Metal Samsara: Resenha: JackDevil - Unholy Sacrifice (CD)

14 de mai. de 2014

Resenha: JackDevil - Unholy Sacrifice (CD)

Urubuz Records
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia

Quando se fala em São Luís do Maranhão no meio Metal, em geral temos um sabor amargo na boca devido ao fracasso do Metal Open Air em 2012, mas mesmo com isso, é preciso saber que as regiões Norte e Nordeste de nosso país se rivalizam com todas as outras tanto na quantidade de fãs maníacos por Metal quanto pela qualidade de suas bandas. É uma constatação histórica, não há como negar. E mais uma vez representando muito bem o Metal maranhense, após dois EPs digitais e muito sucesso no Youtube com o vídeo de "Under the Metal Command", os Thrash Demons do JACKDEVIL enfim chegam com seu primeiro Full-Length, o excelente "Unholy Sacrifice", que a Urubuz Records acaba de colocar no mercado.

Como dito acima, os nossos queridos cangaceiros do Metal são um grupo que se dedica a fazer Thrash Metal, enfocado completamente na Old School, mas com muita influência do Metal tradicional (que surgem bem evidentes nos solos de guitarra e refrões), ou seja, está no mesmo estilo antes de sua canonização em 1986. E diga-se de passagem, esses caras fazem a coisa de coração, sem soar forçado, ou mesmo datado.

Os vocais deram uma melhorada em relação aos trabalhos anteriores, especialmente em termos de refrões, as guitarras mostram riffs bem intensos e empolgantes, e boa técnica nos solos. O baixo realmente aparece bastante, mostrando boa técnica, sem no entanto deixar a base rítmica oca. E a bateria realmente mostra peso e boa condução nos andamentos, e com uma técnica em ótimo nível. Juntando isso: uma música ótima, empolgante, furiosa, com ótimas melodias e que pulsa com vida.

JackDevil

Em termos de sonoridade, o trabalho está com uma sonoridade bem seca e pesada, algo que lembra um pouquinho (só um pouquinho e guardadas certas proporções, por favor!) a sonoridade que o METALLICA explorou em "Master of Puppets", o que evidencia demais os instrumentos e dá força aos riffs de guitarra e bateria, só sabendo não sumir com o trabalho do baixo e muito menos estragar as melodias. Todos os instrumentos estão audíveis, claros e pesados, com cada arranjo musical evidenciado. A arte, um trabalho muito bom de Ronilson Freire, que fez um trabalho artístico fantástico, sabendo dar corpo às letras da banda (as ilustrações que acompanha cada letra no encarte lembram mestres brasileiros dos quadrinhos de horror dos anos 70 e 80). E os Thrash Demons usam como temática de fundo de suas letras um clima macabro à lá Stephen King (e sim, faz parte do conto "O Sacrifício Maldito", escrito pelo próprio André Nadler, vocalista/guitarrista do grupo, que pode ser conferido aqui).

E verdade seja dita: o grupo caprichou em suas composições, cuidando de cada música com cuidado extremo, fugindo um pouco de certo relaxamento de muitas bandas da Old School (ao qual preferem chamar de espontaneidade. Que seja...), mas isso não significa que soe forçado ou burilado mais que o necessário. O equilíbrio é sensível, seja nas faixas mais rápidas ou nas mais cadenciadas.

Chega a ser covardia destacar faixas aqui, pois "Unholy Sacrifice" é excelente do início ao fim. Mas podem começar o ataque impiedoso aos ouvidos de seus vizinhos pagodeiros, funkeiros, churrasqueiros de fim de semana e outros chatos musicais de plantão com as rápidas e pesadas "Unholy Sacrifice" e "Beastrider" (muita adrenalina thrasher, especialmente no ótimo trabalho de guitarras e vozes), a paulada "Thrash Demons Attack" (uma das faixas de divulgação, que começa mais branda e ganha um pouco mais de velocidade e adrenalina, com bateria e baixo mostrando serviço, fora o ótimo refrão), a energética "Killing Razors (cujo andamento é muito envolvente), a mais cadenciada e ganchuda "Behind the Walls" (uma pérola onde baixo e guitarras realmente se mostram fortes). E fora isso, ainda temos o bônus de seu grande sucesso, "Under the Metal Command". Mas cuidado: o Pai Marcão aqui não disse que as outras faixas são ruins ou inferiores, nada disso.

E que nossos queridos "Thrash Demons" continuem sua saga de conquista e que cheguem longe, pois eles têm muito a mostrar. E nem quero imaginar quando a banda ganhar mais evolução, pois se já estão nesse nível, o futuro é promissor!