24 de jan. de 2014

Black Sabbath: Destruição Desencadeada - Martin Popoff

Editora: Darkside

Por Marcos “Big Daddy” Garcia

Bem, chega o momento de falar sobre a biografia “Black Sabbath: Destruição Desencadeada”, dos sagrados pais do Heavy Metal, cuja autoria é de Martin Popoff, conhecido escritor canadense, editor senior e cofundador da revista Brave Words & Bloody Knuckles (BW&BK) magazine. E a análise como um todo não possui saldo positivo.

Óbvio que a biografia tem seus pontos positivos como uma diagramação muito boa (o uso de páginas brancas e roxas ficou ótimo), como fotos de época espalhadas por todo o livro, algumas delas coloridas e inéditas, e mesmo a parte da discografia da banda está muito boa, com informações que muitos não teriam acesso sem a boa e velha internet. Fora que a versão brasileira ainda possui um prefácio escrito por Andreas Kisser, e dois posfácios: o primeiro dedicado ao período da reunião da fase Dio sob o nome HEAVEN AND HELL. O outro é dedicado a “13”, e tudo que envolveu sua história (antes, durante e depois), dando assim um belo toque de completitude ao livro. A capa dura é um toque de esmero, tornando assim o livro bem resistente para os que, como o Pai Marcão aqui, adoram ler em viagens ônibus (um hábito não salutar, logo evitem-no).

Até aqui tudo bem, mas ao começar a ler o livro é que são elas...

A primeira crítica é à tradução em si, que possui muitos erros de digitação, como os famosos “s” desaparecendo, os “a gente” (uma expressão que não existe no inglês) que surgem vez por outra no lugar de “nós”, e ainda um “and” no lugar de “e”. Parece que a fase de revisão foi jogada fora, ou o tradutor não é do meio Metal (algo imprescindível nos dias de hoje), pois isso é reforçado pelas inúmeras vezes em que os fãs de Metal são tratados como “metaleiros”, coisa que dentro da cena não é bem vista de forma alguma. E o linguajar aplicado vez por outra é de matar, pois quem conhece de longa data Tony ou Gezzer, que já viu/ouviu suas entrevistas em inglês, sabe que eles não usam uma linguagem muito “populacho” ao responder perguntas ou fazer comentários. Não quer dizer que estamos falando com professores de Letras e Literatura, ou que não usem palavras chulas, mas não é o costume deles, e nem mesmo Bill é de usar uma linguagem muito popular. Ozzy é Ozzy, logo, o linguajar dele é assunto para outra conversa (ou melhor dizendo, outra resenha).

Mas a pior parte é: a forma de se expressar do próprio Martin é algo terrível.

Primeiro: ele escolheu capitular o livro por disco, ou seja, cada capítulo enfocaria uma fase do grupo, indo de um disco até o outro (o que não é uma ideia ruim, longe disso), mas os comentários do próprio Martin colocam tudo a perder. TODAS as faixas são comentadas sem necessidade, ocupando um espaço desnecessário e tornando a leitura maçante (mesmo quando os próprios artistas falam sobre elas ou o significado de suas letras). É quase como se Martin estivesse resenhando cada disco, e usando de entrevistas e declarações para justificar suas palavras, o que não é, de forma algum, o que se busca em biografias.


Segundo: nas resenhas dos discos, transpira demais o lado fã de Martin, e isso é ruim. Quando se lê uma resenha, é uma coisa. Mas Martin mostra todo seu lado fã da fase Ozzy, quase que beijando os pés do Madman. E discos que são considerados fracos historicamente como “Technical Ecstasy” e “Never Say Die!” são quase que poupados da realidade (a Allmusic e o The Rolling Stone Album Guide trataram ambos muito mal), enquanto no maior fundamentalismo "Ozziático" (semelhante ao das "brucetes" que atentam o juízo de Steve Harris até os dias de hoje), as fases subsequentes são vistas com um descaso sensível, quase que desprezando tudo feito depois. E todos já sabemos que “Heaven and Hell” foi um disco bem recebido por público e crítica (e mesmo respeitando isso, o despeito de Martin ao disco é claro em seus comentários sobre as faixas). E é melhor nem mesmo chegarmos a comentar o que ele escreve sobre as fases de Ian Gillan, Glenn Hughes e Tony Martin e seus discos, pois certamente sentirão um desprezo enorme por estes vocalistas e discos. E nem a fase HEAVEN AND HELL (onde é mostrada uma resenha de Martin) foi poupada do "Ozzismo". É de torturar lentamente a paciência alheia o partidarismo de Martin em favor de Ozzy (coisa que um biógrafo NUNCA deveria fazer). Nem se ele escrevesse sobre o próprio Ozzy seria algo bem vindo. Não dessa maneira.

O biógrafo se mostrou um crítico de discos (razoável), e que é tão apaixonado por um momento histórico do grupo (a fase de Ozzy) que aparentemente nunca mais teria brilho. Uma injustiça com a banda, e um desrespeito aos fãs das fases posteriores. Outro erro, porque um biógrafo é uma coisa, um escritor de resenhas outra e um fã, outra ainda. E não foi neste livro que houve a conciliação desses três lados.

Que me perdoem a Darkside (editora que lançou o livro), o portal Wikimetal (um veículo sério e respeitado demais dentro do cenário brasileiro), e a 89 FM, mas as biografias de “Eu Sou Ozzy” (a de Ozzy Osbourne) e “Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath” (a de Tony Iommi) são bem melhores, mais divertidas e informativas que esta aqui. E depois do esforço de ler “Black Sabbath” (sim, esforço, de tão maçante que ela é. E não nego que tem horas que ela é de enfurecer os fãs devido aos seus comentários injustos), tudo o que se quer é ler ou ouvir alguma coisa mais divertida e mais dinâmica.

A história dos Pais do Heavy Metal não merecia isso...
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