31 de jan. de 2016

LYNYRD SKYNYRD - One More For The Fans (CD Duplo - DVD)


2016
Shinigami Records
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques"Whiskey Rock A Roller", "You Got That Right", "Workin’ For MCA", "Simple Man", "Call Me The Breeze", "Tuesday’s Gone", "Travelin’ Man", "Free Bird", "Sweet Home Alabama"


Em vista das polêmicas que abrangem o Rock e o Metal nos dias de hoje por conta do bom mocismo vigente, que exige um comportamento padrão para todos, certos grupos andam sendo perseguidos por polêmicas. Mesmo alguns bem importantes, sem os quais o Rock e o Metal de hoje seriam bem diferentes. Um dos que mais é atacado pela turminha que falo (que no fundo, querem cortar do Metal e do Rock sua rebeldia natural) é o grupo norte americano LYNYRD SKYNYRD, uma instituição mundial que merece respeito. E de tão respeitado, recebeu um tributo todo especial em "One More For The Fans", um duplo CD ao vivo e DVD, que a Shinigami Records acaba de disponibilizar a versão nacional de ambos.

O que dá ao DVD e ao Duplo CD este ar de tributo é que cada uma das faixas é interpretada por um músico famoso, sendo acompanhado pela All Star House Band (liderada por Don Was, que já ganhou um Grammy). E que lista de feras, já que CHEAP TRICK, BLACKBERRY SMOKE, PETER FRAMPTON, ALABAMA, GREGG ALLMAN (do ALLMAN BROTHERS BAND) e outros, além do próprio LYNYRD SKYNYRD fazendo as honras. Feras que, talvez no Brasil, sejam pouco conhecidas, mas fora daqui, são quase unanimidades entre os fãs dos vários estilos musicais ligados ao Southern Rock.

É algo lindo, absurdo, que deixa qualquer fã do bom e velho Southern Rock americano com água na boca. Aliás, qualquer fã de boa música, pode-se dizer, pois o trabalho do grupo é bem abrangente, como eram as bandas da época.

traduzindo: temos um disco duplo maravilhoso, e um DVD excelente!

Gravado em 12 de Novembro de 2014 no Fox Theatre, em Atlanta (Georgia), que se encontrava ameaçado de demolição, e o show visou arrecadar fundos para salvar o local. E tanto gravação de áudio como a captação de vídeo são perfeitas, nos permitindo ter o melhor de tudo que foi apresentado. 

Ainda bem que assim o é, pois o show é grandioso.

Fora isso, a parte gráfica deu uma caprichada e tanto, baseada em fotos de todos os participantes do evento.

E que belíssima apresentação de cada um dos envolvidos. São momentos que tocam o coração, como a animada "Whiskey Rock A Roller" (onde RANDY HOUSER coloca fogo na platéia em uma interpretação excelente), a forte e swingada "You Got That Right" (onde a dobradinha de ROBERT RANDOLPH e JIMMY HALL dá um show, especialmente devido aos duetos de ambos), a intensa e forte "Workin’ For MCA" (onde o BLACKBERRY SMOKE dá as cartas, levando muito bem esta canção), a mais divertida e rocker "Don’t Ask Me No Questions" (cuja interpretação do O.A.R. lhe deu um toque Pop lindíssimo e que encaixou muito bem), a pesada "Gimme Back My Bullets" ( o que é óbvio, já que o CHEAP TRICK deu um peso cavalar nesta versão), a densa e bruta versão de "Simple Man" (como o GOV’T MULE caprichou. Os arranjos de guitarra e teclados são excelentes), a introspectiva e quase Country "Four Walls of Raiford" (o trabalho de JAMEY JOHNSON ficou muito bom), PETER FRAMPTON arrasando em "Call Me The Breeze", assim como "Gimme Three Steps" com o ALABAMA trazendo aquele feeling Country/Southern tão preciso e GREGG ALLMAN botando tudo abaixo com "Tuesday’s Gone" (um Southern Blues lento e cheio de pura emoção, adornado com guitarras ótimas e sopros ótimos). 

Lynyrd Skynyrd
Agora, quando os próprios homenageados entram em cena, a coisa pega fogo...

Sim, quando o LYNYRD SKYNYRD sobre ao palco, é algo sublime.

Eles detonam "Travelin’ Man" (onde o finado Ronnie aparece no telão, cantando trechos da canção com a banda atual. As maravilhas da tecnologia que tantos tanto reclamam por aí...), além do hino "Free Bird" (onde o LYNYRD SKYNYRD está sozinho no palco, e uma linda homenagem aos membros falecidos do grupo surge no telão. Sim, aqueles que faleceram no acidente de avião. Infelizmente, Bob Burns ficou de fora, pois faleceu em 03 de Abril de 2015, em um acidente de carro), em um momento extremamente tocante. 

E após comentários de alguns participantes, vem o encerramento com a clássica "Sweet Home Alabama", onde o grupo é acompanhado por todos os músicos da noite, em um momento de pura festa enquanto os créditos vão passando.

Existe ainda bônus, mini-documentários feitos com declarações de membros do grupo.

Estes dois lançamentos (pois o CD duplo e o DVD são itens separados) são obrigatórios para todo bom fã de Southern Rock, e compreender de onde vem o Groove e Swing de muitas bandas de Metal do sul dos EUA, como PANTERA e DOWN.

Agora, adquiram suas cópias, e deleitem-se!

E longa vida ao LYNYRD SKYNYRD, o Último Rebelde!




Músicas:

1. Whiskey Rock A Roller (Randy Houser)
2. You Got That Right (Robert Randolph & Jimmy Hall)
3. Saturday Night Special (Aaron Lewis)
4. Workin’ For MCA (Blackberry Smoke)
5. Don’t Ask Me No Questions (O.A.R.)
6. Gimme Back My Bullets (Cheap Trick)
7. The Ballad of Curtis Loew (moe. & John Hiatt)
8. Simple Man (Gov’t Mule)
9. That Smell (Warren Haynes)
10. Four Walls of Raiford (Jamey Johnson)
11. I Know A Little (Jason Isbell)
12. Call Me The Breeze (Peter Frampton)
13. What’s Your Name (Trace Adkins)
14. Down South Jukin’ (Charlie Daniels & Donnie Van Zant)
15. Gimme Three Steps (Alabama)
16. Tuesday’s Gone (Gregg Allman)
17. Travelin’ Man (Lynyrd Skynyrd com Johnny e Ronnie - Ronnie no telão)
18. Free Bird (Lynyrd Skynyrd)
19. Sweet Home Alabama (Lynyrd Skynyrd e todos)


Banda:

Johnny Van Zant - Vocais
Gary Rossington - Guitarras
Rickey Medlocke - Guitarras, backing vocals 
Mark Matejka - Guitarras, backing vocals
Johnny Colt - Baixo 
Peter Keys - Teclados
Michael Cartellone - Bateria
Dale Krantz-Rossington - Backing vocals 
Carol Chase - Backing vocals


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DEEP PURPLE - From the Setting Sun... In Wacken (Duplo CD - DVD)


2016
Nacional

Nota: 9,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques"Highway Star", "Vincent Price", "Lazy", "Perfect Strangers", "Smoke on the Water", "Black Night".


O tempo é cruel com o ser humano, e com tudo aquilo que permeia nossa cultura. E transferindo esta mentalidade para o Metal e o Rock, nos últimos tempos, temos visto vários ídolos partirem, nos deixando legados sublimes. Isso porque a maioria deles está na ativa desde os anos 70, onde todo este estilo que tanto amamos ganhou solidez em seus aspectos mais diversificados. E um dos remanescentes da época, apesar de tantas tribulações, uma das três cabeças do Cérbero chamado Heavy Metal, um dos pais do Metal e um dos maiores influenciadores das gerações futuras é o quinteto DEEP PURPLE, de Hertford (Inglaterra), que nos chega com dois trabalhos excelentes de uma única vez, um DVD e um Duplo CD ao vivo (que são vendidos separadamente), ambos sobre o nome "From the Setting Sun... In Wacken", que são duas obras que nos levam a refletir o quanto tempo ainda os teremos por aqui.

O conteúdo do DVD e do CD é a apresentação do quinteto no Wacken Open Air Festival de 2013, a primeira vez deles no festival, durante a excursão do CD "Now What?!". Algo justo, já que o quinteto é um dos grandes nomes dos anos 70 que ainda está na ativa, e merece o brilho do palco principal do festival.  O estilo do DEEP PURPLE dispensa grandes apresentações: o mesmo Hard Rock pesado e com toques elegantes que os caracteriza desde que sua MK II surgiu e entrou para a história da música. E ao vivo, justamente por evitar muitas complexidades, funciona cheio de energia, ainda mais com uma banda tão entrosada.

Todo o trabalho de som e imagem está perfeito, com sincronia excelente. E podemos ver que o número de câmeras é grande, pois temos takes em várias posições, o que nos permite ter uma clara idéia de tudo que se passou no show. E como o som está bom, nos permitindo entender tudo que a banda está tocando, e bem.

A única ressalva que nos cabe fazer é em relação a voz de Ian Gillan.

Tudo bem, ele ainda canta muito bem as partes em tons mais baixos e comportados, mas os gritos de antes são bem difíceis para ele. Mas como eu disse lá no início: o tempo é inclemente, e ainda lembramos que ele teve problemas severos com as cordas vocais ainda nos anos 80, antes de entrar no BLACK SABBATH. Mas o que lhe falta em gritos agudos, lhe sobra de boa performance cantando, sem contar que Ian se mostra um frontman e tanto, mesmo aos 70 anos, indo de um lado para o outro e se comunicando muito bem, além de tocar gaita. O fôlego ainda está bem. No que tange à cozinha rítmica de Roger Glover e Ian Paice, ela continua excelente, e o entrosamento dos anos se reflete no peso das canções. Don Airey ocupa a vaga do mestre Jon Lord, e se mostra muito bem, fazendo um trabalho ótimo, respeitando a herança de seu antecessor. E Steve Morse, sempre tão perseguido pelos xiitas fãs de seu antecessor, mostra-se um guitarrista excelente, fazendo as coisas à sua maneira, mas sem destoar do que o grupo já fez. E ara dar um brilho a mais, temos a participação especial de Uli Jon Roth no hino "Smoke on the Water", talvez a mais conhecida canção da banda.

Mas resta uma pergunta: o que podemos esperar de uma apresentação do DEEP PURPLE?

Deep Purple
Simplesmente, energia aos montes, e a compreensão dos motivos de serem cultuados até os dias de hoje.

Um dos pontos mais legais tanto do CD duplo quanto do DVD é a diversidade de seu repertório, onde canções clássicas são entremeadas com músicas mais recentes. E como prova que o quinteto não vive de passado, "Vincent Price" (que tem o vídeo oficial como bônus no DVD), "Hell to Pay", e "Above and Beyond" do último álbum estão lá.

Com isso tudo, não é preciso falar mais de músicas como "Highway Star" (um show de Ian Paice e Roger Glover), "Hard Lovin' Woman", "Lazy", a maravilhosa "Perfect Strangers" (Gillan está muito bem nela, assim como Steve), a arrasadora "Space Truckin'" (outro show de Gillan e Morse, mas Don aparece muito bem nos teclados), o hino eterno "Smoke on the Water" (meus caros, os duetos entre Steve e Uli Jon são algo de fantástico. Isso sem falar no público interagindo durante o refrão), assim como ver a banda levando seu primeiro sucesso comercial, uma versão para "Hush" de Billy Joe Royal (cuja versão original foi gravada quando Rod Evans e Nick Simper ainda estavam na banda). Agora, vê-los tocando a velha "Black Night" é algo de maravilhoso, que faz bem aos ouvidos e coração em um tempo em que a música anda tão artificial e sem sentimento.

Impossível ver e ouvir uma vez apenas...

Como dito acima, o repertório do CD e do DVD são iguais. Vale adquirir ambos, pois nem sempre se pode ver o DVD, mas o CD (que é duplo, com uma qualidade de áudio excelente) se pode ouvir no carro ou no trabalho sem problemas.

Ok, pode não ser um clássico como "Made in Japan", mas merece respeito e a aquisição.





Músicas:

1. Highway Star
2. Into the Fire
3. Hard Lovin' Man
4. Vincent Price
5. Strange Kind of Woman
6. Contact Lost
7. The Well-Dressed Guitar
8. Hell to Pay
9. Lazy
10. Above and Beyond
11. No One Came
12. Don Airey's Keyboard Solo
13. Perfect Strangers
14. Space Truckin'
15. Smoke on the Water
16. Hush (Billy Joe Royal cover)
17. Black Night


Banda:

Ian Gillan - Vocais
Steve Morse - Guitarras, backing vocals
Roger Glover - Baixo, backing vocals
Don Airey - Teclados, órgão
Ian Paice - Bateria


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28 de jan. de 2016

NYMPHO - Not That Innocent (álbum)


2015
Independente
Nacional

Nota 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: "Flush Your Heart Away", "Not That Innocent", "Burnout Heart", "Doin' Fine", "Money and Magic", "I'll Come Running", "Rock Me Hard", "Don't Walk Out on Love", "Green Lights Go", "Resurrection", "Wasted Generation".


Bem, fazer Hard/Sleaze Rock no Brasil não é simples. Até hoje, ainda tem gente que rotula o estilo como coisa de gente fresca (como se usar calças jeans apertadas fosse coisa de homem...), mas a verdade é: o gênero sempre nos concedeu ótimas bandas, tanto fora como por aqui. E um nome bem legal que se une a tantos outros é o do quarteto NYMPHO, que chega e derruba a porta com a bicuda chamada "Not That Innocent".

NYMPHO
Hard/Sleaze de primeira, envolvente, com ótimas guitarras (reparem bem nos solos melodiosos e virtuosos, e bases que fluem sem problemas) ótimos refrões, canções grudentas, todas muito bem feitas. Há um certo toque de Rock'n'Roll e mesmo de longe uns ingredientes de Punk Rock à lá RAMONES em alguns momentos. E digamos de passagem: este jeitão mais sujo em alguns momentos é realmente excelente.

A produção ficou muito boa. Sim, a sonoridade é forte, pesada e intensa, mas bem clara aos ouvidos, com cada instrumento em seu devido lugar e com bons timbres. Mas mesmo assim, aquele toque azedo está presente, para dar um punch maior às canções. Ou seja, em termos de sonoridade, o disco é de primeira.

Mas é preciso dizer que "Not That Innocent" é quase que uma compilação. Temos cinco músicas novas, e todas as outras são de trabalhos anteriores, apenas remasterizadas para poderem se encaixar no contexto do álbum. E as cinco novas trazem as participações de algumas figuras bem conhecidas, como Tony Marcus do XYZ no solo de "Flush Your Heart Away", Tony Mills do SHY/TNT nos duetos vocais e Kane Roberts no solo de guitarra em "Not That Innocent", Johnny Lima nos duetos vocais e backing vocals junto com Jimi Bell do HOUSE OF LORDS no solo de "Burnout Heart"; e Jesse Damon do SILENT RAGE nos vocais, além de Gerry Laffy do GIRL fazendo um solo  em "Money and the Magic". Tudo para dar aquele toque especial ao que já é muito bom.

Musicalmente, o disco é quente!

Flush Your Heart Away - Um andamento mediano, mas com algumas variações rítmicas muito boas. A música é ótima, recheada de guitarras excelentes, além de belos refrões e backing vocals perfeitamente encaixados.

Not That Innocent - Aqui, já temos uma canção um pouquinho mais suja, mas grudenta, típico hardão farofento que entra nos ouvidos e não se esquece mais. Mais uma vez, um trabalho rítmico excelente, mostrando que baixo e bateria estão em ótima forma.

Burnout Heart - Aqui, um lado um pouco mais AOR dá as caras. E é bom ver a banda usando bem suas guitarras mais uma vez, fora aqueles corais "chicletosos" que grudam em nossos ouvidos, mais um refrão de fácil assimilação.

Doin' Fine - Uma belíssima balada, digamos de passagem, com refinadas passagens de piano, e adornada de belos vocais e backing vocals. É uma faixa tocante, que nos embala.

Money and Magic - Uma hardão mais sujo e com jeito de gueto, como ouvimos algumas das bandas mais seminais do gênero na Sunset Strip Avenue. É pesado, andamento constante, e com excelentes guitarras.

Óbvio que o disco inteiro é ótimo, mas prefiro fazer análises mais detalhadas das canções mais recentes. Mas mesmo assim, no que vem do passado, a pegajosa e intensa "I'll Come Running" (ô, refrão grundento dos infernos!), "Rock Me Hard" e seu jeitão um pouco mais raçudo, a farofosa "Don't Walk out on Love", a paulada na cara conhecida como "Green Lights Go" (que riffs!), a puramente AOR "Resurrection", e o rockão destruidor de tímpanos chamado "Wasted Generation".

Uma ótima banda, e que merece a conferida sem medo. E alías, que o Hard Rock possa crescer mais e mais.




Músicas:

1. Flush Your Heart Away
2. Not That Innocent
3. Burnout Heart 
4. Doin' Fine 
5. Money and Magic
6. I'll Come Running
7. Rock Me Hard
8. Dreams Are Not Enough (Acoustic Version)
9. Alone in the Dark (Video Edit)
10. Don't Walk out on Love
11. Green Lights Go
12. You Gotta Love
13. Resurrection
14. Say It
15. Reason to Rock
16. Wasted Generation
17. Spider Sarah
18. High Skull Lover


Banda:

Criss Sexx - Vocais, guitarras 
Leo Tavares - Guitarras
Fábio Pontes - Baixo
Pablo Pinheiro - Bateria


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27 de jan. de 2016

MAESTRICK - The Trick Side of Some Songs (EP)


2016
Independente
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques: Yes, It’s a Medley!; The Ogre Fellers Master March - Part II: The Fairy and the Black Queen; Aqualung, While My Guitar Gently Weeps, Rainbow Eyes


O que é legal quando bandas conhecidas gravam discos com versões de músicas que os inspiraram?

O resultado é sempre algo muito bom. E o Metal já possui uma longa história com discos assim, bastando lembrar-se de "Tribute to the Gods" do ICED EARTH ou a série "Graveyard Classics" do SIX FEET UNDER. Mas o que o grupo MAESTRICK de São José do Rio Preto (SP) fez no EP "The Trick Side of Some Songs" é algo de excelente, de abusivamente bom.

Para quem ainda não os conhece bem, eles são uma das mais versáteis bandas de Prog Metal do Brasil, e talvez do mundo. E este EP é o primeiro lançamento da banda desde "Unpuzzle!", de 2011. E aqui, meus caros, o liquidificador tem de tudo: Metal, Rock Progressivo, Rock clássico, Pop, Soul e mesmo toques de MPB. E sempre mentando um alto nível musical e de elegância.

Neste EP, vemos canções de gigantes do Rock e do Progressivo. Mas é bom tomarem cuidado, pois se elas não descaracterizam as versões originais, também não deixam de mostrar que o grupo tem de melhor em termos de personalidade. Ou seja: são as mesmas músicas que já conhecemos, apenas com uma roupagem nova e encorpada.

A produção do EP é extremamente caprichada, perfeita, sabendo dar peso e elegância, bem como ser limpa, nas medidas certas. E é justamente aqui que tudo funciona bem: a produção está tão bem feita que soube dar uma atualizada na sonoridade desses clássicos, já que são, na maioria, músicas de bandas entre os anos 60 e 70. E a capa é uma homenagem a do famoso disco um monstro do Rock Progressivo (que acredito que não preciso citar), em um trabalho ótimo de Netto Cruanes (montagem) e de Audrey Sarraceni (design) para uma ilustração de Ricardo Chucky.

Maestrick
Óbvio que algumas pessoas podem achar o EP algo oportunista. Mas não poderia ser, já que ele está disponibilizado para download grátis na página do grupo, ou seja, é realmente uma homenagem.

E que homenagem!

A banda caprichou ao recriar tantas canções ótimas, com arranjos excelentes e que dão aquela vida nova essencial, aquele toque de personalidade que não deixa a música cair no marasmo. E marasmo não é a praia do grupo, que contou com convidados como Rubens Silva (guitarras e violões em todas as canções, além de ajudar nos vocais em "Near-Brain Damage", e "Almost a Brain Damage (Reprise)"), Mauricio Lopes (nos teclados e backing vocals em "The Ogre Fellers Master March - Part I: The Battle" e "The Ogre Fellers Master March - Part II: The Fairy and the Black Queen"), Dani Castro e Carol Penhavel (ambas nos vocais e backing vocals), Andrea Porzio Vernino (arranjos orquestrais e condutor em "Rainbow Eyes"), Orchestra OBA! (Orquestra Belas Artes, na faixa "Rainbow Eyes"), e Paulo Pacheco (guitarras em "Rainbow Eyes").

Não tinha como dar errado... 

Almost a Brain Damage - É uma introdução, vinda de "The Dark Side of the Moon" do PINK FLOYD, abrindo o disco.

Yes, It's a Medley - Sim, o nome já diz tudo: é um medley. E que medley, já que vemos aqui o brilho pessoal do MAESTRICK em músicas do YES, com belíssimos vocais se encaixando muito bem, além de uma diversidade rítmica maravilhosa. Para que não conhece, temos trechos de "Soon", "Close to the Edge", "Changes", e "Give Love Each Day", ou seja, a fina flor da fase mais progressiva do conjunto inglês. E a roupagem atual e com toques pesados deu um sabor especial à canção. Mesmo alguns toques percussivos de Samba dão as caras.

The Ogre Fellers Master March - Part I: The Battle - E o velho QUEEN não poderia ficar de fora, sendo uma das maiores influências do Prog Metal e mesmo do Metal melódico. E o peso do grupo brasileiro se encaixa como uma luva, mostrando uma roupagem bem mais "heavyssiva". Ponto para o trabalho de teclados e cozinha rítmica, que estão muito bem. Os vocais estão excelentes também.

The Ogre Fellers Master March - Part II: The Fairy and the Black Queen - DEUSES, eles capricharam! E fazer releituras de músicas do QUEEN nunca é um processo simples, mas demanda demais da banda. O MAESTRICK nunca foi de fugir de grandes desafios, e aqui, com arranjos bem cuidados, deu uma nova vida à canção. E digamos de passagem: ficou excelente.

Aqualung - Ousaram e se deram bem. Aqui, temos um dos maiores clássicos de um dos mestres do Rock Progressivo, o JETHRO TULL. E toda a complexidade da faixa original, suas infinitas mudanças de ritmo, tudo está ali, com adição de peso e bom gosto. E a base rítmica do grupo mais uma vez está ótima, junto com as belas orquestrações dos teclados. Ian Anderson ficaria orgulhoso dessa versão.

While My Guitar Gently Weeps - Um dos maiores hinos dos BEATLES, vindo direto do famoso "THE Beatles" (mais conhecido como "White Album"). E mexer em qualquer música da banda desta fase pode ser suicido. Mas nossos heróis do Brasil fizeram bonito, enchendo a música de elegância e arranjos perfeitos. Se a versão original já é perfeita, essa versão mais atual a respeita, mas põe sua personalidade ali. E como os vocais estão bem.

Almost a Brain Damage (Reprise) - Aqui, temos a reprise da primeira, que era para encerrar o EP. ERA, pois temos uma faixa bônus excelente.

Rainbow Eyes - Outro grande momento do EP. Esta é uma música clássica do RAINBOW, a faixa que encerra o álbum "Long Live Rock and Roll". Aqui, a belíssima balada ganhou arranjos orquestrais, corais clássicos e toda uma roupagem grandiosa, mas sempre mantendo o bom gosto da original. Belos violões, teclados bem colocados, uma orquestra ótima e tudo nos seus devidos lugares.

O MAESTRICK continua sua saga, indo bem. E com este EP, devem alçar vôos mais altos. 

Talvez mesmo para fora do Brasil, já que com esse nível, merecem o sucesso.

E antes que esqueça: o EP, como dito lá encima, é gratuito para download. Basta irem ao site oficial da banda na internet, e boa viagem.

Acho que meu irmão Eliton Tomasi, fã dessa época do Rock, deve estar passando mal de tanta alegria...



Músicas:

01. Almost a Brain Damage
02. Yes, It’s a Medley!
03. The Ogre Fellers Master March - Part I: The Battle
04. The Ogre Fellers Master March - Part II: The Fairy and the Black Queen
05. Aqualung
06. While My Guitar Gently Weeps
07. Almost a Brain Damage (Reprise)
08. Rainbow Eyes


Banda:

Fábio Caldeira - Vocais, piano, teclados
Renato Somera - Baixo
Heitor Matos - Bateria, percussão


Contatos:

Som do Darma (Assessoria de Imprensa)

WOSLOM: lançamento mundial pela Punishment 18




Seguindo nos preparativos finais para o lançamento de seu amplamente aguardado novo disco, terceiro da carreira, o WOSLOM anuncia que o selo italiano Punishment 18 será o responsável pelo lançamento no mundo todo.

“A Punishment 18 já é nossa parceira há uns dois anos. Eles apostaram em lançar nossos dois primeiros álbuns em 2014. E agora ficamos muito felizes quando eles se interessaram em lançar nosso novo trabalho”, afirma o guitarrista Rafael Iak.

A empresa, fundada em 2005 na comunidade de Miagliano, na Itália, vem em uma crescente e aposta especialmente em jovens talentos, revelando para a cena o que há de melhor mundo afora. Em seu roster encontramos nomes como Delirium X Tremens, Lunarsea, Ulta-Violence, Hyades, entre outras. Conheça mais: www.punishment18records.com

“Parceria boa é assim, bom pra todos, a gente trabalha daqui produzindo nosso material e eles fazem a parte deles muito bem feita também. Todo mundo sai no lucro“, completa o baterista Fernando Oster.

No Brasil o lançamento será feito pela renomada Shinigami Records.

O novo trabalho, que ainda não teve o título anunciado, foi gravado no estúdio Acustica, em São Caetano do Sul, sob a supervisão de Danilo Pozzani, que também cuida da mixagem.


Sites Relacionados:


Fonte: Metal Media

SOLIFVGAE - Avenoir (álbum)


2016
Independente
Nacional

Nota: 8,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

DestaquesUndertow, Fullheart, Ocean (As Elusive Memories)


O Brasil sempre teve forte tradição nos estilos mais extremados do Metal. Sim, desde quando bandas como SEPULTURA e VULCANO deram as caras em seus primeiros discos, a cena nacional acabou se especializando nesse lado (embora existam muitas bandas no Brasil adeptas de vertentes mais melodiosas). E ao mesmo tempo, é muito bom ver que os estilos evoluíram, e que o Metal extremo por aqui anda paralelo ao que é feito no exterior. Basta dar uma ouvida em "Avenoir", primeiro álbum da banda carioca SOLIFVGAE e ter esta certeza.

O que encontramos em "Avenoir" é uma mistura dos aspectos mais sinistros do Black Metal com uma aura soturna e introspectiva vinda das vertentes mais modernas do mesmo gênero. Ou seja, uma fusão bem feita e personalizada do passado e do presente, nos dando a impressão que o trio tem um futuro bem promissor. A música é densa, sinistra, com andamentos na maior parte do tempo sendo lentos (embora existam momentos mais velozes), mas com inteligência e inspiração. 

Produzido e mixado pelo guitarrista Vitor Coutinho, a sonoridade do grupo soa bem sinistra, crua e opressiva. Mas não se preocupem: o nível de clareza é ótimo, logo, se percebe claramente o que a banda está tocando e qual sua proposta sonora. E digamos de passagem: esse tipo de som mais experimental, atmosférico, Avant-garde é ótimo. E a arte reflete este lado mais experimental, mais introspectivo e diferenciado, fugindo do chavão capeta-sangue-facas que já virou clichê, e é um trabalho bem legal de  Wellington Aquino e Felipe Veiga.

O som da banda é muito bom, foge dos padrões que vemos por aqui em muitas coisas. Arranjos bem feitos (embora diretos em muitos momentos), dinâmica entre instrumental e vocal muito boa, além das canções serem, em sua maioria, bem longas, mas nada enjoativas. Podemos dizer que é o mais puro "Art Nouveau" em forma de Black Metal.

Solifugid - É uma introdução que vai preparando o ouvinte para o que vem a seguir.

Undertow - Violões dão início à canção, que vai evoluindo e se transformando em uma música bem pesada, com andamento soturno e introspectivo, mas também tendo vários momentos mais rápidos e brutos. Nas partes mais agressivas e sujas, reparem bem na força dos riffs da banda (são bem simples, mas ótimos). E digamos de passagem: a canção é boa demais.

Fullheart - Novamente, uma canção que apresenta longos momentos instrumentais e com uma aura mórbida intensa e bem feita. E os vocais estão muito bem usando vozes rasgadas e alguns timbres mais guturais.

Submerge//Emerge - É uma instrumental climática, bem introspectiva, usando cordas limpas e efeitos de teclados.

Pathway - Nesta, a banda opta por um "approach" mais agressivo. Mas mesmo diante de tanta brutalidade, percebe-se certo alinhavo melodioso e fúnebre ao fundo. É um dos grandes momentos do disco, sem sombra de dúvidas.

Ocean (As Elusive Memories) - O início é mais ameno e lento, mas conforme a música vai evoluindo, a agressividade vai tomando os espaços. Óbvio que aquele mesmo "feeling" sinistro de antes está presente em todos os momentos, e é bom ver a cozinha rítmica da banda evoluindo bem.

No mais, "Avenoir" é um disco honesto, e feito com carinho. E o SOLIFVGAE é uma banda que promete.

Ah, sim: o disco pode ser baixado de graça no perfil do grupo no Bandcamp, ou mesmo ouvido por lá ou no Youtube.





Músicas:

1. Solifugid 
2. Undertow 
3. Fullheart 
4. Submerge/Emerge
5. Pathway
6. Ocean (As Elusive Memories)


Banda:

Victor Teixeira - Vocais
Vitor Coutinho - Guitarras, programação
Bruno Rodrigues - Baixo


Contatos:

26 de jan. de 2016

DREAM THEATER - The Astonishing (CD Duplo)


2016
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Destaques

CD 1: The Gift of Music; The Answer; A Better Life; A Savior in the Square; Brother, Can you Hear Me?; Chosen; The X Aspect.

CD 2: Moment of Betrayal; Begin Again; The Path That Divides; Losing Faythe; Hymn of a Thousand Voices, Astonishing

Um dos grandes problemas de quando se é uma banda referência para muitos é que, quase sempre, os fãs e a crítica esperam que a banda se engesse em uma fórmula única. Tudo bem, alguns fãs não aceitam muito bem mudanças, mas é algo saudável, mesmo quando a banda aparenta derrapar feio. E parece que um mestre em desapontar os fãs, mas sempre buscando explorar os limites de sua própria música, é o quinteto norte americano DREAM THEATER. Sempre que um disco novo deles está para sair, é uma comoção enorme, ao mesmo tempo em que a ansiedade cresce. E parece que finalmente, em "The Astonishing", a banda veio para destroçar qualquer ilusão sobre o quanto são capazes de se renovarem.

O que há de surpreendente no disco, em primeiro lugar, é sua longa duração. São mais de duas horas de música, dividido em dois CDS. E fora isso, finalmente, o quinteto aprendeu a se expressar mais progressivamente sem forçar a paciência dos que não são instrumentistas ou fãs de canções gigantescas. Temos 34 faixas (com 5 instrumentais e uma introdução), e elas beiram, no máximo, seis minutos de duração, com apenas uma, "A New Beginning", tendo pouco mais de sete minutos. E, além disso, eles equacionaram bem a mistura técnica + peso + bom gosto + canções funcionais, e se deram muito bem. Mas não se preocupem: o disco passa em um piscar de olhos, de tão bom que ele é.

Dream Theater
John Petrucci, uma vez mais, tomou as rédeas da produção, tendo Richard Chycki na engenharia de som e mixagem, e com Ted Jensen na masterização. O som de "The Astonishing" ficou pesado, denso, mas com um toque refinado bem Progressivo, além de uma qualidade ótima, com todos os instrumentos soando claros e pesados na medida certa, além de timbres escolhidos com sabedoria. E a arte da capa é realmente uma referência aos temas do Rock Progressivo. E sim, "The Astonishing" é um álbum conceitual, uma estória criada por John Petrucci, que vale a pena ler e entender.

Não seria justo deixar de dizer que o DREAM THEATER realmente está inspirado nesse disco. Como dito antes, souberam equilibrar todos os elementos de sua personalidade sem pender para um lado ou outro. Óbvio que alguns fãs mais xiitas irão reclamar de alguma coisa, mas não é possível ouvir nada em "The Astonishing" que justifique o choro. E ainda temos a participação especial de David Campbell nas orquestrações e arranjos de corais, para deixar tudo ainda melhor. E basta uma olhadinha aqui para saber mais sobre a história e seus personagens.

No tocante às canções, não sei se vale a pena destacar essa ou aquela. Todas são ótimas, fruto de um laborioso e bem cuidado trabalho de composição. E aparentemente, o disco inteiro forma um conceito musical único. Não sei sobre as letras, mas sonoramente, é a idéia para as idéias Heavyssivas do quinteto

Descent of the NOMACS - É uma introdução para aquecer os ouvidos.

Dystopian Overture - Apesar de ser ums instrumental, é uma faixa ótima, com belos teclados.

The Gift of Music - A primeira música cantada já mostra bem os elementos musicais do grupo, com destaque óbvio para o trabalho de James LaBrie nos vocais, usando bem seus timbres mais graves

The Answer - Uma baladinha bem curta, que serve para James mostrar sua voz maravilhosa mais uma vez, sendo bem acompanhado das cordas de John Petrucci e dos teclados de Jordan Rudess.

A Better Life - Uma música mais introspectiva, mas mesmo assim forte e cheia de elementos mais progressivos, unidos à guitarra sempre ótima de John. E reparem bem como a base rítmica, mesmo nos momentos mais amenos, arrasa.

Lord Nafaryus - Uma música com uma pegada um pouco mais densa e pesada, com muito foco nas guitarras. Mas basta olhar e ver que o baixo de John Myung e os a bateria de Mike Mangini estão excelentes com técnica e peso nas medidas certas.

A Savior in the Square - Peso e cadência se fazem presentes, embora tenhamos uma canção muito bem elaborada e com grandes momentos dos teclados mais uma vez. É um dos grandes momentos do CD.

When Your Time Has Come - Novamente uma balada mais climática, com grande enfoque nos vocais e cordas limpas, mais belas orquestrações.

Act of Faythe - Cheia de ritmos mais quebrados começam a surgir após certa calmaria inicial, dando aquele toque jazzístico que estamos acostumados no trabalho da banda. E nem é preciso dizer o quão bom é o trabalho de baixo e bateria.

Three Days - Um começo bem introspectivo que beira o melancólico, antes de um ataque maciço de riffs distorcidos e pesados. E logo, a técnica progressiva do quinteto surge, impondo novos ritmos quebrados e tempos complexos.

The Hovering Sojourn - Uma mini-instrumental que serve como introdução a um dos grandes momentos do CD.

Brother, Can You Hear Me? - Vocês estão de sacanagem comigo, não é? Que canção é essa? Mesmo com um clima mais ameno, temos aqueles toques Pop elegantes que a banda usa quando quer tocar nossos corações. Novamente, belas orquestrações marciais, teclados de muito bom gosto, além de um trabalho lindo dos vocais. James arrasa, especialmente no refrão.

A Life Left Behind - Vocês estão de sacanagem comigo, não é? Que canção é essa? (parte dois). Com um começo mais introspectivo, depois surge aquelas levadas mais progressivas pesadas (com forte influência de YES) e alguns toques de Pop. Mas basta os vocais começarem, e pronto: somos envolvidos.

Ravenskill - Mais pesada, intensa, com boa técnica dos músicos (em especial de Jordan), oscilando entre momentos mais pesados e outros mais introspectivos. Mas como a bateria está bem, impondo um peso ótimo e conduzindo bem os ritmos.

Chosen - Até o meio, o espetáculo é todo dos vocais, mas dali em diante, as guitarras comandam o show, especialmente com o ótimo solo. É uma canção que começa mais lenta e melancólica, mas ganha peso e intensidade melódica depois.

A Tempting Offer - Aqui, como o título deixa claro, é uma canção mais soturna, pesada. Óbvio que a força dos teclados impõe o clima mais intenso, mas ao mesmo tempo, o baixo está dando uma boa aula de técnica e peso.

Digital Discord - Introdução à base de teclados.

The X Aspect - Outra que começa mais macia e depois ganha peso e mesmo certo ar mais high-tech. Mais uma vez, a dobradinha teclados e vocais imperam e guiam a música. E reparem que o trecho em gaitas de fole remete diretamente à "Brother, Can You Hear Me?".

A New Beginning - Para quem estava sentindo até aqui a falta de uma música grandiosa, cheia de técnica e com aquele ecleticismo costumeiro do grupo, pode ficar sossegado. Ela está aqui, permeada pelo mesmo feeling "heavyssivo" de uma "Metropolis", alternando entre peso, técnica e elegância, entre momentos pesados e outros mais lentos.

The Road to Revolution - Aqui, mais uma vez a fórmula de começar mais lento e ir ganhando peso e diversidade conforme a música evolui. E não, não é algo enjoativo em momento algum. Caros, quem está fazendo é mestre nisso.

Isso encerra o CD 1, mas tem mais, meus caros...

2285 Entr'acte - Introdução instrumental.

Moment of Betrayal - Mezzo pesada, mezzo progressiva, embora a técnica da banda esteja bem mais contida. Mas isso não quer dizer que não existam mudanças jazzísticas ótimas. Novamente, a cozinha rítmica do grupo deu uma bela caprichada. E novamente um belo refrão.

Heaven's Cove - Guitarras leves introduzem a canção, até que uma nova explosão de momentos pesados e progressivos dá um toque bem elegante e técnico, com boa participação dos teclados e baixo.

Begin Again - Uma canção que até contém uma boa dose de peso, mas é mais uma balada ótima, com belíssimos vocais e teclados.

The Path That Divides - Ainda me é uma incógnita como esses caras conseguem aliar os momentos etéreos e grandiosos do Progressivo com o peso do Metal, e sem perder a elegância... Os teclados mostram um trabalho bem dinâmico, mas chega a ser exagerado como o baixo está técnico e pesado.

Machine Chatter - Intro instrumental.

The Walking Shadow - Curta, mas recheada de peso e andamentos técnicos. Ou seja, ponto para baixo e bateria mais uma vez.

My Last Farewell - Mais peso e técnica refinados aliados de forma perfeita. Os elementos mais jazzísticos do grupo voltam a cena, justamente, pela técnica evidente. Mas os vocais estão excelentes, muito bem encaixados.

Losing Faythe - Outra música bem introspectiva, com jeitão de balada, mas com peso e elegância bem postados, além de alguns crescendos ótimos. E mesmo aparecendo menos, as guitarras estão ótimas.

Whispers on the Wind - Uma faixa focada em vocais e teclados, algo bem mais melancólico e soturno.

Hymn of a Thousand Voices - Apesar de novamente ter um enfoque mais nos vocais e orquestrações, temos uma canção linda e grandiosa, com belos corais. O clima é elegante, e os andamentos mais comportados.

Our New World - Mais peso e elegância eclética nos dão aquela impressão que é uma faixa excelente. E é mesmo, recheada de belos riffs, boa técnica, e jeitão de "Popssívo" pesado.

Power Down - Intro Instrumental.

Astonishing - Novamente, no início, alguns violinos orquestrais nos dão aquele toque de "Brother, Can You Hear Me?", mas não se assustem, pois é realmente o que acontece. A referência é clara, e no fundo, reforça o lado conceitual do disco, mas sem perder sua beleza única. E assim, encerra-se um dos grandes discos do ano.

Ufa, deu trabalho, mas está pronta...

Não sei se realmente "The Astonishing" poderá um dia ser comparado à obras como "The Wall" do PINK FLOYD ou "Tommy" do THE WHO. Isso, só o tempo dirá, e não quero ser arrogante. Mas me dou o direito de dizer apenas isso: "The Astonishing", se compreendido em sua essência, caminha a passos largos para ser conhecido como uma excelente Óprea Rock de nossos tempos.

No mais, é um dos melhores CDs de 2016, com toda certeza.

E palmas para a banda, pois eles merecem. E um agradecimento especial a Thiago Rahal Mauro, que possibilitou esta resenha (e que deve estar querendo me matar por obrigá-lo a ler isso tudo)...




Músicas:

Disc 1 - Act I:

1. Descent of the NOMACS 
2. Dystopian Overture 
3. The Gift of Music 
4. The Answer 
5. A Better Life 
6. Lord Nafaryus 
7. A Savior in the Square 
8. When Your Time Has Come 
9. Act of Faythe  
10. Three Days 
11. The Hovering Sojourn 
12. Brother, Can You Hear Me?
13. A Life Left Behind  
14. Ravenskill  
15. Chosen 
16. A Tempting Offer 
17. Digital Discord 
18. The X Aspect
19. A New Beginning 
20. The Road to Revolution 

Disc 2 - Act II:

1. 2285 Entr'acte 
2. Moment of Betrayal 
3. Heaven's Cove 
4. Begin Again 
5. The Path That Divides 
6. Machine Chatter 
7. The Walking Shadow 
8. My Last Farewell 
9. Losing Faythe 
10. Whispers on the Wind 
11. Hymn of a Thousand Voices 
12. Our New World 
13. Power Down 
14. Astonishing 


Banda:

James LaBrie - Vocais
John Petrucci - Guitarras, backing vocals
Jordan Rudess - Teclados 
John Myung - Baixo
Mike Mangini - Bateria


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