Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
E é com grande satisfação que as páginas do Metal Samsara mais uma vez recebem o VOODOOPRIEST, banda brasileira do ex-vocalista do TORTURE SQUAD, Vitor Rodrigues, que mostra as garras com seu primeiro Full Length, o furioso e extraordinário "Mandu".
Primeiramente, o quinteto tem uma sonoridade híbrida de Thrash Com Death Metal toda pessoal deles, algo imbuído de essência e espírito, pois "Mandu" realmente surpreende por mostrar uma dinâmica música a música fantástica. E mesmo sobre a hecatombe de agressividade do grupo, fica claro o esmero do grupo. Os vocais que mixagem urros guturais e momentos rasgados estão ótimos (bem como a dicção está bem clara), a dupla de guitarras está perfeita em riffs maciços e solos caprichados (os tons melodiosos sempre aparecem sobre dedilhados distorcidos e ríspidos), baixo e bateria com ótimo nível técnico, mas com um peso absurdo. E tudo isso extremamente coeso, sem deixar espaços vazios a serem ocupados.
A produção ficou a cargo da dupla Brendan Duffey e Adriano Daga, logo, nem seria preciso falar da qualidade sonora, pois os dois já são conhecidos por um trabalho perfeito, que sabem não só dar peso e corpo à música, mas ao mesmo tempo, deixam os instrumentos bem claros e audíveis, com excelentes timbres. E em termos de VOODOOPRIEST, isso é extremamente preciso, já que o grupo tem arranjos muito bons.
A arte, um trabalho bem caprichado de Rafał Wechterowicz (que já trabalhou com HAVOK, entre outros) ficou fantástico, pois "Mandu" é um disco conceitual, narrando a história de Mandu Ladino, um líder tribal do século XVIII que unificou vários tribos do território que hoje corresponde ao Piauí e lutou até a morte contra invasores de suas terras e contra a aniquilação do povo indígena. Uma temática atual a aniquilação do povo indígena. E o mais interessante: não consta nos livros de história das escolas!
Abrindo o disco, vem "Dominate and Kill", uma faixa bem rápida e ríspida, mas ótimo trabalho de guitarras (reparem nos arranjos ótimos nas bases), seguida da quebra-pescoços "Religion in Flames" (introduzida por guitarras melodiosas, que vão aclimatando o ouvinte, até que o couro começa a comer, com velocidade e ótimos vocais, indo de tons guturais à rasgados sem pudor algum). "Warrior" começa cadenciada e azeda até os ossos, antes de um apocalipse de velocidade empolgante acometer nossas cabeças, e mais uma vez as guitarras roubam a cena (essa dupla é demais!), seguida pela arrasa-quarteirões "Eye for an Eye" (a base baixo-bateria se sobressaiu bastante, já que a música tem ótimos momentos cadenciados extremamente ganchudos). Uma introdução de guitarras solos melodiosas introduz a amassa-crânios "Trail of Blood", onde Vitor mostra pulmões e uma empolgação que poucos possuem, fora o andamento ser daqueles que levam ao slamdancing sem dificuldades. "Mandu" é a mesma do Single lançado no Dia do Índio, outra faixa que é bem cadenciada em alguns pontos, mostrando um trabalho de guitarras e baixo forte e vigoroso. A velocidade e empolgação voltam à cena em "Warpath", outra pancada que privilegia bastante o trabalho da bateria (esse sujeito é um mestre em mudanças de tempos), e "Swallowed by the Waters" segue esta linha, sem ser uma cópia da anterior. E fechando, temos a brutal e climática "We Shall Rise", onde a fúria dos vocais e guitarra chegam a deixar os ouvidos dando sinal de ocupado por horas.
Obviamente "Mandu" estará no Top 10 de muitos fãs ao final de 2014 com certeza, e é mais um disco que mostra que o Brasil faz Metal de alto nível!
O disco físico ainda não foi lançado, mas obviamente os pescoços dos mais curiosos pedem por um bom torcicolo, logo, "Mandu" pode ser ouvido na íntegra no site oficial do VOODOOPRIEST.
Satisfação garantida, e nunca foi tão prazeroso pagar um ortopedista, logo, se deixe ser VOODOOZADO...
Tracklist:
01. Dominate and Kill
02. Religion in Flames
03. Warrior
04. Eye for an Eye
05. Trail of Blood
06. Mandu
07. Warpath
08. Swallowed by the Waters
09. We Shall Rise
Banda:
Vitor Rodrigues - Vocals
Renato de Luccas - Guitarras
César Covero - Guitarras
Bruno Pompeo - Baixo
Edu Nicolini - Bateria
Contatos:
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