2016
Independente
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Ser criativo dentro do cenário tem sido um desafio para as
bandas de Metal nos últimos anos.
Se por um lado ninguém precisa criar um novo gênero dentro
do estilo, também não se deve pôr o burro na sombra e achar que tudo que se
poderia fazer está feito. Aceitar esta última forma de pensamento é se colocar
como um clone de algo já explorado. E ainda bem que algumas bandas continuam
buscando novas fronteiras para se expressarem, como é o caso do quinteto
paulista YEKUN, que mais uma vez chega com um EP, chamado "The Boars
Nest".
A banda continua fazendo um som sujo e agressivo, pesado e
denso, mas sempre com qualidade. Não é simples de definir o que eles fazem,
sonoramente falando. A agressividade e peso do Thrash Metal estão ali, bem como
uma dose imensa do peso e sujeira característica do Stoner (e mesmo os tempos
mais lentos), além de melodias bem tocadas aqui e ali. Não, não façam
definições, não criem rótulos, mas apenas aceitem que o grupo é uma das bandas
mais criativas da cena nacional, com certeza.
Edson Paulino está de parabéns pela produção de "The
Boars Nest", já que juntar tantas influências musicais deve ter deixado o
coitado de cabelos brancos. E no tocante à sonoridade, ela é crua, despojada de
pretensões de ser uma gravação "mainstream", e nisso, brilhante. Sim,
os timbres instrumentais são sujos como as sarjetas da Rua Augusta e da Vila
Mimosa, mas você consegue entender o que os cinco estão tocando com boa
clareza. É cru, mas bem feito.
A arte é, como uma tradição, simples, mostrando a vocação do
YEKUN a ser uma banda despojada e espontânea, um trabalho muito legal do
vocalista JP Carvalho.
"The Boars Nest" também mostra que o estilo
musical do grupo está bem mais cheio, mais coeso e firme que antes. Isso se
deve ao fato da experiência de cada um de seus músicos, e da coexistência entre
eles em prol de sua música. Não busque nada refinado, nada esteticamente polido
ou bonitinho, pois aqui, a agressividade salta aos olhos. E para dar aquele
toque a mais de peso, temos a participação de Prika Amaral (guitarrista do
NERVOSA) nos vocais em "Slowly".
E é bom não se meterem, pois a cova do javali é bem perigosa
aos wimps e posers da vida.
The Last Sound of Silence - O andamento é moderado, com
tempos mais comportados, embora existam mudanças ótimas, mostrando o
entrosamento de Vlad (bateria) e Gerson (baixo). A atmosfera musical é densa e
azeda, mas se percebe que o grupo tem boa qualidade, com vocais usando timbres
que vão do grave quase gutural à gritos agudos.
Faith of Serpents - Guitarras limpas precedem uma golfada de
riffs sujos e grudentos de André e Bruno, e vocais rascantes de JP. Se ouvirem bem, perceberão que a
banda capricha bem nos arranjos. Podemos dizer que em certos momentos, temos o
encontro entre o CELTIC FROST com algo do BLACK SABBATH aqui e ali.
Slowly - Aqui, vemos uma faixa um pouco mais elaborada,
tanto que os tempos são mais complexos que antes. Mas mesmo assim, ainda é cadenciada
e a agressividade é de saltar os olhos, e esses guturais femininos estão
ótimos.
The Boars Nest - Mais uma vez, a banda usa de tempos mais
lentos para expressar sua agressividade, com baixo e bateria aparecendo com
firmeza. Mas veja como as mudanças de ritmo são ótimas, e com vocais urrados de
primeira. Inclusive temos alguns toques experimentais muito bons.
É, o YEKUN não é mais promessa, mas uma realidade dos tempos
atuais. Se por um lado "The Boars Nest" não é um EP simples de ser
assimilado, depois que o compreende, ele se torna deliciosamente inesquecível. E ele pode ser baixado AQUI, de graças para todos, logo, não seja da geração borracha fraca, baixe e curta à vontade, pois é gratuito.
Que venha logo esse bendito primeiro álbum!
Músicas:
1. Peace
and Temptation (intro)
2. The Last
Sound of Silence
3. Faith of
Serpents
4. Slowly
(feat. Prika Amaral)
5. The
Boars Nest
Banda:
JP Carvalho - Vocais
André Abreu - Guitarras
Bruno Di Turi - Guitarras
Gerson Camera - Baixo
Vlad -
Bateria
Contatos: