Editora: Darkside
Por Marcos “Big Daddy” Garcia
Bem, chega o momento de falar sobre a biografia “Black Sabbath: Destruição Desencadeada”, dos sagrados pais do Heavy Metal, cuja autoria é de Martin Popoff, conhecido escritor canadense, editor senior e cofundador da revista Brave Words & Bloody Knuckles (BW&BK) magazine. E a análise como um todo não possui saldo positivo.
Óbvio que a biografia tem seus pontos positivos como uma diagramação muito boa (o uso de páginas brancas e roxas ficou ótimo), como fotos de época espalhadas por todo o livro, algumas delas coloridas e inéditas, e mesmo a parte da discografia da banda está muito boa, com informações que muitos não teriam acesso sem a boa e velha internet. Fora que a versão brasileira ainda possui um prefácio escrito por Andreas Kisser, e dois posfácios: o primeiro dedicado ao período da reunião da fase Dio sob o nome HEAVEN AND HELL. O outro é dedicado a “13”, e tudo que envolveu sua história (antes, durante e depois), dando assim um belo toque de completitude ao livro. A capa dura é um toque de esmero, tornando assim o livro bem resistente para os que, como o Pai Marcão aqui, adoram ler em viagens ônibus (um hábito não salutar, logo evitem-no).
Até aqui tudo bem, mas ao começar a ler o livro é que são elas...
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Mas a pior parte é: a forma de se expressar do próprio Martin é algo terrível.
Primeiro: ele escolheu capitular o livro por disco, ou seja, cada capítulo enfocaria uma fase do grupo, indo de um disco até o outro (o que não é uma ideia ruim, longe disso), mas os comentários do próprio Martin colocam tudo a perder. TODAS as faixas são comentadas sem necessidade, ocupando um espaço desnecessário e tornando a leitura maçante (mesmo quando os próprios artistas falam sobre elas ou o significado de suas letras). É quase como se Martin estivesse resenhando cada disco, e usando de entrevistas e declarações para justificar suas palavras, o que não é, de forma algum, o que se busca em biografias.
Segundo: nas resenhas dos discos, transpira demais o lado fã de Martin, e isso é ruim. Quando se lê uma resenha, é uma coisa. Mas Martin mostra todo seu lado fã da fase Ozzy, quase que beijando os pés do Madman. E discos que são considerados fracos historicamente como “Technical Ecstasy” e “Never Say Die!” são quase que poupados da realidade (a Allmusic e o The Rolling Stone Album Guide trataram ambos muito mal), enquanto no maior fundamentalismo "Ozziático" (semelhante ao das "brucetes" que atentam o juízo de Steve Harris até os dias de hoje), as fases subsequentes são vistas com um descaso sensível, quase que desprezando tudo feito depois. E todos já sabemos que “Heaven and Hell” foi um disco bem recebido por público e crítica (e mesmo respeitando isso, o despeito de Martin ao disco é claro em seus comentários sobre as faixas). E é melhor nem mesmo chegarmos a comentar o que ele escreve sobre as fases de Ian Gillan, Glenn Hughes e Tony Martin e seus discos, pois certamente sentirão um desprezo enorme por estes vocalistas e discos. E nem a fase HEAVEN AND HELL (onde é mostrada uma resenha de Martin) foi poupada do "Ozzismo". É de torturar lentamente a paciência alheia o partidarismo de Martin em favor de Ozzy (coisa que um biógrafo NUNCA deveria fazer). Nem se ele escrevesse sobre o próprio Ozzy seria algo bem vindo. Não dessa maneira.
O biógrafo se mostrou um crítico de discos (razoável), e que é tão apaixonado por um momento histórico do grupo (a fase de Ozzy) que aparentemente nunca mais teria brilho. Uma injustiça com a banda, e um desrespeito aos fãs das fases posteriores. Outro erro, porque um biógrafo é uma coisa, um escritor de resenhas outra e um fã, outra ainda. E não foi neste livro que houve a conciliação desses três lados.
Que me perdoem a Darkside (editora que lançou o livro), o portal Wikimetal (um veículo sério e respeitado demais dentro do cenário brasileiro), e a 89 FM, mas as biografias de “Eu Sou Ozzy” (a de Ozzy Osbourne) e “Iron Man - Minha Jornada com o Black Sabbath” (a de Tony Iommi) são bem melhores, mais divertidas e informativas que esta aqui. E depois do esforço de ler “Black Sabbath” (sim, esforço, de tão maçante que ela é. E não nego que tem horas que ela é de enfurecer os fãs devido aos seus comentários injustos), tudo o que se quer é ler ou ouvir alguma coisa mais divertida e mais dinâmica.
A história dos Pais do Heavy Metal não merecia isso...