Metal Samsara: Cervical - Caminhos da Dor (CD)

21 de nov. de 2013

Cervical - Caminhos da Dor (CD)

Independente

Nota 8,5/10

Por Marcos Garcia

É incrível ver como após o boom do Punk Rock e HC brasileiro na década de 80 em São Paulo, a cena que hoje essencialmente está envolta nos limites do underground continua produzindo ótimas bandas, e cada vez em cidades de onde menos esperamos. E o quinteto CERVICAL, vindo de Macaé (RJ), mostra que tem muito sangue nos olhos e raça em seu primeiro CD, "Caminhos da Dor".

O grupo faz um HC muito metalizado, ou seja, busca ter a fúria do HC com o peso e intensidade do Metal, sabendo ser veloz ou mais cadenciado, sempre criativo e cheio de energia. As música do CD pulsam com vida e agressividade, mas sem perder uma boa noção melódica ao fundo. Vocais normais urrados com vontade e raiva, guitarras em riffs brutos e insanos, baixo e bateria intensos e técnicos, sabendo conduzir os andamentos do quinteto.

Vemos mais uma produção musical ótima das mãos de Davi Baeta (ele mesmo, o produtor dos CDs do CONFRONTO), que soube dar um aspecto limpo ao grupo e bem produzido, com a sonoridade fluindo de forma natural e intensa, mas sem obliterar a raiva HC de suas músicas, em algo que busca ser simples e funcional, deixando a música da banda exposta. Já a arte é um trabalho simples e bem feito de Gustavo Saez (da Abstrata Designs), que transpira bem a música do grupo.

Nove faixas de puro caos HC, de fúria contra a realidade podre que nos cerca, todas cantadas em português, e temos pontos altos em "Dar o Sangue" (uma pedrada dos tímpanos, com destaque para a bateria, especialmente pelos bumbos), a intensa e mais cadenciada "Caminhos da Dor" (riffs agudos e bem maciços, com boa técnica), a mais raiz "Sem Piedade" (reparem o baixo agudo e com boa pegada), a intrincada e raivosa "Herança" (os vocais estão muito bem encaixados e ótimos, sendo bem variados), "Autodestruição" (onde o DNA mais Crossover do grupo se faz sentir com clareza), o hino "Vencer" (uma faixa bem ganchuda, que leva ao pogo com facilidade, com muita energia e pegada), e a bruta "Ódio".

Uma ótima revelação, sem sombra de dúvidas, capaz de satisfazer gregos e troianos do underground.

Ouçam bem alto, e boa diversão para o ouvinte, pois fanáticos e fãs das modas musicais do momento vão sentir na pele o que eles nos causam todos os dias.