17 de dez. de 2015

BURN THE MANKIND - To Beyond (CD)


2015
Nacional

Nota 9,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Os anos 90, apesar das infinitas críticas e reclamações de muitos, foi uma época prolífica e de afirmação de muitas vertentes do Metal. Neste último ponto, podemos dizer que o Death Metal foram os estilos que mais se consolidaram, já que nos anos 80, faltava algo que lhes desse mais identidade sonora. Óbvio que POSSESSED e DEATH são seminais ao gênero, mas não se pode negar o quanto MORBID ANGEL, ENTOMBED, DEICIDE, DISMEMBER e tantos outros contribuíram para o Death Metal ser como ele é hoje. E o Brasil tem essa carga histórica, esta tradição em gerar nomes excelentes no gênero. E se o Rio Grande do Sul já havia gerado nomes como KRISIUN e REBAELLIUN, o estado mostra que ainda é fértil ao ouvirmos "To Beyond", primeiro álbum do quarteto BURN THE MANKIND. 

Com membros tarimbados, que fizeram parte de nomes como NEPHAST e INDULGENCE, o quarteto pratica um autêntico genocídio sonoro, um Death Metal bruto e opressivo, mostrando sempre um ótimo nível técnico, que oras é veloz, ora mais lento e azedo, mas sempre extremamente agressivo, cheio de energia e diferenciado, graças à algumas influências pontuais de Thrash Metal e Grindcore. E acreditem: as músicas da banda são bem envolventes, de fácil assimilação, algo um pouco diferenciado quando lidamos com o gênero. Ou seja, bruto, opressivo, e com ótima qualidade!

E quando se fala no talento individual dos músicos, vemos que os vocais guturais são bem postados e com boa dicção, as guitarras arrasam em riffs brutais e bons solos (inclusive com a presença de certo cuidado nesse ponto, evitando enche-los de alavancas e de notas desconexas), e uma base rítmica avassaladora, com técnica e peso absurdos. E isso sem falar em alguns toques de teclados bem pontuais.

Burn the Mankind
A produção é da banda em conjunto com Henrique López (que ainda masterizou o disco, e fez a engenharia de baixo, vocais e guitarras). O conhecido Fábio Lentino fez a engenharia das partes de bateria (que foram gravadas em outro estúdio). Resultado: uma gravação com timbres bem graves, bruta e bem feita, deixando a música da banda soando sempre compacta e pesada, mas bem clara, a ponto de compreendermos os instrumentos e nuances. E a arte é um trabalho ótimo do artista e tatuador Rafael Giovanoli, e cuja a concepção é da artista plástica gaúcha Luciana Kingeski.E ainda temos as contribuições de Rafael Barros e Raphael Gabrio. E a arte do encarte em si ficou ótima, antenada com o conteúdo lírico da banda (que é bem diferente do "capetalismo" vazio que anda infestando o Metal nacional).

Arranjos precisos, dinamismo incrível de canção para canção, "To Beyond" não é em nada um álbum comum ou que nos deixe entediados. São Bem diferentes, mas formando uma unidade. E um ponto extra: as músicas "Survive On" e "Human Decay", bônus no CD, são do primeiro EP da banda, "Burn the Mankind", que receberam regravação nas partes de baixo e vocais.

O disco inteiro é ótimo, bem homogêneo.

The Uprise - É uma introdução bem climática, preparando o ouvinte para o massacre que se aproxima...

To Beyond - Brutalidade em seu ápice. Rápida e usando de excelente trabalho de bateria, mais guitarras marcantes e um refrão de simples assimilação, a banda mostra uma categoria incrível. Um excelente cartão de apresentação.

The Gun - Mais uma faixa rica em riffs certeiros, vocais urrados excelentes e belas mudanças de ritmo. E isso em pouco menos de 3 minutos de duração!

Real Slave - Aqui, as influências de Thrash Metal ficam mais evidentes nas guitarras, com aquela torrente de adrenalina em alta velocidade, mais uma vez com baixo e bateria mostrando uma base rítmica sólida.

Lies - Mais brutalidade e velocidade associadas. Aqui, se percebe uma canção mais simples e sangrando de tanta energia, esboçando claramente as influências do Grindcore.

Vacuum - Uma introdução de teclados e efeitos precede uma instrumental cadenciada e sinistra, que vai deixando o ouvinte preso e preparado para um dos grandes momentos do CD.

Everyone is Blind - Intensa, azeda, com velocidade bem cadenciada (embora a bateria mostre alguns momentos mais velozes nos bumbos), cheia de momentos climáticos e ganchudos, mantendo o ouvinte preso à ela. E que vocais e guitarras!

Cries - Essa já possui uma mistura de momentos mais rápidos e outros nem tanto, alternando guitarras ferozes e riffs duros com pegadas Thrash Metal. Mas reparem o belo trabalho de dois bumbos.

Beneath the Sun - Um início pesado e intenso, mas não muito veloz, precede uma explosão de agressividade, mixada à algumas sutilezas do Thrash Metal, sem deixar de ser azedo. Ponto forte para as mudanças rítmicas e solos bem encaixados.

Survive On - É uma amostra grátis de pura agressividade extrema, mas adornada com ótimo nível técnico, e um trabalho assustador de baixo e bateria.

Human Decay - Fechando o CD em grande estilo, temos novamente uma faixa com brutalidade e uma pegada mais voltada ao Thrash Metal em alguns momentos, mas com as guitarras e bateria roubando a cena.

"To Beyond" é um ótimo disco, feito com muito esmero e cuidado, e é para você, meu caro fã de Metal extremo.

Uma excelente revelação!


Músicas:

01. The Uprise
02. To Beyond 
03. The Gun 
04. Real Slave 
05. Lies
06. Vacuum 
07. Everyone is Blind 
08. Cries
09. Beneath the Sun 
10. Survive On 
11. Human Decay


Banda:

Pedro Webster - Vocais, baixo
Marcos Moura - Guitarras 
Rafael Barros - Guitarras 
Raissan Chedid - Bateria


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