Independente
Nota 9,0/10
Por Marcos Garcia
Uma das coisas que mais incomodam é o radicalismo em prol de uma subdivisão apenas do Metal.
Pelo que nos é possível detectar, o desconhecimento leva muitos fãs a se restringirem, ficarem presos e estagnados, e o que pode levar muitas vezes ao fim da vida metálica do fã. Isso acontece bastante. Mas existem bandas que mostram a diversidade de alguns músicos, e o DEATH AFTER DEATH (conhecido por todos na cena carioca como D.A.D.), com seu segundo CD, "Infâmias", é uma mostra clara que mentes pensantes não tem limites.
Temos na banda a presença de Stressor Ixtremuh nos vocais, que é ninguém menos que André Delacroix (baterista do METALMORPHOSE e IMAGO MORTIS), e toca uma mistura insana de um Death Metal seco e hostil com o mais podre e distorcido Gringcore e Crustcore que puderem imaginar, usando e abusando de letras politicamente incorretas e muito humor negro extremado. E isso tudo de forma concisa e pesada, com ótimos vocais que oscilam entre vocais normais e urros guturais, riffs de guitarra simples e muito bem postados, base baixo-bateria pesada e bem compassada, sabendo ser rápida e cadenciada quando preciso. Resultado: ouça "Infâmias" bem alto quando seu vizinho pagodeiro ou cristão começar a encher o saco. É fim certo de churrasco de fim de semana ou culto de adoração!
Boa gravação, com a mão de Alex Voorhees na produção, sabendo ser suja na medida certa para deixar os ouvidos dando sinal de ocupado por horas, mas limpa suficiente para que se ouça cada instrumento claramente e se compreenda (com encarte na mão, óbvio) as letras da músicas (sim, eles cantam em português), logo, é um prato bem cheio para quem é fã do estilo, além daqueles que querem ouvir algo diferente de seu cotidiano. A arte é simples e seca, mas funcional e que realmente transpira o trabalho musical do quarteto.
Musicalmente, o D.A.D. é um murro direto, sem muita conversa, nos tímpanos, sempre de bom gosto, e um passo adiante de "Tômili!!!", primeiro CD deles.
O disco inteiro é muito bom e com uma distribuição de qualidade que passa por todas as faixas, mas temos alguns pontos altos em "Todo Mijado" (reparem na força dos riffs de guitarra e no andamento seguro da bateria), a veloz e direta "Ódio" (com boas mudanças e andamento e onde o baixo se mostra bastante), "Fedor" (Stressor dá uma boa mostra de seu gutural), a mais HC "Desordem e Regresso", a muito ríspida "Troco", a cadenciada e pesada "Daytona" (mostrando que o grupo tem boa diversidade musical), "Heron" (vemos uns inserts legais do filme "O Iluminado"), além da ótima versão para "Mys Sadistic Killing Spree", do imortal G. G. Allin.
Depois disso, podemos dizer que o quarteto se vira para moralistas, radicais e outros tipos semelhantes e dispara a pergunta: "Who's your D.A.D.?", na maior cara de pau possível de ser vista.
Pesticida certo para vizinhos idiotas.
Tracklist:
01. Todo Mijado
02. Ódio
03. Fedor
04. C.C.C.
05. Desordem e Regresso
06. Troco
07. Daytona
08. Kallinger
09. Lá vem o D.A.D.
10. Heron
11. MPB
12. Terror
13. Morte Lenta e Dolorosa nas Mãos de um Assassino Frio, Sádico e Cruel
14. Schmoopie
15. Assassinato em Massa
16. My Sadistic Killing Spree (G.G. Allin cover)
17. Heron (Japanese Version)
Banda:
Stressor - Vocais
Mafe Musick - Guitarras
Luiz Gore - Baixo
Erick Fryer - Bateria
Contatos: