Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Uma das maiores realidades dos tempos em que vivemos é a de que o Metal está em um momento que beira o paradoxal: muitas bandas buscam fazer sonoridades mais antigas, algumas conseguindo dar uma cara própria ao que já foi utilizado muitas vezes (a maioria fica apenas na clonagem Dolly Metal), enquanto outras buscam abrir novas possibilidades, ousando e desbravando. No segundo grupo, temos o BLACK OIL, de Anaheim, na Califórnia (EUA), que quatro anos após “Not Under My Name”, retorna à carga total com “Resist to Exist”, seu novo álbum.
A banda deu mais um passo adiante de sua sonoridade suja e brutal, misturando aspectos do Deth Metal com Groove Metal com Thrash, elementos regionais do Brasil e outros país, alguns toques que lembram a fase “Chaos A.D.”/“Roots” do SEPULTURA, só que o grupo está ainda mais caótico, agressivo, pesado e azedo. Mas não se iludam, pois debaixo de tanta brutalidade, existe uma técnica musical refinada. Mike Black continua sendo um mestre nos vocais urrados (que contrastam bastante com seus gritos rasgados), Adassi Addasi ainda é um mestre em termos de riffs e solos (com uma técnica multicultural fantástica nas guitarras), baixo e bateria com muito peso e técnica, onde vemos muito convidados especiais. E não adianta: o quarteto não se prende a rótulos ou limites, e nem tem todo respeito e moral que possuem por mero acaso. Sua música original, experimental e de bom gosto justifica isso.
Três produtores diferentes trabalharam no CD: Cristian Machado (do ILL NINO) produziu “Rise Up”, “Justified”, “Exoskeleton”, “Combustion”, e co-produziu “Revolution” em parceria com Logan Mader (que também produziu a faixa “Callate”, e é bem conhecido como guitarrista que já passou pelo MACHINE HEAD e trabalhou em vários aspectos de produção em discos de bandas como CAVALERA CONSPIRACY, DEVILDRIVER, GOJIRA, entre outros), e Erik Reichers que produziu “Stand Against Everything”. Resultado: explosão de peso e agressividade massivos, mas com qualidade e clareza evidentes. Não dá para não compreender a música do grupo como um todo.
Black Oil |
Mais agressivo e intenso que antes, o grupo desce a marreta. O CD já abre com a bruta e ríspida “Rise Up”, com um andamento não tão veloz, exibindo um trabalho fenomenal de guitarras (digamos de passagem: a escolha de timbres para o álbum foi perfeita), seguida do caos em erupção chamado “Justified”, com energia e um andamento que bem variado que leva ao pogo sem dó, com vocais urrados ótimos e refrão empolgante. Em “Callate”, a atmosfera mais moderna e o lado Groove do grupo ficam bem evidentes, alternando espanhol e inglês perfeitamente, e a base rítmica dá um show de peso. Um pouco mais cadenciada e azeda é “Exoskeleton”, com aqueles riffs que grudam na mente, adornados de belas melodias sob tanta agressividade. “Combustion” é mais experimental, apresentando uma fusão de ritmos do Nordeste do Brasil com o peso grooveado do quarteto, contrastando os vocais urrados de Mike com a voz forte de Silvério, e se nota a presença de que não são convencionais ao Metal (como se o BLACK OIL se desse o trabalho de se limitar ao convencional...), e “Revolution” ressalta o lado mais HC/Crossover do grupo, mas sem perder a intensidade moderna do grupo, mais alguma influência do Industrial. “Stand Against Everything” tem toques multiculturais interessantes, indo da música oriental até as percussões brasileiras, mais alguns vocais limpos em ritmos latinos, berimbaus, viola caipira e flautas. E fechando, temos a abrasiva e brutal “Paper Slave”, outra com momentos mais modernos e outros calmos surpreendentes, onde o Samba de raiz dá suas caras.
É mais um disco fundamental para o gênero. Óbvio que muitos radicais puritanos vão torcer o nariz, mas o bom Headbanger, de mente aberta, ao terminar o CD, terá a mesma reação desse escritor: se levantar da poltrona com um sorriso no rosto e aplaudir o CD.
Não minimize a banda tentando rotulá-los, apenas ouça e aproveite este que é um dos melhores plays do ano, e deve sair no Brasil em breve!
Músicas:
01. Rise Up
02. Justified
03. Callate
04. Exoskeleton
05. Combustion
06. Revolution
07. Stand Against Everything
08. Paper Slave
Banda:
Mike Black – Vocais
Addasi Addasi – Guitarras
Drew Petropoulos – Baixo
Aaron Rossi – Bateria
Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)