17 de dez. de 2014

Regicida - Servants and Snakes (CD)

Independente
Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Quando falamos de discos como “Brain Drain” do RAMONES, “Back in Black” do AC/DC ou mesmo “Sonic Temple” do THE CULT, a pergunta que sempre surge é a mesma: como esses álbuns conseguem não ficarem datados e encantar mais e mais gerações?

Não há uma resposta simples, e nem mesmo ela é única. O que podemos aferir é: a crueza e despojo das bandas, a simplicidade técnica e o foco nas canções podem ser indicativos de onde essas bandas conseguiram fugir da ação do Pai Tempo. E aqui no Brasil, especificamente de Colatina (Espírito Santo), temos um digno sucessor dessa turma, o quarteto REGICIDA, que enfim debuta em disco com "Servants and Snakes".

Pesado, azedo, ganchudo e empolgante, com o peso do Metal, a garra do Punk Rock e a força empolgante do Rock'n'Roll, "Servants and Snakes" chega em uma ótima hora, já que parece existir uma tendência atualmente em ser o mais técnico, brutal, veloz ou o capirotesco possível. Não, aqui é direto, reto, um murro de energia nos modismos e tendências, com vocais muito bem encaixados na base instrumental, ótimos riffs de guitarra (e solos com boas doses de melodia), baixo e bateria formando uma base rítmica eficiente e pesada, mas sem exagerar na técnica. E é um disco viciante!

O quarteto resolveu manter a produção ente eles mesmos, fazendo que a sonoridade do disco fosse aquela que eles buscavam: algo mais simples e direto, com boa qualidade (você consegue compreender o que cada instrumento está tocando separadamente), com timbres bem secos e fortes. A arte é mais um trabalho ótimo de Gustavo Sazes, que fez uma ótima capa e um layout maravilhoso.

Regicida
O REGICIDA tem como ponto forte a espontaneidade de suas músicas, ou seja, é despojado, mas bem feito, com bons arranjos, e a dinâmica que cada canção impõe é sempre bem vinda. Tanto que a média de duração beira os 3 minutos, logo, não dá nem mesmo tempo do ouvinte se sentir entediado.

O CD é composto por dez faixas: abrindo com a sinuosa e mais cadenciada "Servants and Snakes", com riffs azedos e pesados, seguida do hit "Disappearing", um Rock’n’Roll bem empolgante com muita influência do Post Punk, que evidencia o quanto o disco foi gravado pensando no clima ao vivo (durante o solo, não existe uma guitarra base por baixo, ou seja, é fiel ao que se ouve nas apresentações do grupo), destacando bastante o som do baixo e a simplicidade e força das guitarras. "Queen of the Underground" é um pouco mais lenta, mas com ótimos vocais e riffs mais melodiosos. "Ecstasy of Fire", outro belo Rock’n’Roll mais azedo, temos uma participação especial de Salsa Brezinski (no saxofone tenor) e de Fauzer Cruz (nos teclados), e estas dão um toque 'creole' à música. Apesar do nome, "Kill the King" não tem nada com a clássica composição do RAINBOW, mas é uma paulada à lá AC/DC direta, seca e que tem uns toques mais pesados, vocais variando nos timbres, mesmo clima encontrado em "Hollow", outra pedrada com ótimos vocais. Em "You Don’t Live Twice", com uma velocidade um pouco menor, é bastante densa e raivosa, com belo trabalho de baixo e bateria. Logo depois, vem a antêmica "Fuck Superstar", uma mistura do peso BLACK SABBATH com a crueza elegante do THE CULT, novamente destacando o trabalho das guitarras e novamente os teclados de Fauzer dão um sabor especial à música. "Sick Town" é cheia de energia e mais simples, com certo toque de AC/DC aqui e ali, novamente mostrando uma base rítmica firme e pesada. Fechando, mais um murro na moralidade exacerbada, "The Ethical Eaters", ganchuda e com riffs excelentes, mesclando Rock'n'Roll e Punk Rock na medida certa. 

Ouçam bem alto, pois o REGICIDA é pai!

Ótima estréia, e esperamos que o REGICIDA chegue bem longe, pois merecem. É som para a Diretoria, e ponto final.






Músicas:

01. Servantes and Snakes
02. Disappearing
03. Queen of the Underground
04. Ecstasy of Fire
05. Kill the King
06. Hollow
07. You Don't LIve Twice
08. Fuck Superstar
09. Sick Town
10. The Ethical Eaters


Banda:

Ricardo Sarcinelli - Vocais
Alisson Amorin - Guitarras
Ramon Vago - Baixo
Léo Amorin - Bateria


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