Metal Samsara: Panzer

14 de nov. de 2013

Panzer - Honor (CD)

Shinigami Records

Nota 10/10

Por Marcos Garcia

O Brasil tem sido o cenário de grandes voltas no Metal, já que vários grupos que se encontravam inativos estão voltando, enriquecendo ainda mais a cena nacional, pois muitos mostram que ainda tem muito a dizer, a ensinar e causar torcicolos de tanto headbanging, e entre os grandes nomes que retornam ao front, o quarteto PANZER, de São Paulo, se destaca por não querer ficar na zona de conforto que muitos nomes grandes do Metal (inclusive em termos de bandas gringas), e entra na zona de combate com sangue nos olhos com "Honor", sucessor de "The Strongest" (de 2001) que a Shinigami Records colocou no mercado.

E acreditem: este tanque de guerra tem fôlego e energia de sobras, fazendo um dos melhores CDs nacionais de 2013.

Para quem não conhece, o quarteto faz uma fusão entre Thrash Metal, alguns toques de Groove Metal, muito de Stoner Metal, soando vigoroso, cheio de energia e dispostos a ensinar muitos como se pega pesado, agressivo, mas sem perder as fortes noções de melodia e harmonia. Rafael Moreira mostra-se um ótimo com seus vocais ríspidos e sem perder a dicção, André Pars mostra-se um mestre tanto em riffs agressivos e bem feitos (com alguma coisa do mestre Iommi), quanto em solos melodiosos e encaixados com maestria (onde vê-se claros toques que relembram mestres como Randy Rhoads), Rafael DM mostra-se um baixista seguro e com boa técnica, e Edson Graseffi é realmente um MONSTRO nas baquetas, com ótimas conduções nos dois bumbos, diversidade de ritmos e pegada muito pesada. Resultado: é melhor tomarem cuidado, pois podem ser expulsos de casa pelos pais, ou processados por vizinhos de gostos musicais bem toscos.

A produção sonora de Henrique Baboom (que teve como co-produtor de André Pars), junto com sua mixagem e masterização, deram um som bem "live" ao CD, ou seja, é bem seca e captou a força e energia do quarteto ao vivo, sem no entanto deixar de ter limpeza para que os instrumentos sejam bem audíveis, cada um com seu brilho próprio e na medida certa. A arte do CD, feita por Rodrigo Balan e Edson Graseffi, é de alto nível, e mesmo trabalhando em tons de preto, branco e cinza, é esmerada, com diversas gravuras que denunciam o conteúdo lírico do grupo, outro de seus pontos fortes, pois o PANZER tem muito a dizer em suas letras.

Ainda temos as presenças ilustres do próprio Baboom na jam do BLACK SABBATH inserida após Alma Escancarada" e de Silvano Aguilera do WOSLOM nos vocais em "Saviour".

Falar sobre o conteúdo musical de "Honor" chega a ser covardia, já que cada uma das 11 faixas tem seu valor, sendo que vemos uma banda bem criativa em termos musicais por todo o CD, tornando-o homogêneo e uma dos melhores plays nacionais do ano, e talvez mesmo em termos internacionais, sem exageros. É a fusão perfeita do peso dos 70, a agressividade dos 80, e da modernidade dos 90 e atualidade, sem mais.

O CD abre com a bruta e ganchuda "The Last Man on Earth" (com um trabalho fantástico da bateria, fora excelentes riffs, e o clima é tão "live" que durante o solo de guitarra, apenas o baixo faz base, sem uma segunda guitarra), a mais trampada "Heretic" (baixo e bateria fazem um trabalho ótimo e pesado), "Intruders" (os riffs iniciais são puro SABBATH, e Rafinha mostra ótima diversidade vocal em uma faixa bem cadenciada e técnica), a azeda e bem diversificada "Rising" (que foi a faixa do retorno do grupo, e onde os vocais de Rafinha perfeitos, fora um solo ótimo de André), a opressiva "Saviour" (Realmente, Edson é um dos melhores bateristas do Brasil, e mostra um arsenal rítmico absurdo mais uma vez, tendo em Rafael DM um comparsa da mesma magnitude no baixo), a curta e direta "I Wanna Make You Pay", o hit "Burden of Proof" (um ótimo refrão), a "sabbathina" de "Victim of Choices" (alguns inserts bem anos 70 estão presentes aqui), as carregadas e bem trabalhadas "Hastening to Death" e "Mind's Slavery" (esta aqui com ótimo trabalho de André e Rafinha), e a rápida “Alma Escancarada” (quase Crossover em seus momentos mais velozes, mas com momentos cadenciados bem pesados e brutos), e logo após, vemos um insert do sagrado BLACK SABBATH, cumprindo a tradição do quarteto em todos os seus CDs, fechando com chave de Metal o disco.

Perfeito para todas as gerações e fãs de Metal que se prezem. E poucas vezes, um CD teve um título tão condizente com seu conteúdo e com uma banda.

Ah, sim: a versão física está disponível pela Shinigami Records aqui. Comprem, ouçam e incomodem seus vizinhos que te incomodam com churrascos de fim de semana e festinhas, ou aqueles chatos gospel...