Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Cinco anos atrás, o mundo do Rock sofreu uma mudança abrupta: o Rock Horror, iniciado nos anos 70 por ALICE COOPER e outros, que teve seqüência na década de 80, com nomes como MERCYFUL FATE, KING DIAMOND, VENOM e outros. Mas que andou em baixa nos anos 90, aparentando estar morto. Mas como tudo que é bom acaba retornando um dia, eis que das terras da Suécia, que tanto já deram o Metal, surgiu um nome que trouxe o Rock Horror em sua mais pura essência de volta. Sim, estamos falando do GHOST (ou GHOST B.C., por conta de problemas legais com o nome nos E.U.A.), grupo que usa indumentárias que lembram um culto religioso (uma paródia com o catolicismo, para ser mais exato) lançou seu primeiro álbum, “Opus Eponymous”, que causou uma comoção enorme no meio. Tanto que chegou a ter sua versão brasileira, e que agora é relançado no nosso país por meio da parceria entre a Hellion Records e a Black Legion Productions.
Essencialmente, o GHOST não faz nada que seja realmente novo. A fusão de um som sujo, orgânico e melodioso à lá BLACK SABBATH, BLUE OYSTER CULT e outras bandas dos anos 70 com um vocal mais limpo se mostrou algo forte. E se falarmos da música da banda em si, ela chega a ser bem simples em termos de arranjos, com refrões de assimilação simples, mas cheia de energia, evocando um clima denso e soturno, mas sempre diferente do convencional. Sim, o GHOST mostra ter personalidade forte nos tempos de hoje, em que a clonagem dos anos 80 é a moda vigente. E fazem um enorme sucesso.
Gene Walter e Jaime Gomez Arellano produziram o disco (com o último fazendo a mixagem e masterização), e o esforço conjunto deles gerou uma gravação que evoca as mesmas qualidades daquelas do final dos anos 70 e início dos 80, com a diferença de ser mais clara, apesar daquele clima “esfumaçado” em muitos momentos. Mas é algo intencional e fazia parte do trabalho do grupo até então.
Ghost |
E verdade seja dita: é divertido demais ver uma banda com uma proposta fantasiosa, que nos faz esquecer os problemas cotidianos, evocando essa imagem. Mas não se enganem: apesar do investimento na imagem, a música do GHOST é bem arranjada, com boa dinâmica, mas sem exagerar nos aspectos técnicos, e sendo pesado e soturno sempr. E isso em um momento em que o Metal ou adentra cada vez mais no domínio da técnica, ou que pára nos modelos do “Rock sujo” do início dos anos 80 (e que anda sendo clonado sem limites atualmente).
Deus Culpa – Uma introdução feita por um órgão, semelhante aos de antigas catedrais, reforçando o clima de “culto” que o grupo usa.
Con Clavi con Dio – Iniciada por acordes pesados de baixo, seguida por belos riffs e o som dos teclados dando aquele toque de horror, belas passagens pesadas e melodiosas, e vocais climáticos que chegam a dar arrepios nos mais incautos. E “Com Clavi com Dio”, em latim, quer dizer “Conclave (ou reunião) com Deus”.
Ritual – Uma das canções mais fortes do CD, baseada em melodias fortes e refrão de fácil assimilação. E isso sem mencionar que as guitarras se destacam com riffs ótimos e pesados.
Elizabeth – Outro hino do grupo, que usa de uma base rítmica sólida e pesada, criando um andamento pesado e denso que permite que os vocais nos embalem, em especial durante o refrão, que é bem melodioso.
Stand by Him – Mais pesada, evoca o lado mais sinistro da musicalidade da banda, embora o refrão seja bem simples e provocante. Aqui, mais uma vez as guitarras mostram sua força e peso.
Satan Prayer – Mais uma das favoritas dos fãs. Com guitarras mais elaboradas e pesadas, baixo bem proeminente, peso e melodia se encontram perfeitamente, e com teclados perfeitos durante o refrão (onde mais uma vez o baixo mostra sua técnica).
Death Knell – Bela introdução de bateria, e mais um refrão simples e climático em uma canção pesada, soturna e azeda com muito do bom e velho BLACK SABBATH, só que mais dinâmico.
Prime Mover – Sinistra e melodiosa, esta é uma canção típica de encerramento de um CD, com momentos grandiosos e densos, como o GHOST sabe fazer, fora um trabalho muito bom de baixo, bateria e teclados.
Genesis – Uma instrumental para fechar o CD muito bem, onde os Nameless Ghouls mostram boa técnica, evidenciando o lado mais melodioso do trabalho do grupo.
Ainda bem que foi relançado, pois “Opus Eponymous” é um disco obrigatório para todos os fãs de Metal que se prezem, sem radicalismos e sem rótulos. O único porém é que, mais uma vez, a versão nacional não tem o cover para "Here Comes the Sun", do BEATLES, que existe em uma das versões do CD. Mas mesmo assim, esta versão tem seu charme.
Quem tiver medo, que tire o time de campo e vá ouvir clones e outros, mas este autor prefere fazer outra coisa:
Quem tiver medo, que tire o time de campo e vá ouvir clones e outros, mas este autor prefere fazer outra coisa:
A vossa Benção, Papa Emeritus, e a proteção de cada um dos Nameless Ghouls...
Tracklist:
1. Deus Culpa
2. Con Clavi con Dio
3. Ritual
4. Elizabeth
5. Stand by Him
6. Satan Prayer
7. Death Knell
8. Prime Mover
9. Genesis
Banda:
Papa Emeritus I - Vocais
Nameless Ghouls - Guitarras, baixo, teclados, bateria
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