2016
Nacional
FLAGELADÖR:
1. As Intermitências da Morte
2. Terceira Guerra Mundial
3. A Canção do Aço
4. Sangue Negro, Alimento das Bestas
5. Filhos da Bomba (Celso Blues Boy cover)
Banda:
Armando Exekutor – Vocais, guitarras
Turko Basura – Baixo
Hugo Golon – Bateria
Contatos:
AXECUTER:
Tracklist:
6. Attack
7.
Creatures in Disguise
8. In for
the Kill
9. Medieval
Tiranny
10. Gimme
More (Kiss cover)
Banda:
Danmented - Vocais, guitarras
Rascal - Baixo
Vigo -
Bateria
Contatos:
Sangue Frio Produções (Assessoria de Imprensa)
Nota: 8,5/10,0
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Há uma tendência atual na revitalização do formato Split LP
ou CD. Era algo um pouco mais comum nos anos 80, pois barateava custos e funcionava
como uma ótima estratégia mercadológica, onde todas as partes envolvidas saiam
no lucro. Mesmo assim, com as mudanças no mercado, é muito interessante em
continuar o uso do formato. E a Mindscrape Music investiu em duas bandas já
bem conhecidas do underground nacional, com o FLAGELADÖR do Rio de Janeiro e o
AXECUTER de Curitiba.
Analisemos cada um separadamente.
O FLAGELADÖR é uma banda que trilha uma forma de Metal que é
altamente influenciada pelo Metal oitentista. Óbvio que bandas como MOTORHEAD,
SODOM e algo do HELLHAMMER estão entre suas influências mais primordiais, e
mesmo fazendo algo tão erodido, se saem bem. A experiência de 16 anos os ajuda
bastante, e embora não sejam inovadores, se saem bem. Sua música é boa, cheia
de energia e em muitos momentos é cativante desse proto-Thrash Metal
influenciado pelo Hardcore que fazem.
A parte do trio carioca foi gravada nos SoundHouse Studios
por Hugo Colon. A qualidade tem pontos positivos: é limpa e esteticamente bem
cuidada, permitindo que as músicas da banda sejam compreendidas completamente e
sem problemas. O lado negativo é que poderiam fazer algo um pouco mais moderno
e colher resultados ainda melhores, mesmo mantendo os timbres mais artesanais
que usam.
Mas musicalmente, o grupo se sai bem, evitando cair no ponto
comum de muitas bandas desse gênero. Como já dito, esta forma está bastante
desgastada, mas o trio sabe pôr de si nas músicas, logo, começa a agregar
valor.
Preferindo o uso da língua portuguesa nas letras, e tenho a
participação do guitarrista Henrique Perestrello, o trio mostra um trabalho
muito bem em “Terceira Guerra Mundial” (curta e grossa, direta ao ponto, com
bons rffs de guitarra), a empolgante “A Canção do Aço”, e na versão
personalizada para “Filhos da Bomba” de CELSO BLUES BOY.
Uma gravação um pouco menos crua, algo nos moldes do que o
TOXIC HOLOCAUST usa atualmente, e estarão no ponto.
O AXECUTER faz um trabalho um pouco mais ríspido, seco e com
mais pegada Thrash/Black Metal alemão, com muita influência do DESTRUCTION
antigo, mais algumas doses do SLAYER da fase “Show No Mercy”. A seu modo, a
banda busca se diferenciar do que foi feito no passado, buscando fazerem sua
música de uma forma mais própria. É Old School, mas do jeito deles.
A gravação foi feita no Avant Garde studio, tendo a produção
de Maiko Thome e do guitarrista/vocalista Danmented. Vale o mesmo para eles que
disse sobre o FLAGELADÖR: uma gravação um pouco mais limpa, mas mantando a crueza
dos timbres sonoros, ajudaria muito.
O AXECUTER é uma banda muito boa, sabendo criar arranjos
dinâmicos e simples, mas sempre certeiros. Cada refrão empolga, os riffs são
precisos e a base rítmica está de primeira. E as músicas são muito boas.
Já preferindo o inglês como forma de se expressar, o grupo
mostra em canções como “Attack” (os andamentos são muito bem feitos, com baixo
e bateria mostrando um trabalho muito bom), a “motorheadiana” “Creatures in
Disguise” empolga muito (veja como o baixo faz arranjos muito legais), a arrastada
e climática “Medieval Tiranny” (vocais muito bons e riffs que levam a cabeça a
balançar sozinha), além de uma versão suja e bem interessante para “Gimme More”
(que a banda soube deixar do jeito deles). Mas deixo a mesma proposta: o estilo
da banda está no ponto, mas com uma gravação um pouco menos suja, poderia
render resultados fantásticos, sem que sua essência seja alterada ou perdida.
A arte para o Split é bem legal, uma visão pessoal do
artista de como seria a outra vida para os headbangers.
No mais, parabéns pela iniciativa do selo, bem como à ambas
as bandas pelo trabalho honesto.