12 de dez. de 2013

DarkTower: Espectros de peso no Metal carioca



Por Marcos Garcia


Uma das bandas mais promissoras do Metal extremo nacional é o DARTOWER, e como o debut que acaba de sair, “...Of Chaos and Ascension”, os Espectros de Anne se preparam para tomar de assalto a cena nacional, e quem sabe, o mundo.

DarkTower (foto: Raphael Simons Lopes)

Aproveitando o momento, fomos conversar com Rodolfo Ferreira e Flávio Gonçalves, fundadores da banda e remanescente após uma drástica mudança de formação, e saber o um pouco dos planos dos Espectros de Anne em sua conquista.

Metal Samsara: Antes de tudo, agradecemos por esta segunda entrevista, e agora, finalmente, “...Of Chaos and Ascension” está lançado. A primeira pergunta é: este álbum já perigava sair desde a época de “Lord ov the Vast Lands”. O que atrasou tanto o disco?

Raphael Casotto e Bruno Valente (foto: Natasha Bordoni)
Rodolfo Ferreira: Nós agradecemos o espaço cedido.

Primeiramente, o debut era para ter sido lançado naquela época. O plano inicial era lançá-lo em 2010, porém tivemos inúmeros problemas, tanto de cunho logístico quanto impasses dentro da banda. Problemas na agenda de integrantes, dificuldades financeiras, dentre outros fatores. 

Mas o que importa é que ele finalmente foi lançado, está obtendo ótimas resenhas e uma boa resposta do público. 

Agora, toda a banda está focada em manter o trabalho em ritmo acelerado. Portanto, não tardará, como antes, para trazermos novidades para quem acompanha nosso trabalho.


MS: Uma coisa que sempre salta os olhos na banda é a sua música não é nem um pouco convencional, com o uso de fortes melodias nas guitarras, vocais limpos mixados com rasgados e guturais, cozinha rítmica sempre muito variada... E olhando cada um dos lançamentos, vemos vocês sempre evoluindo, mas sem perder a essência de sua proposta musical. Como é que conseguem fugir tanto do ponto comum, e ao mesmo tempo manter a personalidade intacta? 

RF: Agradeço os comentários a respeito da nossa música. É sempre bom ouvir esse tipo de coisa, pois fazer algo com diferencial e unir vários elementos é a nossa proposta. Não queremos reinventar a roda. Mas, de qualquer forma, deixar a nossa personalidade impressa em nosso trabalho sempre foi o nosso foco.

Sobre como fazemos isso, não tem mistério: é assim que compomos e é desta forma que as nossas músicas devem soar. 


Bruno Valente, Flávio Gonçalves e
Tauan Rithmains (Natasha Bordoni)
MS: Falando um pouco de “...Of Chaos and Ascension”: como foi o processo de escolha das músicas, isso é, existem faixas que nunca vimos em nenhum lançamento e mesmo em shows, e que lá estão, junto com algumas antigas?

Flávio Gonçalves: Nós decidimos lançar tanto músicas novas quanto faixas que já haviam sido lançadas anteriormente por um fator: por acreditamos no potencial delas e achamos que elas mereciam estar em nosso debut, com uma roupagem mais atual. Somado ao fato de que elas teriam a chance de serem ouvidas por mais pessoas. Pois agora, trata-se de um full-length. Isto dá o potencial para estas faixas alcançarem uma visibilidade maior do que tiveram anteriormente.


MS: Ainda: como que se deu o processo de gravação, sendo que ainda tiveram a saída de Leandro Pimenta quase no início delas? E por falar nisso, Murilo e Rômulo Pirozzi já mostravam que estavam de saída em meio às gravações? E qual o motivo deles dois terem saído da banda?

Ao vivo no Heavy Duty  26/11/2013
(show de lançamento de Of Chaos and Ascension)
RF: O Leandro participou muito pouco do processo criativo. Ele apenas gravou duas faixas no single "Retaliation" e deu uma ideia ou outra no momento em que esteve conosco. Mas como ficou relativamente pouco tempo, sua participação se resumiu a isto.

Sobre os irmãos Pirozzi, já havia um sinal de desgaste: opiniões que divergiam, mas o que pesou de fato era que as vidas deles e seus planos já não comportavam mais ter a banda, suas responsabilidades e sacrifícios que participar dela exige.

Assim que as gravações terminaram, nós conversamos sobre o futuro da banda e os nossos planos. E nessa conversa, decidimos de total acordo entre ambas as partes que a separação era inevitável.


MS: Há uma pergunta que não quer calar: Quem conhece o DARKTOWER há alguns anos, sabem que existe toda uma mitologia que cerca a banda em relação à Anne, bem como a questão de seus Espectros. Logo, quem é Anne, e como ela se encaixa no contexto que usam? Ela está inserida nas letras (vemos isso em “Murder of Anne”), então, seria ela a figura feminina da capa do disco?

FG: Anne é a personagem principal de um conto que ainda estamos escrevendo, e ela é a personificação do Caos: uma forma de existência anticósmica, que tem como objetivo destruir a humanidade nos moldes que conhecemos, e criar de suas cinzas uma realidade de cognições absolutas. Uma nova forma de existência esplendorosa e formidável, baseada na desconstrução, na desolação e no vazio.

Ela não está inserida apenas em "Murder of Anne". Se o ouvinte ler com atenção, outras músicas do álbum falam dela. Para citar alguns exemplos, ela é mencionada também  na faixa que abre o CD, "Dawn of Darkened Times" e na penúltima, "Rise of the DarkTower". Desta forma, o trabalho se incia, chega ao seu meio com a música já citada e encerra falando dela, do seu surgimento, de sua vida “terrena” e do seu legado, respectivamente falando.

RF: A figura feminina na capa é uma representação dela, apenas uma de muitas personificações, pois ela é um ser amorfo e criado a partir do Caos, então ela possui muitas faces e formas. 


MS: Por falar nas letras, antes, vocês tinham algo mais voltado ao ocultismo (percebemos claramente o contexto do Thelema presente aqui e ali), mas já aparecem algumas citações a mitos antigos, e mesmo da cultura Tupi de nosso país, como vemos em “Vengeful Warrior”. Podemos então esperar que, juntamente com as citações sobre ocultismo e a Via Sinistrae, mais citações sobre culturas como a africana e mais dos indígenas, que estão enraizadas em nossa cultura (enraizadas, mas desconhecidas e desprezadas pelo grande público)?

FG: Não só antes, estes temas são recorrentes em todas as nossas fases. Com certeza, os assuntos que você citou sempre serão abordados. 

Em se tratando de citações dessas culturas, elas representam o nosso povo, história e nossos ancestrais. Tais assuntos já estavam em nossos planos muito antes deste primeiro CD ter sido concebido. É apenas uma questão de tempo até que as novas músicas sejam lançadas com estas temáticas.


MS: Dedo na ferida: após a saída de Murilo e Rômulo Pirozzi, vocês não só arrumaram novos membros de boa experiência na cena carioca, mas ao mesmo tempo, entraram dois guitarristas, Tauan Rithmains (que também toca no PROPHECY) e Raphael Casotto (também no PAGAN THRONE), fora o baixista Bruno Valente (que toca guitarra no BOREAL DOOM). Logo, voltaram a ser um quinteto. Por que resolveram retomar a formação com cinco membros? E o que podemos esperar da nova formação em termos de composição?

RF: Simples. Nós já havíamos tocado como um quinteto anteriormente, e sempre achamos que esse tipo de formação funcionava muito bem no palco, visto que nossas músicas possuem dobras, solos e elementos que são reproduzidos fielmente quando se possuem duas guitarras.  

Após termos problemas com outros guitarristas que já passaram para a banda, e devido ao entrosamento que tínhamos com os irmãos Pirozzi, mantivemos apenas o Rômulo tocando guitarra, para evitar problemas com novos integrantes.

Nova formação (foto: Raphael Simons Lopes)
Porém, como tivemos que reformular a banda praticamente do zero, esta possibilidade de termos duas guitarras novamente se tornou algo óbvio. De fato, é como a banda funciona melhor. 

E sobre as novas composições, todos nós estamos muito ansiosos para trabalharmos nelas o quanto antes.


MS: Mais dedo na ferida: por que abandonaram os pseudônimos? Houve algum problema no uso deles?

FG: Não existiu nenhum problema. Apenas achamos que era melhor assumirmos nossos nomes, pois não há a mínima necessidade de nos apoiarmos em nenhuma alcunha secundária ou algo do gênero. Somos o que somos. 


MS: Voltando a falar da produção gráfica, ela ficou maravilhosa, muito bem feita e incorpora todos os elementos de sua música. Como foi que conceberam e conseguiram criar esta arte?

RF: Primeiramente, obrigado pelas palavras a respeito da arte do CD. 

Sou Designer Gráfico formado e trabalho na minha área há alguns anos, e tenho também uma pequena empresa focada na criação de identidade visual para o meio musical, então foi uma escolha natural fazermos a parte gráfica internamente.

Sobre a concepção, como participo ativamente do processo criativo da banda, tanto no âmbito musical quanto lírico, a ideia de como esse lançamento seria, visualmente falando, já era algo bem claro em minha mente. Eu já tinha tudo bem definido e o único trabalho foi colocar isso no papel e mostrar as pessoas envolvidas no lançamento. 


Nova formação (foto: Raphael Simons Lopes)
MS: Temos visto que a recepção por parte da crítica tem sido bem positiva, mas em relação aos fãs? A procura pelo CD está sendo boa? E fora do Brasil, já há busca pelo CD? E já algo concreto para o próximo? E outras que ficaram de fora, como “Thorns of Shadows” e “Blood Down the River”, serão aproveitadas futuramente em CDs?

FG: A procura tem sido muito boa, temos vendido muitos CDs e acreditamos que irá melhorar ainda mais quando lançarmos a nossa loja online, ainda em desenvolvimento.

Já tivemos procura do exterior, e este foi um dos motivos pelos quais iremos lançar essa loja, para permitir que todos ao redor do globo tenham acesso ao nosso trabalho.

Sobre o próximo CD, já temos muita coisa concreta, o Rodolfo já tem cerca de 6 músicas prontas para mostrar a banda, além de muitas ideias soltas, em desenvolvimento. 

Muito em breve, começaremos o processo de composição, já contando com os novos integrantes. Que será quando iremos moldar o que será o segundo CD do DARKTOWER.

A respeito dessas músicas por você citadas, não temos nada pensado sobre lançá-las, mas também não é algo fora de cogitação. É algo que pode acontecer, não temos nada definido quanto a isto. 


Ao vivo no Planet Music em 22/11/2013

MS: Está chegando a hora de cair na estrada, logo, já existem planos para vôos mais altos, como Nordeste, Norte e Sul do Brasil? Um giro pela América do Sul já está nos planos? Algum convite?

RF: Com certeza! Já começamos a falar com pessoas nessas regiões, mas é sempre algo muito difícil. Nosso país é muito grande e não temos a estrutura que se faz necessária para fazer giras de longa duração, mas tentaremos ir a esses locais para levar a nossa música a novos públicos.

Sobre turnês internacionais, sempre será um dos nossos maiores objetivos. Contamos com integrantes que estão dispostos e focados nos objetivos que traçamos. Então, isso com certeza é uma das metas do DARKTOWER. 

Sobre propostas, já tivemos para algumas datas na Argentina, e alguns países da Europa, mas foram negociações um pouco soltas. Estamos trabalhando para concretizarmos essas novas fases da banda de uma maneira mais estruturada e consistente. 


MS: Aquela polêmica em que envolveram vocês no ano passado, aquelas acusações sem sentido, elas acabaram? Pelo visto sim, já que nunca mais vimos ninguém falando nada...

RF: Toda aquela história estúpida pertence ao passado e temos assuntos muito mais importantes e produtivos para tratarmos, ao invés de ficarmos nos importando com esse tipo de escória que só abre a boca para balburdiar e dividir um movimento que por si mesmo já é bastante marginalizado.

Temos visto este tipo de acusação e maledicência acontecendo com outras bandas, também sérias, e isto só prova o quanto estes estrumes não possuem coerência. E tampouco se permitem ouvir outras versões, que não sejam as que suas “mentes” estúpidas confabulam. Para que gastar nossa valiosa energia com esta corja de vermes? Que permaneçam em seus buracos vomitando asneiras e sendo igual à escória cristã, aos quais eles tanto condenam. 

FG: Não temos mais nada a declarar sobre esse assunto, pois nós o consideramos encerrado. 


MS: Agradecemos demais pela entrevista, e deixamos o espaço para sua mensagem aos nossos leitores.

RF: Nós agradecemos por todo o apoio que a Metal Samsara sempre nos deu! 

FG: Desejamos o melhor aos projetos do site. Até breve, onde falaremos sobre mais novidades do DARKTOWER.

Saudações ao Metal Samsara e a todos que leram esta entrevista!


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