Eternal Hatred Records
Nota 10/10
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O Black Metal no Brasil é um estilo que tem severos problemas devido a muitas atitudes contraproducentes de músicos e fãs do gênero por aqui, o que acaba fazendo com que excelentes bandas, que lutam com força em nosso underground e são maravilhosas, fiquem escondidas de um público mais amplo, que foge de tanta polêmica. E isso é uma pena, pois existente trabalhos musicais primorosos no gênero, especialmente quando falamos de Brasil. Aqui existem bandas que não devem nada a grandes nomes do exterior em termos de qualidade musical. E um peso-pesado do gênero em nosso país é o excelente quinteto SYMPHONY DRACONIS, vindos de Porto Alegre dispostos a conquistar seu espaço com "Supreme Art of Renunciation", nem que seja na marra e na vontade. Um belo lançamento da Eternal Hatred Records, diga-se de passsagem.
O grupo segue uma linha próxima ao Black Metal mais soturno e climático dos anos 90, sem no entanto soar datado. Só que o talento musical deles faz a diferença, pois as músicas possuem um dinamismo extremo, são bem trabalhadas e envolventes. O grupo tem suas raízes, mas ao mesmo tempo, não se furtar em buscar um trabalho mais polido e bem feito, e conseguem fazer algo bem diferente. Os vocais rasgados de Stiemm Nechard estão extremamente bem encaixados e possuem diversidade nos tons mais rasgados do gênero, ao passo que a dupla de guitarras de Aym e Thiernox é fantástica (e um diferencial da banda é justamente no trabalho bem feito, com riffs bem feitos e solos melodiosos, fora ótimas incursões de guitarras limpas), e a base rítmica de Follmer (baixo) e Helles Volgel (bateria) ser bem técnica e pesada (o baixo mostra uma técnica nada convencional ao Black Metal, e a bateria tem uma diversidade fabulosa). Em suma: música de alto nível, bem feita, pesada e que transcende fronteiras.
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Symphony Draconis |
Produzido pelo próprio grupo, junto com Sebastian Carsin (sendo que este último ainda fez a mixagem e masterização do disco) no Hurricane Estúdio em Porto Alegre, a sonoridade do CD busca ser mais próxima possível aos padrões do Black Metal, só que sendo limpa e bem cuidada, para que aqueles famosos arranjos mínimos possam ser bem ouvidos pelo fã sem dificuldades. A arte, um trabalho ótimo do designer Marcelo Vasco (bem conhecido por seus trabalhos com BORKNAGAR, DIMMU BORGIR, SOULFLY, entre tantos outros) é algo de maravilhoso, mas quem conhece os trabalhos dele, sabe que sempre são do mais alto nível.
Falar do quanto o nível musical do CD é bom chega a ser desnecessário. A banda caprichou bem nas músicas, e não se acomodou encima de padrões pré-estabelecidos. Eles ousaram e começaram a delinear um caminho para eles, que se mostra agora, e que tende a render ótimos frutos musicais no futuro.
Ótimo do início ao fim: O disco abre com "Transcending the Ways of Slavery" (andamento mediano e bem variado, com ótimo trabalho de baixo e bateria e bons solos de guitarra), seguida de "Eris Aeon" (uma música muito pesada e dinâmica, com excelentes vocais), depois vem a um pouco mais veloz "Demoniac by a Divine Power", "Supreme Art of Renunciation" (um pouco mais refreada, e o baixo mostra a força de sua presença e ótima técnica aqui), a ótima "Ain Soph Aur" (um pouco mais simples que as anteriores, mas tão boa quanto). Já "The Visions and Mysteries of the Great Ones" (embora apareçam solos bem melodiosos nela) e "Crushing the Concepts" possuem uma sonoridade e pegada um pouco mais tradicionais em termos de Black Metal. "Itzpapalotl" tem leves toques de Metal tradicional (e essas guitarras estão abusando do direito de serem ótimas, mesmo nos dedilhados mais amenos, bem como os vocais estão fenomenais), e a pá de cal "Seeds of Evil" encerra o álbum de forma magistral (reparem na presença de momentos limpos mais uma vez). É ligar a função "repeat" do CD player e deixar. Não dá para ouvir uma vez só.
O SYMPHONY DRACONIS está de parabéns por um disco tão bom, e eles, junto com o PATRIA, o THORNS OF EVIL, o DEATHPASS e o OCULTAN representam as melhores bandas do momento. E a característica comum delas: usam a energia criativa deles na música.
Podem adquirir suas cópias sem medo, pois a satisfação é garantida.
Tracklist:
01. Transcending the Ways of Slavery
02. Eris Aeon
03. Demoniac by a Divine Power
04. Supreme Art of Renunciation
05. Ain Soph Aur
06. The Visions and Mysteries of the Great Ones
07. Crushing the Concepts
08. Itzpapalotl
09. Seeds of Evil
Banda:
Nechard - Vocais
Aym - Guitarras
Thiernox - Guitarras
Follmer - Baixista
Helles Vogel - Bateria
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