Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
E o quarteto mais insano e polêmico do Metal finlandês está de volta à carga, cada vez mais bruto e mal encarado em seu trabalho musical.
Sim, o IMPALED NAZARENE, veterano e um dos pioneiros da (agora) reconhecida cena Metal da Finlândia, depois de 4 anos longe dos estúdios, acaba de lançar seu novo álbum, o destruidor de pescoços "Vigorous and Liberating Death", mostrando-se ainda forte e vigoroso, mesmo tendo quase 25 anos de luta, muita ironia e polêmicas em sua bagagem.
Desde "Manifest", de 2007, a banda tem sua formação estabilizada. Mas sua música não apresenta muitas mudanças, quase como se fossem um tipo de AC/DC ou MOTORHEAD do Metal extremo da Finlândia. Mas há uma enorme diferença entre eles e muitas bandas que trilham este caminho: o IMPALED NAZARENE não é repetitivo ou chega a cansar nossos ouvidos, muito longe disso. Aqui, a brutalidade, essa mistura de Black, Thrash e HC da banda, tão característica deles, é sempre muito bem explorada. Os vocais apresentam tons não tão altos como antes, mas ao mesmo tempo continuam mantendo o padrão de insanidade que o grupo sempre apresentou (urros, gritos rasgados e uma boa dicção sempre fizeram parte de sua música), riffs de guitarra extremamente empolgantes, solos bem pensados; o baixo sempre firme na marcação, mas com muitos momentos brilhantes e evidentes, usando tons bem mais agudos que o que costumamos ouvir no Metal (uma óbvia herança do Hardcore), e a bateria mais uma vez apresenta sua boa técnica costumeira, sabendo manter a base firme e pesada. Podemos dizer que "Vigorous and Liberating Death" é o melhor disco do grupo desde "Pro Patria Finlandia", mas mais bruto e seco que a fase entre "Rapture" e o próprio "Pro Patria Finlandia", que era um pouco mais melodiosa.
A produção, feita pelo próprio grupo, garante que a personalidade musical do quarteto esteja intocada, ao mesmo tempo em que ficou mais cheia e encorpada que nos discos anteriores, com um peso cavalar, mas sem perder o impacto musical, e menos ainda a limpeza necessária para que o brilho dos instrumentos se perca. Ponto para a banda que, em conjunto com Tero "Max" Kostermaa (que acompanhou as gravações e mixou o trabalho) e Mika Jussila (que fez a masterização) fez um trabalho brilhante em termos sonoros. Já a arte de Taneli Jarva (ex-baixista do grupo, hoje vocalista do CHAOSBREED e THE BLACK LEAGUE) ficou simples, mas bem feita, antenada com a proposta musical do disco.
Impaled Nazarene |
13 tiros no alvo compõem o CD, que abre com a veloz e bruta "King Reborn", onde o veterano Slutti666 mostra bastante seus dotes vocais, enquanto a opressiva e mais cadenciada "Flaming Sword of Satan" é mais cadenciada e azeda, com arranjos de baixo e riffs ótimos. A brutal "Pathological Hunger for Violence" é uma golfada brutal de agressividade ríspida, onde o trabalho de Repe Misanthrope (outro membro fundador do quarteto) mostra sua pegada e velocidade nas baquetas e bumbos. "Vestal Virgins" é outro murro na cara, possui riffs que tem uma pegada bem Thrash e ótimos vocais. Já "Martial Law", também rápida, mostra o lado mais Hardcore do quarteto, se destacando bastante o canhão de quatro cordas de Arc V 666, e essa pegada HC também se faz bem presente em "Riskiarvio". Outra música onde Tomi UG Ullgren faz bonito é "Apocalypse Principle", já que seus riffs são maravilhosos, e seu solos melodioso é muito bem colocado. O IMPALED NAZARENE revisa mais uma vez suas influências do HC e do Black Metal em "Kuoleman Varjot", mais uma vez com o baixo estridente e pesado mostrando sua força. E a banda faz uma renovação de seus votos musicais com a antêmica "Vigorous and Liberating Death", com velocidade não tão extremada, ótimos backings, e momentos brilhantes das guitarras. Introduzida pelo som que a maioria dos brasileiros ama de coração (o abrir de uma garrafa com uma bela dose de cerveja a encher um copo), a ganchuda e abrasiva "Drink Consulation", mais uma vez com ótimos vocais urrados e riffs pegajosos. "Dystopia A. S." temos uma música rápida com jeito de Black Metal, bateria veloz e vocais bem rasgados. A curtíssima "Sananvapaus" é outra canção bem forte, introduzida por acordes abrasivos do baixo. E fechando, temos "Hostis Humani Generis", que começa com dedilhados sinistros de guitarra e baixo, antes de virar uma música muito pesada, agressiva e bruta, com uma forte aura dos tempos do "Suomi Finland Perkele", embora surjam momentos mais lentos e soturnos, especialmente perto do fim, onde o som de fundo é o mesmo que o do início. Uma bela sugestão para começar tudo de novo e dar um infinito "repeat", pois o CD é excelente.
As letras de "Vigorous and Liberating Death" versam bastante sobre a morte em vários pontos de vista, destilando críticas azedas e protestando contra a morte da economia finlandesa (e da própria União Européia), contra a morte da liberdade de expressão, entre outras tantas. Temas bem atuais, mesmo para a realidade brasileira.
Enfim, sejam bem vindos de volta e continuem pervertendo os bons costumes e fazendo as pessoas pensarem por si mesmas.
Tracklist:
01. King Reborn
02. Flaming Sword of Satan
03. Pathological Hunger for Violence
04. Vestal Virgins
05. Martial Law
06. Riskiarvio
07. Apocalypse Principle
08. Kuoleman Varjot
09. Vigorous and Liberating Death
10. Drink Consultation
11. Dystopia A. S.
12. Sananvapaus
13. Hostis Humani Generis
Banda:
Slutti666 - Vocais
Tomi UG Ullgren - Guitarras
Arc V 666 - Baixo
Repe Misanthrope - Bateria
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