Notas:
Crucified in South America: 9,5
Live Forum Fest VI: 9,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Existem bandas que já nasceram fazendo história. E para
muitos, obviamente, existem dois lados em todas as estórias e histórias. Para
muitos, o trio inglês M:PIRE OF EVIL seria uma piada de mau gosto, já que a
banda toca muito material do VENOM. Mas para aqueles um pouco mais escolados (e
menos apressadinhos em julgar situações/pessoas/bandas), o grupo é não somente
o herdeiro da chama do trio de Newcastle, mas uma encarnação do mesmo, já que
em suas fileiras, estão nada menos que Tony “The Demolition Man” Dolan e Jeffrey
“Mantas” Dunn, dois ex-membros do VENOM, recriando a fase em que a banda entre
os discos “Prime Evil” (que inclusive deu nome ao grupo) e “The Waste Lands”. E
graças à Shinigami Records, tivemos acesso facilitado a dois de seus discos, “Crucified
in South America” (que leva este nome por possuir algumas músicas bônus, todas
vindas do EP “Double Jeopardy”, e ainda foi remasterizado exclusivamente para o
Brasil) e “Live Forum Fest VI”, ambos abordados nesta resenha.
O que temos aqui é o bom e velho Power/Black/Thrash Metal bretão com muita pegada do bom e velho Metal tradicional à lá NWOBHM. Se
vierem atrás do VENOM de seus quatro primeiros discos, a decepção vai ser
azeda. Mas se vierem de mente aberta, em busca de algo de nível excelente, irão
encontrar com toda certeza do mundo. Os vocais azedos e agressivos em timbres
normais de The Demolition Man são fantásticos, assim como sua forma de tocar
baixo apresenta boa técnica e um peso fenomenal (e que digamos de passagem, tem
uma sonoridade bem peculiar); as guitarras de Mantas são absurdamente pesadas e
técnicas, longe do que ele tocava no início de sua carreira, destilando bases e
solos fantásticos (coisa que ele sempre soube criar com maestria). E para dar
suporte ao fogo dos dois veteranos, temos o ótimo e técnico Marc “JXN” Jackson
nas baquetas, um batera com pegada bem pesada e técnica. E juntando esses três,
é para se ter uma belíssima dor de pescoços!
Ambos foram produzidos por Mantas. No caso de “Crucified”, a
sonoridade do grupo é absurdamente abrasiva e bruta, mas limpa e clara, soando
com muito peso e energia, e melodias que antes ficavam ocultas, agora estão bem
perceptíveis. Em “Live Forum Fest VI”, um trabalho ótimo foi feito, já que a
sonoridade ao vivo fica bem sensível, sem retirar a força e energia de um show
do trio.
Em “Crucified in South America”, o material regravado veio de
“Temples of Ice”, “Prime Evil” e “The Waste Lands”, discos em que Mantas e The
Demolition Man eram a espinha dorsal do trio, mas é preciso que saibam: não é
um resgate de forma alguma, pois as músicas soam novas e pesadíssimas, como se
recém compostas. Ouçam as pedradas “Temples of Ice” (uma música rápida e cheia
de energia, com um trabalho ótimo de bateria e riffs marcantes), “Blackened Are
the Priests” (Tony faz um trabalho assustador nessa maravilhosa canção,
cantando de uma forma cheia de energia, urrando de forma natural e deixando os
ouvidos dando sinal de ocupado por horas, isso sem falar no tanque de guerra
que é seu baixo), a provocante e ganchuda “Black Legions” (andamento a meio
tempo, uma canção fantástica, com Mantas mostrando-se ainda um mestre das seis
cordas), “Need to Kill” (introduzida por sirenes à lá “Red Light Fever”, mas
uma paulada carnívora, mais uma vez com bateria e vocais ótimos), fora as duas
inéditas “Demone” (essa mais veloz, mostrando que JXN usa muito bem os dois bumbos)
e “Taking It All” (mais a meio tempo, abrasiva e pesada, com riffs
impressionantes) . Mas o material extra têm algumas delícias, como as duas
versões para “Manitou” do VENOM (uma faixa bem perseguida na época de seu
surgimento, mas que o trio conseguiu recriar e deixar ainda melhor que a
original, ambas as versões, que me perdoem os fãs mais xiitas) e as versões ao
vivo para os clássicos “Die Hard” e “Witching Hour”.
M:Pire of Evil |
Já para “Live Forum Fest VI”, vemos a banda ao vivo em
01/02/2014 no Forum Fest VI, em Laudun-l’Ardoise, França. E o que se pode dizer
de uma apresentação do M:PIRE OF EVIL?
Perfeito, soando limpo como deve ser, mas intenso e cheio de
energia. Apesar de ter apenas oito músicas, não há como não gostar das versões
de “Temples of Ice” e “Blackened Are the Priests”, bem como o material próprio
como “Demone”, “Hell to the Holly” ou “Metal Messiah”. E é clara a força de The
Demolition Man como frontman, esbanjando simpatia com o público, e não se
consegue perceber a presença de overdubs (as famosas partes refeitas em
estúdio) aqui.
Ótimos discos, sem sombra de dúvidas. Esperemos que a banda
retorne logo ao nosso país para uma turnê promocional, e deixar os fãs loucos com sua excelente performance.
Adendo: os CDs são vendidos separadamente, mas existe uma promoção na página oficial da Shinigami Records para se adquirir os dois ao mesmo tempo.
Músicas:
Crucified
(In South America):
01. Temples
of Ice
02.
Parasite
03. Kissing
the Beast
04.
Blackened Are the Priests
05.
Carnivorous
06. Black
Legions
07. Need to
Kill
08.
Wolverine
09.
Crucified
10. Demone
11. Taking
It All
12. Manitou
13. Die
Hard
14.
Witching Hour
15. Manitou
Remix
Live Forum
Fest VI:
1. Demone
2. Wake Up Dead
3. Blackened Are the Priests
4. Carnivorous
5. Temples of Ice
6. Hell to the Holy
7. Hellspawn
8. Metal Messiah
Banda:
Mantas –
Guitarras
Demolition
Man – Vocals, baixo
JXN – Bateria
Contatos: