nos incomodou tanto e a qual continuamos a ignorar. Isso porque críticas fundamentadas nós não só levamos em conta, como ponderamos e compreendemos. Agora ofensas gratuitas e sem argumento nenhum só nos faz infelizmente perceber que ainda existem pessoas que para compensar o próprio fracasso ou inércia na vida pessoal, precisam denegrir o mérito dos outros. Existem diversas bandas que eu não gosto, e nem por isso saio na internet (porque é sempre na internet apenas!) fazendo propaganda contra a banda, sabe porquê? Porque existe respeito! Independente de gostar ou não do som, a pessoa tem que entender que por trás daquilo existe um trabalho, uma dedicação, e além disso, a pessoa não pode ser arrogante a ponto de achar que o gosto e a opinião dela tem que ser unânime, ou seja, não é porque você não gosta de algo, que o universo também não deve gostar, então a pessoa não só desrespeita a banda que está fazendo algo pelo metal efetivamente (ao contrário de pregar a desunião e o desrespeito), queira a pessoa aceite isso ou não, e além disso ela desrespeita o direito de cada um de ter uma opinião particular, independente do que o resto do mundo ache. Eu acho que se cada um que fizesse propagandinha contra bandas (infelizmente isso não acontece só com a gente) fizesse algo de construtivo pra cena de fato, a cena brasileira seria mais poderosa ainda do que já é. Se usassem então todo esse tempo e fervor dedicado a denegrir bandas que não gosta pra contestar o governo corrupto ou pra exigir e fazer algo pra melhorar o pais, o Brasil seria primeiro mundo, pelo menos se dependesse dos headbangers! Haha... Como eu te disse, já ouvimos coisas do tipo ‘precisam evoluir em seus instrumentos’, ‘não acho que a presença de palco está boa’, ‘ as músicas precisam ser mais trabalhadas’, e esse tipo de coisa, mesmo que possa acontecer de não concordarmos, vamos compreender que a pessoa teve motivos pra tecer aquela crítica, e muitas delas na verdade foram construtivas, pois nos ajudaram a enxergar falhas que não estávamos vendo e a melhorá-las, agora você me pedir pra considerar ‘críticas’ como ‘elas são uma bosta ao vivo’ de gente que se baseia em um vídeo de mais de dois anos atrás, com formação antiga e antes de lançar a Demo, já é demais, né? As pessoas têm que compreender que não nascemos sendo uma banda perfeita, aliás, poucas bandas nascem sendo excelentes e estamos em constante evolução. Portanto, Você pegar um vídeo ou um show da banda de trocentos anos atrás como base da sua crítica ignorando os anos mais recentes de trabalho da banda e toda a estrada dela, mesmo que curta, é pedir pra sua ‘crítica’ não ter sentido nenhum! Por isso convidamos às pessoas que queiram tirar suas dúvidas sobre nossa performance, pra conferir o show. Convidamos a quem não entende porque nossa banda ‘dá certo’ pra passar uma semana na nossa rotina e ver o quanto a gente se fode pra fazer a banda rolar e do quanto abrimos mão de muita coisa em prol da banda. Então se depois disso a pessoa vier com uma crítica tipo ‘mesmo assim não gosto do som’, beleza, é um direito da pessoa, agora ficar batendo sempre na mesma tecla sem fundamento nenhum, eu acho perda de tempo. Por isso focamos sempre nossa atenção na maioria esmagadora das pessoas que nos apoia e mesmo que não goste da banda, nos respeita. Seria muito injusto não fazer isso!
BD: Bem, hora de falar de “Victim of Yourself”: como o título foi escolhido, e qual a idéia que tiveram por trás dele? E por falar nisso, as composições já estavam prontas quando a Pitchu entrou, ou ela já chegou a contribuir nas músicas em termos de arranjos e compor mesmo? Mesmo porque ela adora usar uns bumbos duplos extremos de vez em quando, algo meio incomum em termos de Thrash Metal...
PA: Eu tive a idéia do titulo quando uma pessoa tentou de todas as formas nos prejudicar sem motivo algum, por pura inveja e simplesmente a pessoa só se deu mal e ficou evidente pra todo mundo quem essa pessoa realmente era, e pra mim só vinha uma frase “vitima de si mesmo”. Tinha tudo a ver com o que estávamos passando, e quando sugeri a ideia para a Fe Lira, ela curtiu e já se inspirou para escrever a letra que é a da faixa título.
A Pitchu, infelizmente entrou depois que tudo já estava pronto, e é exatamente por isso que não vejo a hora pra começar a compor o próximo disco já com ela. Esse pedal duplo infernal (no bom sentido) é o que fez a gente mais feliz ainda, sempre fiz as palhetadas e cavalgadas pensando no pedal duplo acompanhando, e ela faz isso muito bem!
FL: Na verdade exatamente pelo fato de termos passado por um momento em que um pessoas estava tentando nos prejudicar, eu já estava escrevendo uma letra sobre isso e inclusive já tinha o título da música. Quando a Prika sugeriu uma ideia geral para o título do disco e veio com algumas ideias para esse título, apresentei pra ela o sentido da música que eu estava compondo e concordamos em usar o título "Victim of Yourself". Ele significa muito pra gente e na verdade ele permeia boa parte das músicas, porque acreditamos que tudo de ruim que acontece, é consequência de uma atitude que foi tomada, prejudicando não só os outros, mas a própria pessoa, e todas as nossas músicas têm um pouco disso, por isso acredito que o título foi perfeito! A Pitchu não participou da composição do disco mas não só se adaptou a elas, como as executa perfeitamente e ainda inseriu traços de seu estilo de compor nelas, por isso o show ao vivo tá bem interessante, pois demonstra bem não só o que a banda é no momento, como também é um aperitivo do que está por vir!
BD: Em “Victim of Yourself”, vemos que Marcello Pompeu e Heros Trench trabalharam na produção. E como foi trabalhar com essas duas feras? E o resultado final das gravações chegou onde queriam?
PA: Eles são os mestres do metal nacional, então foi uma escola pra gente. Chegamos com tudo pronto, e o tempero foi deles. Tive uma crise de tendinite muito séria, engessei o braço e tive que tomar antibiótico, mas eu tinha que gravar devido aos prazos da gravadora que já estavam estourados devido a troca de bateristas, então arranquei o gesso e gravei com dor, se pudesse gravaria tudo de novo, pois tive que simplificar algumas coisas porque com o braço doente era impossível executar algumas coisas. Espero muito pelo próximo disco, já que agora conto com um pedal de drive totalmente desenvolvido pra mim pelo Ed’s Mod Shop, isso influencia no timbre, além da guitarra que está sendo terminada pelo Purkott, que também foi feita pra mim exatamente como eu queria, estou para fechar uma parceria com um amplificador nacional também, se conseguir vai ser demais, pois o meu som e o meu timbre estará completo.
FL: Já tínhamos trabalhado com eles na demo, e quando chegou a hora de decidir com quem gravaríamos este, optamos pelo Mr. Som primeiro porque já conhecíamos o trabalho e a maneira de trabalhar deles, e também porque o resultado da demo tinha sido bem satisfatório! Eu particularmente gostei muito do resultado final apesar de todos os contratempos que tivemos durante o período de gravação! Acho que conseguimos equilibrar bem todos os instrumentos, o que é essencial em um trio e que era minha maior preocupação, já que em uma banda com três pessoa,s os instrumentos devem estar perfeitamente em harmonia e nenhum deve aparecer mais que o outro! Além disso, o timbre de baixo,m mesmo não estando com meu equipamento quase completo como tenho hoje, consegui extrair o melhor do meu instrumento, o timbre ficou muito bom, firme, presente, pesado e ao mesmo tempo, cristalino. Quanto à voz, sempre aprendo muito quando o Pompeu me produz, ele é simplesmente um dos vocalistas de thrash brasileiro mais icônicos que existem e é sempre um aprendizado poder ter a oportunidade de ver as ideias que ele tem, e ver o quanto ele pode me ajudar a explorar melhor minha voz!
BD: Em termos de sonoridade, “Victim of Yourself” realmente assusta os mais incautos. Sim, pois quando muitos esperavam algo um pouco mais “Old School”, veio um murro nos ouvidos, pois a qualidade está ótima, e a música de vocês está tão bruta e agressiva que chega a ser um abuso com ouvidos incautos. A agressividade é bem evidente, e até mesmo dá uns contornos modernos ao trabalho de vocês. Como chegaram a isso? Chegou a ser algo planejado, ou acabou surgindo mesmo durante a gravação?
PA: Nós compusemos tudo naturalmente conforme nossas influencias e gostos musicais, pra mim foi a mistura da cavalgada do thrash oitentista com algumas sequencias de notas do death metal, e é assim que eu componho, misturando o thrash com o death. A afinação que usamos também nos ajuda no peso, pois ela é bem diferente e um pouco incomum para o thrash.
FL: A nossa música é um misto perfeito do que gostamos de ouvir. E nossas influências em comum na banda acabam caindo na predileção pelas bandas e álbuns mais antigos, mas também valorizando a qualidade de produção atual, então na hora de compor e também de finalizar o álbum, isso acabou ficando bem evidente.
BD: O primeiro vídeo de promoção foi para “Death”. Como ela foi escolhida? E como foi trabalhar nesta produção, que ficou ótima? Só não digam que alguém na banda ou na equipe de filmagens ficou com medo de fazer o vídeo em um cemitério (risos).
PA: Na verdade a tarefa mais difícil desse disco foi escolher o single...hahaha. Como o lançamento demorou a sair, e não tínhamos repertório para shows, nós já tocávamos 8 músicas das 12 do CD, então queríamos lançar algo inédito e dentre essas 4 músicas a Death era a mais completa e que mais representava a banda como um todo. Um ano antes do clip, eu tinha feito uma pesquisa sobre lugares abandonados e esse cemitério era o meu favorito, e como a música fala de morte, nada melhor que um cemitério para ser um cenário, ainda mais a capa do disco sendo um cemitério também, e quando eu falei para as meninas elas piraram e fomos lá gravar.
FL: Somos sempre muito cautelosas ao escolher as músicas de trabalho, exatamente porque queremos que ela seja impactante e que represente o que há de melhor no disco. Escolhemos a Death pois ela agrupa bem os melhores e mais característicos aspectos da banda, que vão desde um refrão marcante, até mescla de arranjos com batida thrash com blast beats do death metal na bateria.
BD: Outro lado bem legal é a capa de Andrei Bouzikov, que tem aquele lado bem “Old School”. Como chegaram até ele, e o resultado final chegou rápido, ou houve aquelas famosas trocas de e-mail até conseguirem algo consensual?
PA: Ele já havia desenhado a capa do nosso EP em vinil, e gostamos muito do trabalho dele, então ele já era o nome garantido para a capa. Para simbolizar o titulo do disco eu sugeri uma caveira esfaqueando a outra, mas as duas caveiras seriam a mesma pessoa, sendo ela vítima de si mesma. O desenho em si nós adoramos logo de cara sem pedir para alterar nada, só houve alguns ajustes de cores e tons, mas foi bem rápido sem muita discussão.
FL: O que sempre me agradou no Andrei é que ele tem essa veia old school, mas além disso tem um traço bem agressivo, mas polido, o que dá uma característica mais moderna à arte dele, exatamente como nossa música, que mescla essas duas fontes de inspiração, então, principalmente depois de ele ter trabalhado com a gente na capa do EP, queríamos novamente que ele ilustrasse o que tínhamos em mente. Além dessa ideia central das duas caveiras, eu pesquisei bastante outras artes dele pra ver o que poderia servir de inspiração pro fundo, como foi o caso do cemitério! Passamos tudo bem detalhadamente pra ele e quando ele devolveu o rascunho, curtimos de cara, se tivesse usado o rascunho cru somente, eu já teria adorado! haha
Nervosa com Marcelo Pompeu (Korzus) |
BD: Vocês já andam fazendo muitos shows desde que o CD foi lançado, e alguns até fora do Brasil. Como tem sido a experiência de tocar fora do país? Tem sido bem recebidas? E chegam a reparar em alguma diferença mais evidente entre o público de outros países e o do Brasil?
PA: Sim! O público na Colômbia é muito mais unido, é um povo muito educado e dedicado, tocamos para quase 4 mil pessoas e foi demais! Fomos muito bem recebidas, tinha alguns que estavam com bandeiras com o logo da Nervosa, e logo mais eles vão lançar alguns vídeos. Na Bolívia foi bem legal também, eles nos acolheram muito bem, eles são pessoas bem simples e as coisas para eles são mais precárias, mas a cena é muito guerreira. Tem sido uma experiência incrivelmente maravilhosa poder tocar em vários lugares, sendo no Brasil ou fora, o fato de conhecer novas realidades é fascinante!
FL: Tocar ao vivo já é umas experiências mais maravilhosas que se pode ter! Quando temos a oportunidade então de conhecer lugares novos e consequentemente suas culturas e modo de viver, é mais gratificante ainda! Fomos incrivelmente bem recebidas nos lugares fora do país (assim como somos sempre bem recebidas também nos shows na nossa terra, é claro) e o apoio que nos deram foi surpreendente. Na Colômbia, vê-se que eles tem uma cultura enorme de valorizar as bandas e a cena loca, tanto que nesse evento Bogothrash que tocamos, estava na segunda edição e tinha 4 mil pessoas, mas na primeira edição, a anterior, o evento foi feito apenas com bandas locais e haviam incríveis 3 mil pessoas, isso é lindo de se ver e serve muito de exemplo para nós brasileiros também! Qyanto à Bolívia, eles são representantes ferrenhos daquela expressão ‘guerreiros do metal’. Os caras lá tiram água de pedra pra fazer a coisa acontecer e são muito devotados ao metal! Foi muito bacana e estamos muto ansiosas também pras próximas experiências fora do Brasil que estão por vir!
Nervosa com Amilcar Christófaro (Torture Squad) |
BD: Bem, “Victim of Yourself” teve lançamento mundial, logo, já sabem como tem sido a recepção lá pelo exterior? E fora isso, já vimos que duas revistas de fora fizeram matérias com vocês. Podem nos contar um pouco sobre essas matérias? Já estão virando divas!
PA: Recebemos poucos feedbacks porque ainda é um pouco cedo, mas nossa pré venda nos EUA esgotou, uma gravadora no Japão licenciou e lançou nosso disco por lá, e no Brasil foi o disco mais vendido no primeiro dia de estréia em toda a história da Die Hard que tem anos de estrada, já está saindo a segunda prensagem e não sabemos mais onde colocar o sorriso. Demos muitas entrevistas para o mundo todo, ainda tem muitas para sair, tem zine, rádio, revista, etc... A Napalm tem feito um ótimo trabalho de distribuição e divulgação. Nós divas? Acho que não hein?! Você tem que ver a gente depois do show.... Tudo acaba... hahahaha
FL: Eu acompanho muito a repercussão nas redes sociais que tem sido incrível. Além disso, respondemos incontáveis entrevistas que não paravam mais de chegar de várias partes do mundo. Com todo o feedback que temos tido, posso afirmar que conseguimos atender às expectativas do público e também da mídia! A Napalm tem um trabalho de imprensa excelente que nos apoiou muito e nos abriu muitas portas! Eles foram a ponte entre nós e várias revistas grande de fora que tinham interesse em nos entrevistar! Estamos muito felizes sim de ter tido a oportunidade de termos tido entrevistas e matérias nas maiores revistas do gênero no mundo, como a Metal Hammer, a Rock Hard, a BURRN!, a Revolver, a Guitar World, etc, pois isso demonstrar que estamos no caminho certo, que é fruto de muita dedicação e trabalho duro! Agora não me venha com essa de diva, pra chegar lá só falta dinheiro e glamour!!! hahaha
BD: E hora de falar em shows por aqui: a maioria dos shows desde o lançamento do CD foram em SP, mas já há tratativas para outros estados? E espero ANSIOSO pelo show de vocês no Rio de Janeiro!!!! Não pude ir na vez anterior em que vieram aqui...
PA: Estamos fazendo alguns shows pelo país, já tocamos no Paraná, Minas e São Paulo, Mês que vem vamos para o Sul do país. Ainda estamos fechando os shows e esperamos tocar em todos os lugares possíveis, por mim eu tocava segunda-feira até! Bom, o que posso dizer é que em setembro vamos fazer uma turnê pela América Central e Sul. Logo mais anunciaremos os shows nacionais.
FL: Estamos também planejando algo pelo Norte e Nordeste até o fim do ano, principalmente passando por lugares que não tivemos a oportunidade de ir ainda. Então, quando tivermos feito bastante shows por aqui e América Latina, então vai ser hora de partir pra Europa e quem sabe até América do Norte!
BD: E chegou a hora da despedida... Quero agradecer muito pela oportunidade, e o espaço é todo de vocês para sua mensagem final aos seus fãs e nossos leitores.
PA: Agradeço muito pelo espaço e pela oportunidade, parabenizo pelo seu trabalho e te desejo forças para que continuem. Para os leitores uma frase: Respeitem todas as bandas, mesmo que você não goste. Obrigada a todos!
FL: Valeu demais pela oportunidade, e continue sempre com esse trabalho maravilhoso, as bandas e as cenas precisam disso! A todos, continuem apoiando o metal como podem pois cada um de nós é responsável por fazer o legado do metal continuar vivo por muito e muito tempo!