29 de abr. de 2014

SupreMa: você não vai ter 3.000 fãs do dia pra noite gritando seu nome na grade





O guitarrista Douglas Jen líder da banda paulistana SUPREMA concedeu uma entrevista polêmica ao site Rock On Stage. Entre diversos assuntos sobre a carreira da banda e o mais novo clipe lançado de "Fury and Rage", o guitarrista falou sobre o polêmico tema do "Pay-to-play" e declarou-se contra o ato abusivo de contratantes, porém alertou às bandas que tenham suas próprias estruturas para merecerem chegar aos grandes palcos e oferecerem estrutura e vantagens aos contratantes.

Na entrevista também faz críticas a produtores de eventos despreparados e levanta a discussão sobre uma profissionalização da cena no Brasil.

"Rock On Stage: No Brasil é muito comum as bandas de abertura terem que pagar para participar do evento, ou de um show de uma banda grande, que chamamos de Pay-to-play, como o SupreMa vê isso, se já fizeram ou receberam esse tipo de proposta?

Douglas Jen: Sei que talvez esta minha resposta gere uma baita polêmica de quem não entende muito do mercado ou ainda tem aquele sonho de “ai Meu Deus, minha banda, meu talento, meus princípios...”, e provavelmente muita gente não vai ter paciência de ler até o final e entender algumas verdades... Não só nós mas todos que trabalham sério com música sabemos que música é um mercado, é negócio, gera receitas, despesas, lucros, finanças... É Business, tem empresários envolvidos, produtos, publicidade, produção.

Quem acha isso um “absurdo” é porque deve ser aventureiro ou está se divertindo com música... Sou contra pagar para tocar em eventos grandes onde o contratante, com certeza, já terá suas despesas pagas e só quer tirar um “troco a mais” da banda de abertura, isso sou completamente contra. Mas não vejo problema algum, por exemplo, do contratante fazer a banda de abertura vender um cota de ingressos ou contribuir de alguma forma para o evento como fazendo assessoria ou “emprestando” equipe técnica.

Aí vai vir gente dizendo “ter que vender ingressos não é justo”, mas na boa, se sua banda não consegue levar 100 pessoas/fãs para um show, qual a razão lógica de você merecer estar ali? Se você não está preparado, não tem um público, o que acrescentaria no evento? Seria uma banda a mais para dar custo para o show, mais aluguel de equipamento, equipe técnica fica mais cara, etc, etc...

Ou seja, cobrar das bandas só para ganhar nas costas, sou contra, mas fazer a banda trabalhar para merecer estar ali, sou completamente a favor. Se precisar ajudar no que for no evento quem ganha é a própria banda que está abrindo, pois vai tocar para um público grande que ela não tem, num som de qualidade que muitas vezes ela nunca tocou, estar nos cartazes e nas notas de imprensa que ela não tem alcance e assim todos poderem conhecer seu trabalho.

Muitas bandas de abertura não tem seus próprios 'amps' e baterias e ainda exigem que contratantes gastem mais dinheiro para tê-las no evento... É questão de bom senso. O SupreMa nunca teve que pagar para tocar e quando tivemos convites para aberturas ajudamos de outras formas como nossa assessoria de imprensa trabalhando de graça para o evento, ou nossa produtora trabalhando na produção para deixar tudo redondo.

Temos nosso próprio equipamento, nunca demos trabalho a contratante, levamos nosso técnico, nossos roadies, nosso iluminador, e se tivermos uma abertura internacional de respeito temos toda equipe e estrutura para fazer um belo show e não atrapalhar em nada a atração principal. Pessoal deveria se estruturar mais com relação a isso e saber que muita porta é aberta com ralação, nada cairá do céu e você não vai ter 3.000 fãs do dia pra noite gritando seu nome na grade do palco.

Rock On Stage: O que mudariam no Heavy Metal hoje?

Douglas Jen: Sinceramente, a cabeça de alguns produtores de shows. Ainda falta muito respeito de um pessoal com as bandas, não se preocupam em colocar um som bom, uma luz decente, um hotel confortável... As bandas não precisam de luxo, apenas de condições mínimas para fazer um trabalho decente.

De alguns anos para cá temos conseguido boas estruturas para o SupreMa e temos sido bem tratados pelos produtores, mas, ainda ouvimos e vemos histórias absurdas de falta de respeito com os artistas e com os fãs. Este meio de produção precisa de uma profissionalização urgente! Mas claro, isso não é geral e tem muita gente sabendo o que faz, e tem algumas produtoras bem sérias e festivais que sempre dá gosto de tocar!"

Leia a entrevista completa em:


Assista ao novo vídeo clipe de "Fury and Rage":



Fonte: Furia Music
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