25 de ago. de 2014

Resenha: Republica - Point of No Return (CD)

Wikimetal Music
Nota 9,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Ser não convencional, de vez em quando, se mostra ser uma opção bem arriscada, e conforme as pessoas no leme da coisa, pode render mais problemas do que um "feedback" positivo. É preciso saber ter cuidado, pois por melhor que uma ideia seja, se mal administrada, não atinge seu objetivo. Mas quando bandas mais experientes metem a mão no vespeiro da não-convencionalidade, quase sempre surgem ótimos trabalhos. E como o REPUBLICA é bem conhecido por ser ousado e saber o que faz, não é de se estranhar que "Point of No Return" seja um discão de primeira.

Primeiro de tudo, a banda transita com muita sabedoria e bom gosto uma mistura muito boa de Hard Rock, uns toques de Southern Music aqui e ali, muito peso, melodias e mesmo um requintado toque bluesy e muito groove em diversos momentos. Falando, parece uma fórmula já vista/ouvida antes, mas não. O REPUBLICA é muito não convencional para cair nesse tipo de armadilha. Vocais agressivos em tons normais de voz (lembrando um pouco Phil Anselmo em vários momentos), guitarras em riffs cheios de energia e solos inspirados (sem nada de 1000 notas por segundo), baixo e bateria muito bem entrosados, sabendo guiar os andamentos da banda com peso e boa técnica. E isso tudo, somado, cria uma música cheia de vida, forte, pesada e muito envolvente, de extrema fácil assimilação.

Republica
Luiz Paulo Serafim cuidou da produção e mixagem de "Point of No Return" no Estúdio Electra (em SP), enquanto a masterização foi feita Stephan MarcussenLouie Teran (nos EUA), e verdade seja dita, eles acertaram a mão, pois a qualidade sonora do disco é de alto nível, algo raro de se ver por estas bandas, mas ao mesmo tempo que temos uma ótima qualidade sonora (cada instrumento e nuance do trabalho está extremamente clara aos ouvidos), temos um peso muito acentuado. Óbvio que a presença de Thiago Bianchi na produção dos vocais mostra que o quinteto teve toda uma preocupação em dar um acabamento perfeccionista ao trabalho. Já a arte, um trabalho muito bom, evoca os manifestos populares de 2013 no país, um tema que permeia bastante o trabalho lírico do grupo de forma bem subjetiva (basta pôr a mente para funcionar e as letras ganham clareza), e em um Digipack muito bonito e luxuoso. Ponto para a banda e para a gravadora.

Falar dos pontos fortes do álbum é obrigatoriamente falar dos arranjos bem esmerados, já que o grupo capricha demais nesse aspecto, pois as músicas estão muito bem preenchidas, sem espaços vazios ou um acorde ou detalhe que seja supérfluo. Nada disso, o encaixe é preciso e sem folga. E ainda temos a presença de Roy Z na guitarra solo de "Goodbye Asshole". Mas o Pai Marcão aqui deixa claro que o REPUBLICA se sai otimamente bem em canções mais duras e pesadas, ou em momentos mais tranquilos e intimistas.

"Time to Pay" é uma música azeda e pesada, com um andamento mais lento e denso (lembrando um pouquinho o SOUNDGARDEN devido à técnica da banda), com belos riffs (solo bem bluesy) e vocais muito bons (belos backing vocals, que se fique anotado). Um pouco mais energética e acessível é "Why?", com a presença marcante do baixo e da bateria. Em "Life Goes On", outra faixa bem pesada e de andamento mais mediano (que também é a música escolhida para o vídeo de divulgação do disco), surgem riffs à lá METALLICA da era do "Metallica" (o famoso "Black Album"), se destacando bastante os vocais um pouco mais agressivos e os solos carregados de wah-wah. Já "Change My Way" também tem um toque mais acessível, mas em uma faixa um pouco mais intimista e com feeling voltado ao Hard'n'Roll. Mais dura e carregada no peso é "Goodbye Asshole", também bem intimista e sinistra em vários aspectos, até ganhar um pouco mais de gás e agressividade com ótimos solos (mas como é Roy Z um dos solistas, não é de se estranhar, pois ele debulha!), e retornar ao mesmo clima de seu início. Um início ameno introduz "The Land of the King", que logo vira uma música bem agressiva e andamento ganchudo, evidenciando bastante o trabalho dos vocais e da base rítmica. A densa e também mais intimista "No Mercy" mescla momentos mais ríspidos e com belas melodias nas vozes, algo de muito bom gosto. Um belo Metal Rock é o que "Dark Road" nos trás, com um andamento bem variado entre momentos mais velozes e outros nem tanto, mantendo um clima bem empolgante e ganchudo, mas ao mesmo tempo, com boa acessibilidade comercial (mas sempre mantendo peso), outro desempenho ótimo da base rítmica. Outra bem Hard'n'Rol é "Fuck Liars", com ótimo refrão e guitarras em riffs ganchudos. E fechando, a ótima "El Diablo", essa a mais Rock'n'Roll de todas, capaz de balançar esqueletos e múmias, mas mantendo muito boa dose de peso e energia.

Um excelente disco de um nome que já participou de grandes festivais de nosso país, mostrando que não foi algo aleatório.

Parabéns ao REPUBLICA pelo ótimo trabalho!



Tracklist:

01. Time to Pay
02. Why?
03. Life Goes On
04. Change My Way
05. Goodbye Asshole
06. The Land of The King
07. No Mercy
08. Dark Road
09. Fuck Liars
10. El Diablo


Banda:

Leo Belling - Vocais
Jorge Marinhas - Guitarras
Luiz Fernando Vieira - Guitarras
Marco Vieira - Baixo
Gabriel Triani - Bateria


Contatos:

Twitter
Som do Darma (Assessoria de Imprensa)
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