4 de fev. de 2015

M:Pire Of Evil – Crucified in South America & Live Forum Fest VI (CDs)

Shinigami Records
Notas:
Crucified in South America: 9,5
Live Forum Fest VI: 9,0


Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Existem bandas que já nasceram fazendo história. E para muitos, obviamente, existem dois lados em todas as estórias e histórias. Para muitos, o trio inglês M:PIRE OF EVIL seria uma piada de mau gosto, já que a banda toca muito material do VENOM. Mas para aqueles um pouco mais escolados (e menos apressadinhos em julgar situações/pessoas/bandas), o grupo é não somente o herdeiro da chama do trio de Newcastle, mas uma encarnação do mesmo, já que em suas fileiras, estão nada menos que Tony “The Demolition Man” Dolan e Jeffrey “Mantas” Dunn, dois ex-membros do VENOM, recriando a fase em que a banda entre os discos “Prime Evil” (que inclusive deu nome ao grupo) e “The Waste Lands”. E graças à Shinigami Records, tivemos acesso facilitado a dois de seus discos, “Crucified in South America” (que leva este nome por possuir algumas músicas bônus, todas vindas do EP “Double Jeopardy”, e ainda foi remasterizado exclusivamente para o Brasil) e “Live Forum Fest VI”, ambos abordados nesta resenha.

O que temos aqui é o bom e velho Power/Black/Thrash Metal bretão com muita pegada do bom e velho Metal tradicional à lá NWOBHM. Se vierem atrás do VENOM de seus quatro primeiros discos, a decepção vai ser azeda. Mas se vierem de mente aberta, em busca de algo de nível excelente, irão encontrar com toda certeza do mundo. Os vocais azedos e agressivos em timbres normais de The Demolition Man são fantásticos, assim como sua forma de tocar baixo apresenta boa técnica e um peso fenomenal (e que digamos de passagem, tem uma sonoridade bem peculiar); as guitarras de Mantas são absurdamente pesadas e técnicas, longe do que ele tocava no início de sua carreira, destilando bases e solos fantásticos (coisa que ele sempre soube criar com maestria). E para dar suporte ao fogo dos dois veteranos, temos o ótimo e técnico Marc “JXN” Jackson nas baquetas, um batera com pegada bem pesada e técnica. E juntando esses três, é para se ter uma belíssima dor de pescoços!

Ambos foram produzidos por Mantas. No caso de “Crucified”, a sonoridade do grupo é absurdamente abrasiva e bruta, mas limpa e clara, soando com muito peso e energia, e melodias que antes ficavam ocultas, agora estão bem perceptíveis. Em “Live Forum Fest VI”, um trabalho ótimo foi feito, já que a sonoridade ao vivo fica bem sensível, sem retirar a força e energia de um show do trio.

Em “Crucified in South America”, o material regravado veio de “Temples of Ice”, “Prime Evil” e “The Waste Lands”, discos em que Mantas e The Demolition Man eram a espinha dorsal do trio, mas é preciso que saibam: não é um resgate de forma alguma, pois as músicas soam novas e pesadíssimas, como se recém compostas. Ouçam as pedradas “Temples of Ice” (uma música rápida e cheia de energia, com um trabalho ótimo de bateria e riffs marcantes), “Blackened Are the Priests” (Tony faz um trabalho assustador nessa maravilhosa canção, cantando de uma forma cheia de energia, urrando de forma natural e deixando os ouvidos dando sinal de ocupado por horas, isso sem falar no tanque de guerra que é seu baixo), a provocante e ganchuda “Black Legions” (andamento a meio tempo, uma canção fantástica, com Mantas mostrando-se ainda um mestre das seis cordas), “Need to Kill” (introduzida por sirenes à lá “Red Light Fever”, mas uma paulada carnívora, mais uma vez com bateria e vocais ótimos), fora as duas inéditas “Demone” (essa mais veloz, mostrando que JXN usa muito bem os dois bumbos) e “Taking It All” (mais a meio tempo, abrasiva e pesada, com riffs impressionantes) . Mas o material extra têm algumas delícias, como as duas versões para “Manitou” do VENOM (uma faixa bem perseguida na época de seu surgimento, mas que o trio conseguiu recriar e deixar ainda melhor que a original, ambas as versões, que me perdoem os fãs mais xiitas) e as versões ao vivo para os clássicos “Die Hard” e “Witching Hour”.

M:Pire of Evil
Já para “Live Forum Fest VI”, vemos a banda ao vivo em 01/02/2014 no Forum Fest VI, em Laudun-l’Ardoise, França. E o que se pode dizer de uma apresentação do M:PIRE OF EVIL?

Perfeito, soando limpo como deve ser, mas intenso e cheio de energia. Apesar de ter apenas oito músicas, não há como não gostar das versões de “Temples of Ice” e “Blackened Are the Priests”, bem como o material próprio como “Demone”, “Hell to the Holly” ou “Metal Messiah”. E é clara a força de The Demolition Man como frontman, esbanjando simpatia com o público, e não se consegue perceber a presença de overdubs (as famosas partes refeitas em estúdio) aqui.

Ótimos discos, sem sombra de dúvidas. Esperemos que a banda retorne logo ao nosso país para uma turnê promocional, e deixar os fãs loucos com sua excelente performance.

Adendo: os CDs são vendidos separadamente, mas existe uma promoção na página oficial da Shinigami Records para se adquirir os dois ao mesmo tempo.




Músicas:

Crucified (In South America):

01. Temples of Ice
02. Parasite
03. Kissing the Beast
04. Blackened Are the Priests
05. Carnivorous
06. Black Legions
07. Need to Kill
08. Wolverine
09. Crucified
10. Demone
11. Taking It All
12. Manitou
13. Die Hard
14. Witching Hour
15. Manitou Remix


Live Forum Fest VI:

1.  Demone
2.  Wake Up Dead
3.  Blackened Are the Priests
4.  Carnivorous
5.  Temples of Ice
6.  Hell to the Holy
7.  Hellspawn
8.  Metal Messiah


Banda:

Mantas – Guitarras
Demolition Man – Vocals, baixo
JXN – Bateria  


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