Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
É maravilhoso ver que o Brasil anda se abrindo mais e mais para ótimos trabalhos instrumentais. Sim, o Metal e o Rock não necessitam necessariamente de um vocalista para expressar todo sentimento e complexidade. Músicos como Joe Satriani, Tony MacAlpine, Marty Friedman e outros mostram isso claramente em seus trabalhos, e fica evidente que eles não se voltam apenas para outros instrumentistas, mas sim para um público mais amplo. E é um enorme prazer ouvir um disco como “Ignited!”, de NANDO MORAES, que mostra qualidades fenomenais. E não é preciso saber tocar ou conhecer teoria musical para poder apreciar o disco como um todo.
Antes de tudo, é preciso dizer que o trabalho de Nando (que foi um dos fundadores do ótimo quinteto LETHAL FEAR, e também é fundador da Adagio Escola de Música, em Amparo, São Paulo, onde atualmente é coordenador e professor) é bem eclético, ou seja, vai encontrar nuances e influências de estilos variados, como Pop, Rock, Blues, Jazz e Progressivo, sem se perder ou soar desconexo. Pelo contrário: cada momento em “Ignited!” é uma nova descoberta, uma jóia preciosa de puro êxtase aos nossos ouvidos. E podemos aferir que o estilo de Nando, como um todo, segue a escola de Joe Satriani (o que não quer dizer que imite o referido músico): é técnico, inteligente e versátil, mas ao mesmo tempo, o mais importante é a música como um todo. Ou seja, a técnica nas seis cordas é uma conseqüência da música, e não sua motivação. Mas se repararem direito, verão que baixo, bateria e teclados também possuem seus momentos de destaque. E justamente isso faz com que o CD seja rico musicalmente, de bom gosto e uma jornada de prazer.
Nando Moraes |
É empolgante ver o dinamismo das músicas, cada uma delas com sua particularidade e características bem definidas. E como todo trabalho instrumental de alto nível, os arranjos são excelentes, não cansando os nossos ouvidos, mas servindo com um excelente ungüento para todas as judiarias populares a que nossos espíritos são expostos todo santo dia.
“Rite of Passage (Staring the Flames)” abre o CD de forma esplêndida, mostrando um trabalho ótimo de contrabaixo aliado à força de riffs e intervenções solistas de guitarras perfeitas, com uma vibração intensa em um andamento não muito veloz. Em “Once in a Shuffle Time” temos uma pegada mais Progressiva/Jazzística perfeita, onde os solos são bem cheios de feeling (e a técnica encaixou perfeitamente na canção), acompanhados muito bem por ótimos teclados (parece o bom e velho Hamond, e os arranjos dele possuem seus momentos de brilho muito evidentes). “The Voyager” é um pouco mais intimista, bela e melodiosa, que chega a nos embalar pela excelente mistura entre ótimas guitarras e arranjos primorosos nos teclados (e a base rítmica chega a ser brilhante em muitos momentos). E a linda e primorosa “In Fire” é outra canção de absurda gentileza com nossos ouvidos, devido ao intimismo e bom gosto em tudo, com ótimos solos de guitarra mais uma vez. Mais pesada e azeda é “Here It Comes: The Machine!”, com um andamento em meio tempo, com muito peso e ótimos arranjos de baixo e bateria. Arranjos muito bonitos de teclados introduzem “Ignited!”, uma faixa excelente, pesada, melodiosa e cheia de toques de Jazz/Fusion, em que as guitarras fazem riffs e solos ótimos, mas onde baixo e bateria criam uma base intensa e pesada. Fechando, temos “Worth Fighting For”, uma canção apoteótica, grandiosa e onde realmente vemos a plenitude de tudo que Nando e seus colegas de banda podem, em uma autêntica aula de feeling e bom gosto.
“Ignited!” é um disco com nível internacional, verdade seja dita. E Nando mostra que ele, Wael Daoul e Michel Oliveira são uma trinca de peso entre os grandes guitarristas do Brasil.
Obrigado pela bela aula de bom gosto e alto nível, professor!
Obrigado pela bela aula de bom gosto e alto nível, professor!
Músicas:
01. Rite of Passage (Staring the Flames)
02. Once in a Shuffle Time
03. The Voyager
04. In Fire
05. Here It Comes: The Machine!
06. Ignited!
07. Worth Fighting For
Banda:
Nando Moraes – Guitarras
André Garcia – Baixo
Bruno Santos – Teclados
Bruno “Méba” – Bateria
Contatos:
Metal Media Management (Assessoria de Imprensa)