7 de dez. de 2014

Unmasked Brains – Machina (CD)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



Existem momentos em que podemos ver claramente que o Metal como um todo está em constante mutação, se renovando e se preparando para novos tempos e desafios. Sim, já que a criatividade humana, em qualquer área que seja, continua sempre em uma caminhada para o futuro. O passado serve como aprendizado, o presente é o momento da criação (ou mesmo da reciclagem de idéias), e o futuro assim se torna promissor. E é sempre um prazer ver bandas brasileiras ousando quebrar regras e fugir de modelos, como o quarteto carioca UNMASKED BRAINS teima em fazer, e em seu primeiro Full-Length, o excelente “Machina”.

Antes de tudo, a banda executa um Thrash Metal extremante personalizado, graças à fluência musical mais eclética de seus integrantes, que ganha merecidamente a alcunha “AllMetal”, ou seja, jogam tudo no liquidificador para criar algo novo e surpreendente. Vocais excelentes, guitarras ferozes e ecléticas, baixo e bateria não só firmes na base rítmica, mas criativos, muito pesados e técnicos. Descrever o trabalho da banda em simples palavras não é algo realmente simples de ser feito.

Como o trabalho do quarteto foge completamente do convencional, a ficha de produção é bem extensa, envolvendo vários profissionais, então, basta dizer que o trabalho de cada um dos envolvidos valeu o tempo investido: sonoridade perfeita, limpa e agressiva nas medidas certas, permitindo que toda riqueza instrumental do grupo seja ouvida em sua plenitude.

Unmasked Brains
No aspecto artístico/visual, mais um ponto positivo. A arte feita por Jobert Mello (da Sledgehammer Grafix) é algo belo e bem assentado sobre o conceito visual do grupo, e com o conceito que a banda usa, ao mesmo tempo em que usa algo da arte de H. R. Giger influencia a capa. E o encarte tem um layout elegante e bem feito.

O quarteto mostra que a definição “AllMetal” não é algo leviano ou estratégia de marketing, mas uma realidade em um trabalho muito bem feito. Arranjos dinâmicos e ecléticos (algumas passagens de ritmos não convencionais ao Metal se fazem presentes), músicas sempre interessantes, andamentos variando na medida certa, melodias e vocais sempre muito bem assentados... Realmente, apreciar “Machina” é uma descoberta nova a cada audição. E ainda temos a presença de Sigried Buchweitz nos backing vocals em algumas faixas.

Musicalmente, “Machina” é um disco muito bem feito, as composições são bem espontâneas e acabam nos pegando pelos ouvidos, bastando ouvir canções como “Numbers” e perceber as incursões jazzísticas em meio aos riffs Thrash, ou a mais cadenciada “The New Order of Disorder” e sua energia mais cadenciada, com ótimos vocais e bateria mostrando ótima técnica. “A Máquina”, cantada em português, apresenta riffs excelentes (com ótimas melodias), baixo e bateria fazendo um trabalho fantástico, e vocais ótimos. Em “Cloistered Life”, uma faixa mais abrasiva e raivosa, existe um insert de Chorinho, mas muito bem encaixados sob riffs insanos e solos fantásticos. Já “Lost Control”, outra faixa bem trabalhada e agressiva, surge a clara influência do Thrash Metal americano, um jeitão forte e melodioso sob a agressividade declarada, com excelentes riffs e solos mais uma vez. A longa “Controversies of the War” é cheia de quebradas de ritmo em seu início, mas logo ganha uma roupagem mais Thrasher, mas cheia de arranjos extremamente ecléticos. “Little God Ivory” começa mais ríspida e agressiva, solos que deixam muitos guitarristas de boca aberta, fora baixo e bateria mostrarem um trabalho forte e excelentes backing vocals. Em “Life Has no Meaning”, temos uma faixa um pouco mais comportada que o geral, novamente com a base rítmica dando um show de peso e técnica. E fechando, o hino “Corrupt”, com alguns elementos percussivos mais tribais no início, mostra-se mais melodiosa e agressiva nas medidas certas, com insert de Música Clássica, e é uma pedrada em todos os sentidos (a própria letra trata da corrupção, mas no âmbito mais geral. Ou seja: não reclame do governo, do poder, da polícia, da escola, se você mesmo), fora a interpretação vocal plena de ironia.

Um excelente disco, que pode ser baixado gratuitamente no site da banda, mas que merece a cópia física em casa.




Músicas:

1. Numbers 
2. The New Order of Disorder
3. A Máquina
4. Cloistered Life
5. Lost Control 
6. Controversies of the War
7. Little God Ivory
8. Life Has no Meaning
9. Corrupt


Banda:

Reinaldo Leal - Vocais, guitarras
LGC – Guitarra solo, violão, piano, cordas, backing vocals
Denner Campolina – Baixo, baixo acústico, backing vocals
Elcio Pineschi – Bateria 


Contatos:

Youtube
Wargods Press (Assessoria de Imprensa)
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