13 de out. de 2015

INSANE DEVOTION - Infidel (CD)

2015
Independente
Nacional

Nota 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Quem foi que disse que Metal extremo e inovações são coisas incompatíveis? Especialmente quando falamos em Black Metal?

No caso deste gênero do Metal, especificamente falando, ele possui características bem delineadas há quase 20 anos, mas dentro delas, é possível ser criativo e inovador, capaz de surpreender o ouvinte, e mostrar que a diversidade e experimentalismo em nada desvirtuarão o estilo, mas irão lhe dar nova vida e criar possibilidades que permitem que o Black Metal se renove, evolua e vá adiante. E um nome muito forte nisso é o do trio Curitibano INSANE DEVOTION, que após uma ausência de anos, retorna com tudo em "Infidel", seu mais recente álbum.

Após o Split "In Inferioribus Terrae" de 2000 (em que dividiu o CD com o SCORNER, outra banda de Maurício Laube, guitarrista/baixista/vocalista do trio), e o álbum "Slaves Will Serve" de 2005, a banda retorna, sempre fiel às suas raízes, mas agora, com uma forma mais bem trabalhada e muito mais diversificado, inclusive usando passagens e tempos que não são comuns ao Black Metal. Mas isso sem deixar de ser bruto, ríspido e agressivo. Basta olhar na diversidade de timbres vocais, guitarras que ditam os rumos e inclusive acrescentam melodias em muitos pontos, e teclados em orquestrações muito bem feitas, sem serem extremamente virtuosas, mas se encaixando perfeitamente. O baixo e a bateria (mesmo programada) dão peso e mostram uma diversidade de levadas e ritmos que vem de muitas e variadas influências musicais. Sim, eles ousaram e foram longe, e isso é excelente.

A produção é de Fernando Nahtaivel (tecladista/vocalista da banda) e Maurício, que deram uma sonoridade brutal e agressiva ao trabalho do INSANE DEVOTION, pondo bem em evidência o lado ríspido da banda, mas ao mesmo tempo, a qualidade é seca e com certa limpeza, permitindo-nos compreender o que eles estão tocando. E a arte de  capa de Chris Cold, mais a arte complementar de Maurício e Fernando para o layout e encarte ficou excelente, mostrando a idéia de sua música em uma arte sinistra. 

Insane Devotion
Acumulando a longa experiência no cenário musical do Metal em bandas como SCORNER, DOOMSDAY CELEBRATION, EVIL WAR, REVERENNCE e participações em várias bandas do estado, mais projetos paralelos em outros gêneros (Fernando tem um projeto de EBM/Darkwave chamado NAHTAIVEL), tudo isso deu ao trio uma diversidade musical bem grande, que sendo fundida em "Infidel", se mostra um dos melhores discos do ano, com belíssimos arranjos, boa dinâmica instrumental e é sempre cativante. E isso em seis faixas (sendo quatro mais longas, e duas nem tanto), outro ponto em que destoam do Black Metal mais conhecido, pois a banda usa tanta criatividade que uma música de maior duração que parece ter menos de 3 minutos. Nunca cansa os ouvidos. E ainda temos a participação de Ulisses "Mano" Rodrigues (ex-HECATOMB e  IMPERIOUS MALEVOLENCE nos backing vocals em "The Rite of Winter" e "Mass Murderer").

Son of Hate - Introduzida por riffs instigantes e belos teclados, a faixa vai em um crescendo arrasador (veja a presença de solos e baixo bem evidentes), até o surgimento de vocais em tom de lamento que fazem a atmosfera da canção ficar sinistra, então os vocais se tornam rasgados, e o andamento em meio tempo reforça o lado opressivo da banda. Então, começa um festival de mudanças de ritmo que vão do cadenciado terroroso à velocidade extrema, mas sem perder a coerência musical.

Obscure Blackened Night - Já começa arrasadora, pesada e rápida, com um belo trabalho das guitarras mais uma vez, que lembra o que a banda fez em "Slaves Will Serve". E reparem como os vocais de Moloch rendem muito bem, bem como os teclados de Fernando mostram algumas experimentações ótimas.

Bad Machine - Outra bem empolgante, com o baixo trovejando e belos teclados fazendo sons aterrorizantes para deixar o ouvinte arrepiado. A faixa transita entre Thrash, Death e Black Metal em sua composição, mais alguns toques de teclados e efeitos para lá de bem postados.

The Rite of Winter - Um pouco mais melodiosa e cadenciada, esta aqui começa opressiva e bela, graças aos belos riffs e orquestrações que dão aquele sabor fúnebre à canção, que logo ganha um andamento forte e ganchudo, em meio tempo, algo que BATHORY sabia usar muito bem na fase "Blood Fire Death". Óbvio que as melodias ficam evidenciadas, e vejam que solo de guitarra caprichado.

Standard Operating Procedure - Sendo a faixa mais curta do disco, é evidente que a violência é bem evidente logo no início, mas logo, um lado mais cadenciado e bem trabalhado aparece, com uma bateria mais técnica, mais vocais sussurrados e melodias ótimas nas guitarras.

Mass Murderer - Aqui, temos 12 minutos de uma faixa cheia de experimentações, mudanças de ritmo, com a banda mostrando a que vem. Tudo de uma vez só, como um imenso rolo compressor disposto a destruir qualquer barreira e/ou oposição ao seu trabalho. E que belas variações vocais, digamos de passagem. 

Um disco ousado, feito com muito cuidado e esmero. A versão digital se encontra disponível de graça no Bandcamp da banda (com encarte com letras, fotos, release, entre outros extras), mas a versão física tem, como um belo presente aos fãs de longa data (e aos novos também, claro), o álbum "Slaves Will Serve", pela primeira vez lançado em CD.

Não é um simples disco de Black Metal, mas um dos top 10 nacionais de 2015, com certeza.

Dúvida, caro leitor?

Ouça e tire suas próprias conclusões...



Músicas:

1. Son of Hate 
2. Obscure Blackened Night 
3. Bad Machine 
4. The Rite of Winter 
5. Standard Operating Procedure 
6. Mass Murderer 


Formação:

Fernando Nahtaivel - Teclados, vocais, bateria programada
A. Maurício Laube - Guitarras, vocais, baixo, bateria programada
Moloch - Vocais


Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)
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