6 de jun. de 2014

Resenha: Torture Squad - Esquadrão de Tortura (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Bem, muito se falou do TORTURE SQUAD após a saída de Vitor Rodrigues, seu antigo vocalista, para formar o VOODOOPRIEST, e de Rafael Lopes, que fundou o FANTTASMA. Óbvio que todos sabiam que a banda não iria parar, mas o que fariam, e o mais importante: como a banda soaria em seu primeiro disco sem ambos?

A resposta é "Esquadrão de Tortura", mais uma jóia na discografia do grupo.

Em termos musicais, a banda continua seu Thrash Metal agressivo e bruto (deixando os aspectos de Death Metal de antes bem menos evidentes), mas ao mesmo tempo, é sensível que certo refinamento musical entrou no trabalho deles. Os vocais, maior preocupação, estão mais rasgados e agressivos (agora quem canta é o guitarrista André), os riffs intensos e bem brutos, mas já surgem algumas nuances mais trabalhadas, baixo e bateria, como sempre, perfeitos em uma base rítmica bem pesada e variada. Há ainda as participações de Fernanda Lira (do NERVOSA) e João Gordo nos vocais (este, na faixa "Patria Livre"), mais Rafael Augusto Lopes (do FANTTASMA, ex-guitarrista do grupo), Sphaera Rock Orquestra (quarteto de cordas, com regência e arranjos de Alexey Kurkdjian), Paulinho Sorriso e Dino Verdade. Logo, o trabalho realmente está muito bom, mostrando um grupo revigorado.

Uma produção sonora bem feita, onde Adriano Daga e Brendan Duffey capricharam, deixando a sonoridade do grupo seca, mas se vê uma preocupação em soar pesado e agressivo, com uma sujeirinha proposital, mas sem deixar de ter capricho e certa clareza instrumental. O som do TORTURE SQUAD é bruto e opressivo durante todo o CD, mas não é barulho. 

Torture Squad
A arte de João Duarte (que já fez trabalhos para MACHINAGE, HEADHUNTER DC, METAL CHURCH, WOSLOM, entre tantos outros) é dura, transpira toda a concepção lírica do disco, baseada nos 21 anos de regime militar do Brasil, embora este autor, ao primeiro contato, visse uma referência à guerra entre as forças do Governo e o Crime Organizado dos dias de hoje. Ficou ótima e bem soturna, dando uma prévia do que o disco transpira, musical e liricamente.

Pouco é preciso falar do trabalho do trio nesse disco. 

Musicalmente, o TORTURE SQUAD nunca foi uma banda acomodada, sempre buscando o dinamismo dentro de sua música, e sua música, apesar de se apresentar mais simples e direta, é composta de arranjos bem burilados, e reparando bem nos riffs do grupo (e nos solos melodiosos), na força e brilho pesados do baixo, nos vocais bem assentados sobre a base sólida e com encaixe milimétrico, além do ótimo trabalho de bateria, com boas conduções e viradas muito bem pensadas. A banda soube se renovar, mas sem perder sua essência.

Melhores músicas: a pesada e bem variada "No Escape from Hell" (o trabalho de Amilcar nas baquetas e bumbos é fantástico), a ríspida "Pátria Livre" (belos riffs e o baixo de Castor está brilhante), a mais cadenciada e trabalhada "Wardance" (os vocais de André estão ótimos, com boas variações e sabendo se postar conforme a música muda de clima, fora o solo bem melodioso ajudando a dar corpo à letra azeda), a bruta e opressiva "Architeture of Pain" (introduzida pelo discurso de um militar sobre a posse dos militares), a esmagadora de pescoços e ouvidos incautos "Never Surrender" (novamente a bateria mostra-se excelente em seu arsenal de viradas e mudanças, fora a força dos riffs raçudos), a variada e arrastada "Conspiracy of Silence", a pesarosa "Nothing to Declare" (recheada com nomes das vítimas desaparecidas ou mortas durante o Regime Militar), e a depressiva e bela "For the Countless Dead (Dirge)" (onde a participação do Sphaera Rock Orquestra ajuda a ressaltar o discurso triste e duro da canção).

Sim, "Esquadrão de Tortura" é um disco fascinante, muito bem feito e cuja aquisição em cópia física é obrigatória.


Tracklist:

01. No Escape from Hell
02. Pull the Trigger
03. Patria Livre
04. Wardance
05. Architecture of Pain
06. Never Surrender
07. In the Slaughterhouse
08. Conspiracy of Silence
09. Nothing to Declare
10. For the Countless Dead (Dirge)
11. Fear to the World
12. A Soul in Hell (bonus)


Banda:

André Evaristo - Guitars, vocais
Castor - Baixo, backing vocais
Amílcar Christófaro - Bateria


Contatos:

Island Press (Torture Press)
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