27 de jan. de 2016

SOLIFVGAE - Avenoir (álbum)


2016
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

DestaquesUndertow, Fullheart, Ocean (As Elusive Memories)


O Brasil sempre teve forte tradição nos estilos mais extremados do Metal. Sim, desde quando bandas como SEPULTURA e VULCANO deram as caras em seus primeiros discos, a cena nacional acabou se especializando nesse lado (embora existam muitas bandas no Brasil adeptas de vertentes mais melodiosas). E ao mesmo tempo, é muito bom ver que os estilos evoluíram, e que o Metal extremo por aqui anda paralelo ao que é feito no exterior. Basta dar uma ouvida em "Avenoir", primeiro álbum da banda carioca SOLIFVGAE e ter esta certeza.

O que encontramos em "Avenoir" é uma mistura dos aspectos mais sinistros do Black Metal com uma aura soturna e introspectiva vinda das vertentes mais modernas do mesmo gênero. Ou seja, uma fusão bem feita e personalizada do passado e do presente, nos dando a impressão que o trio tem um futuro bem promissor. A música é densa, sinistra, com andamentos na maior parte do tempo sendo lentos (embora existam momentos mais velozes), mas com inteligência e inspiração. 

Produzido e mixado pelo guitarrista Vitor Coutinho, a sonoridade do grupo soa bem sinistra, crua e opressiva. Mas não se preocupem: o nível de clareza é ótimo, logo, se percebe claramente o que a banda está tocando e qual sua proposta sonora. E digamos de passagem: esse tipo de som mais experimental, atmosférico, Avant-garde é ótimo. E a arte reflete este lado mais experimental, mais introspectivo e diferenciado, fugindo do chavão capeta-sangue-facas que já virou clichê, e é um trabalho bem legal de  Wellington Aquino e Felipe Veiga.

O som da banda é muito bom, foge dos padrões que vemos por aqui em muitas coisas. Arranjos bem feitos (embora diretos em muitos momentos), dinâmica entre instrumental e vocal muito boa, além das canções serem, em sua maioria, bem longas, mas nada enjoativas. Podemos dizer que é o mais puro "Art Nouveau" em forma de Black Metal.

Solifugid - É uma introdução que vai preparando o ouvinte para o que vem a seguir.

Undertow - Violões dão início à canção, que vai evoluindo e se transformando em uma música bem pesada, com andamento soturno e introspectivo, mas também tendo vários momentos mais rápidos e brutos. Nas partes mais agressivas e sujas, reparem bem na força dos riffs da banda (são bem simples, mas ótimos). E digamos de passagem: a canção é boa demais.

Fullheart - Novamente, uma canção que apresenta longos momentos instrumentais e com uma aura mórbida intensa e bem feita. E os vocais estão muito bem usando vozes rasgadas e alguns timbres mais guturais.

Submerge//Emerge - É uma instrumental climática, bem introspectiva, usando cordas limpas e efeitos de teclados.

Pathway - Nesta, a banda opta por um "approach" mais agressivo. Mas mesmo diante de tanta brutalidade, percebe-se certo alinhavo melodioso e fúnebre ao fundo. É um dos grandes momentos do disco, sem sombra de dúvidas.

Ocean (As Elusive Memories) - O início é mais ameno e lento, mas conforme a música vai evoluindo, a agressividade vai tomando os espaços. Óbvio que aquele mesmo "feeling" sinistro de antes está presente em todos os momentos, e é bom ver a cozinha rítmica da banda evoluindo bem.

No mais, "Avenoir" é um disco honesto, e feito com carinho. E o SOLIFVGAE é uma banda que promete.

Ah, sim: o disco pode ser baixado de graça no perfil do grupo no Bandcamp, ou mesmo ouvido por lá ou no Youtube.





Músicas:

1. Solifugid 
2. Undertow 
3. Fullheart 
4. Submerge/Emerge
5. Pathway
6. Ocean (As Elusive Memories)


Banda:

Victor Teixeira - Vocais
Vitor Coutinho - Guitarras, programação
Bruno Rodrigues - Baixo


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