Nota 6,5/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Realmente, aqueles que conheceram os anos 80 e são da época possuem uma longa experiência no cenário. O fenômeno interessante é justamente ver bandas jovens rebuscando o que existia na época. Mas aqui reside um dos maiores perigos possíveis: tentar trabalhar em um estilo já erodido pelo tempo pode levar aquele sentimento “eu já ouvi isso antes”, e isso é problemático. É preciso personalidade para se sobressair nos tempos atuais, que andam bem difíceis. E o trio carioca ATOMIC BOMB, de Nova Iguaçu, ainda precisa de muito amadurecimento musical. “Metal Selvagem” não é de todo ruim, mas carece de personalidade.
O trio faz uma mistura do Thrash Metal mais próximo à escola germânica da primeira metade dos anos 80 com o Punk Rock. Chega a soar como uma versão Thrash Metal do MOTORHEAD, ou um WARFARE da época do “Metal Anarchy” mais sujo com toques de SODOM. E é aí que está o problema: muitas e muitas vezes, todos já ouvimos isso ser feito, e com mais personalidade. Não é que a mistura de vocais esganiçados (mas para que carregar tanto nos efeitos?), bons riffs de guitarra (e solos doentios), cozinha rítmica consistente (com o baixo aparecendo bastante) esteja em má forma ou seja ruim. A banda até tem bastante potencial, está bem perceptível, mas a tentativa de soar “Metal anos 80” está forçada demais, e joga por terra esforços preciosos que foram feitos até chegarem aqui.
Atomic Bomb |
A banda aposta suas fichas em composições curtas e diretas, com arranjos simples e letras cantadas em português. Eles têm muita energia e garra, verdade seja dita. Mas é preciso mais que isso para se destacar em um meio tão competitivo como o Metal.
As músicas duram, em média, pouco mais de dois minutos, e é óbvio que não temos perda total. Em momentos como a veloz e empolgante “Speed Metal 666”, a irônica e azeda “Livre Para Pensar”, e a bruta “Cães de Guerra” e seus belos riffs. E é assim que se percebe o quanto eles podem realmente render musicalmente.
“Metal Selvagem” acaba ficando na média, já que o potencial da banda é capaz de equilibrar o lado negativo. Mas acreditamos que mais uma lapidada nas músicas, um bom produtor musical, fora compreenderem que os anos 80 já acabaram há muito tempo (e assim, se torna necessário pôr vida e personalidade no que fazem) ajudará a terem melhores resultados.
Mas o ATOMIC BOMB é uma banda bem jovem ainda, e prometem bastante. Este autor deseja de coração que eles possam evoluir mais.
Músicas:
01. Metal Selvagem
02. Jonestown
03. Speed Metal 666
04. O Dia da Aniquilação
05. Livre Para Pensar
06. Setor Central
07. Libertem Barrabás
08. Cães de Guerra
Banda:
Renan Carvalho – Vocais, guitarras
Marcos Calafalas – Baixo
Rafahëll Torres – Bateria
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