28 de jan. de 2015

Incursed – Elderslied (CD)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


É incrível como em plena era da internet, quando basicamente é possível conhecer ótimas bandas com um simples apertar de botões, algumas bandas continuam ocultas do grande público. Ou estes, tão acostumados apenas com nomes mais proeminentes, não conseguem dar chances a si mesmos de conhecerem algo novo. E é uma pena, já que existem bandas por aí com trabalhos tão sublimes que seriam capazes de destronar bandas de renome de seus gêneros. E um fortíssimo candidato ao trono de sua vertente é, sem dúvidas, o quinteto espanhol INCURSED. E após dois anos depois do excelente “Fimbulwinter”, eles se superam com o maravilhoso “Elderslied”.

Desta vez, o quinteto criou um disco com melodias mais evidentes e acentuadas que antes, com belíssimos momentos épicos. Ou seja, eles souberam manter a agressividade de força épica de “Fimbulwinter” com melodias Pagan/Folk muito bem colocadas. E isso sem precisarem usar muitos instrumentos fora do padrão guitarra-baixo-bateria-teclados para criarem seu Viking Metal forte e maravilhoso (só mesmo algumas incursões de violino em “Heart of Yggdrasil”, “The Wild Hunt” e “One Among a Million”). Os vocais se alternam entre vozes mais guturais com outros limpos (criando um contraste marcante e se assentando bem na base instrumental do grupo), belíssimo trabalho das guitarras (riffs muito fortes e cativantes, e solos melodiosos bem postados), base rítmica com peso e técnica de sobra, mas nas proporções certas, e teclados fenomenais. Tudo isso unido flui em uma música espontânea, vigorosa, melodiosa, ora mais veloz, ora mais climática, mas sempre maravilhosa.

Incursed
A produção do disco foi caprichada. A sonoridade que Pedro J. Monge (que gravou, mixou e masterizou o álbum) conseguiu é forte, pesada e bem volumosa (ou seja, não se sente aquela impressão de “buracos” nas músicas), bons timbres escolhidos, e tudo está bem claro e em seus devidos lugares (não há dificuldade alguma em compreender o trabalho musical do grupo).

A força da música do INCURSED vem justamente da habilidade e inspiração do quinteto em criar arranjos de fácil assimilação, com técnica sóbria, sabendo ter velocidade e agressividade ou então um andamento mais arrastado e climático nos momentos providenciais.

“Elderslied” nasceu perfeito em suas treze composições. “Song of the Ancient” é uma introdução bem climática e pomposa, preparando o ouvinte para “Heart of Yggdrasil”, canção que mixa bem o lado agressivo da banda (pelos vocais ríspidos) com o lado mais melodioso (reparem bem nas guitarras e teclados), com alguns momentos mais limpos ótimos. Em “Raging Wyverns”, temos maior proeminência do lado Viking de sua música, para então ficar mais agressivo, com um andamento a meio tempo fascinante, e belos arranjos de vocais e guitarras (há momentos limpos belíssimos). A bela e fascinante “The Wild Hunt” tem um andamento mais técnico e arrastado, com peso e boa dose de agressividade, mas as incursões de violinos dão um sabor bem especial à música, e um refrão com vocais limpos excelente. Já “Beer Bloodbath” apresenta um lado um pouco mais acessível do trabalho do quinteto, uma canção mais simples, mas bem ganchuda, com excelente trabalho de teclados e baixo. “Tidal Waves” tem um trabalho de guitarras ótimo, em meio a uma música com belas mudanças rítmicas e uma atmosfera Viking muito evidente. Em “Jötnar”, temos uma faixa um pouco mais melancólica e Pagan, com melodias bem evidentes, com baixo e bateria mostrando-se bem fortes em um andamento não tão veloz, bem como as guitarras ajudam a reforçar a atmosfera densa da música. “A Fateful Glare” é um interlúdio climático, que antecede “Lady Frost”, que se inicia com guitarras dobradas e tem um andamento um pouco mais rápido, apresentando novamente um trabalho ótimo da base rítmica. Guitarras maravilhosas introduzem “The Undying Flame (Homeland part II)”, outra canção com andamento lento e forte, que nos trás à mente aquele feeling Pagan/Folk/Viking forte, com um belíssimo trabalho dos vocais (basta repararem quando há momentos em que se alternam o canto gutural com o limpo, e verão como é fantástico), a bateria caprichando nos pedais duplos e ótimos momentos mais limpos. Em “Suaren Lurraldea (The Land of Fire)”, uma canção forte e bem variada, percebemos a incursão de teclados muito bem postados. Vemos em “One Among a Million” uma banda ousada, pois criaram uma faixa épica de dez minutos, bem variada e longe de ser cansativa, onde cada um dos instrumentos tem seu tempo de mostrar seu talento, e a música não cansa nossos ouvidos em momento algum devido à dinâmica de andamentos e belas instrumentações (mais uma vez, surgem belos arranjos de violinos e teclados), e lindos vocais femininos contra-cantando com os guturais em alguns momentos. E em “Promise of Hope”, após o finalzinho, se for teimoso e esperar um pouco, terão uma lindíssima surpresa, logo, deixem o disco tocar em paz.

É bom que citemos os convidados especiais: Jones nos vocais em “Lady Frost” e “One Among a Million”, Leire Tejada nos vocais em “One Among a Million”, Hugo Markaida na guitarra solo em “The Undying Flame (Homeland part II)”, Borja Santamaria nos corais e narrativa em “One Among a Million”, e o violinista Andrés Ferrando nas faixas citadas anteriormente.

E se preparem, pois o INCURSED veio para ficar e conquistar, sem dó de quem quer que seja. 





Músicas:

01. Song of the Ancient 
02. Heart of Yggdrasil 
03. Raging Wyverns 
04. The Wild Hunt 
05. Beer Bloodbath 
06. Tidal Waves 
07. Jötnar 
08. A Fateful Glare 
09. Lady Frost  
10. The Undying Flame (Homeland part II)  
11. Suaren Lurraldea (The Land of Fire) 
12. One Among a Million 
13. Promise of Hope 


Banda:

Narot Santos – Vocais, guitarra base 
Asier Fernández – Guitarra solo 
Juan Sampedro – Baixo
Jon Koldo Tera – Teclados, backing vocals 
Asier Amo – Bateria 


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