5 de mai. de 2015

Black Oil – Resist to Exist (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



Uma das maiores realidades dos tempos em que vivemos é a de que o Metal está em um momento que beira o paradoxal: muitas bandas buscam fazer sonoridades mais antigas, algumas conseguindo dar uma cara própria ao que já foi utilizado muitas vezes (a maioria fica apenas na clonagem Dolly Metal), enquanto outras buscam abrir novas possibilidades, ousando e desbravando. No segundo grupo, temos o BLACK OIL, de Anaheim, na Califórnia (EUA), que quatro anos após “Not Under My Name”, retorna à carga total com “Resist to Exist”, seu novo álbum.

A banda deu mais um passo adiante de sua sonoridade suja e brutal, misturando aspectos do Deth Metal com Groove Metal com Thrash, elementos regionais do Brasil e outros país, alguns toques que lembram a fase “Chaos A.D.”/“Roots” do SEPULTURA, só que o grupo está ainda mais caótico, agressivo, pesado e azedo. Mas não se iludam, pois debaixo de tanta brutalidade, existe uma técnica musical refinada. Mike Black continua sendo um mestre nos vocais urrados (que contrastam bastante com seus gritos rasgados), Adassi Addasi ainda é um mestre em termos de riffs e solos (com uma técnica multicultural fantástica nas guitarras), baixo e bateria com muito peso e técnica, onde vemos muito convidados especiais. E não adianta: o quarteto não se prende a rótulos ou limites, e nem tem todo respeito e moral que possuem por mero acaso. Sua música original, experimental e de bom gosto justifica isso.

Três produtores diferentes trabalharam no CD: Cristian Machado (do ILL NINO) produziu “Rise Up”, “Justified”, “Exoskeleton”, “Combustion”, e co-produziu “Revolution” em parceria com Logan Mader (que também produziu a faixa “Callate”, e é bem conhecido como guitarrista que já passou pelo MACHINE HEAD e trabalhou em vários aspectos de produção em discos de bandas como CAVALERA CONSPIRACY, DEVILDRIVER, GOJIRA, entre outros), e Erik Reichers que produziu “Stand Against Everything”. Resultado: explosão de peso e agressividade massivos, mas com qualidade e clareza evidentes. Não dá para não compreender a música do grupo como um todo.

Black Oil
O grupo, como dito acima, não esbanja agressividade sem estar muito bem construída em termos de arranjos. Tudo aqui é milimetricamente pensado e encaixado, mas ao mesmo tempo, percebe-se uma enorme espontaneidade em cada uma das oito faixas. E a presença de Tony Campos (baixista do FEAR FACTORY e do MYNISTRY, que já passou por PRONG e SOULFLY) e Aaron Rossi (baterista do MINISTRY) em “Callate”; Silverio Pessoa (conhecido músico brasileiro que usa de misturas de ritmos regionais do Nordeste do Brasil com outras formas de música) em “Combustion”, Raymond Herrera (baterista original do FEAR FACTORY e que passou pelo BRUJERIA) em “Revolution”; Hector Guerra (músico boliviano que trabalha com ritmos latinos), Zero (do trio de Hip Hop EL VUH), e Ricardo Vignini (conhecido violeiro, músico e produtor brasileiro) em “Stand Against Everything” deu um toque a mais de brilho ao trabalho. Mesmo aos que possuem ressalvas a estilos musicais fora do Metal, garanto que não ocorreu nada que descaracterizasse o som do BLACK OIL. 

Mais agressivo e intenso que antes, o grupo desce a marreta. O CD já abre com a bruta e ríspida “Rise Up”, com um andamento não tão veloz, exibindo um trabalho fenomenal de guitarras (digamos de passagem: a escolha de timbres para o álbum foi perfeita), seguida do caos em erupção chamado “Justified”, com energia e um andamento que bem variado que leva ao pogo sem dó, com vocais urrados ótimos e refrão empolgante. Em “Callate”, a atmosfera mais moderna e o lado Groove do grupo ficam bem evidentes, alternando espanhol e inglês perfeitamente, e a base rítmica dá um show de peso. Um pouco mais cadenciada e azeda é “Exoskeleton”, com aqueles riffs que grudam na mente, adornados de belas melodias sob tanta agressividade. “Combustion” é mais experimental, apresentando uma fusão de ritmos do Nordeste do Brasil com o peso grooveado do quarteto, contrastando os vocais urrados de Mike com a voz forte de Silvério, e se nota a presença de que não são convencionais ao Metal (como se o BLACK OIL se desse o trabalho de se limitar ao convencional...), e “Revolution” ressalta o lado mais HC/Crossover do grupo, mas sem perder a intensidade moderna do grupo, mais alguma influência do Industrial. “Stand Against Everything” tem toques multiculturais interessantes, indo da música oriental até as percussões brasileiras, mais alguns vocais limpos em ritmos latinos, berimbaus, viola caipira e flautas. E fechando, temos a abrasiva e brutal “Paper Slave”, outra com momentos mais modernos e outros calmos surpreendentes, onde o Samba de raiz dá suas caras. 

É mais um disco fundamental para o gênero. Óbvio que muitos radicais puritanos vão torcer o nariz, mas o bom Headbanger, de mente aberta, ao terminar o CD, terá a mesma reação desse escritor: se levantar da poltrona com um sorriso no rosto e aplaudir o CD.

Não minimize a banda tentando rotulá-los, apenas ouça e aproveite este que é um dos melhores plays do ano, e deve sair no Brasil em breve!


Músicas:

01. Rise Up 
02. Justified 
03. Callate 
04. Exoskeleton 
05. Combustion
06. Revolution
07. Stand Against Everything
08. Paper Slave 


Banda:

Mike Black – Vocais 
Addasi Addasi – Guitarras 
Drew Petropoulos – Baixo 
Aaron Rossi – Bateria 


Contatos:

Metal Media (Assessoria de Imprensa)
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.
Liberaremos assim que for analisado.

OM SHANTI!

Comentário(s):