19 de nov. de 2012

Krow - Traces of the Trade (CD)

TBonTB / Valvulado - Nacional
Nota 9

Por Marcos Garcia

Fazer Death Metal é, definitivamente, uma arte, e caindo nas mãos de bandas competentes então, temos uma mistura altamente explosiva, ou seja, um som dos infernos de primeira categoria, embora algumas vezes, tenham pessoas que não consigam fazê-lo tão bem, pois esta vertente em especial pode tanto aceitar inovações quanto permanecer algo próximo de suas raízes mais brutas.

O KROW é uma ótima banda, que nos chega com seu terceiro CD, ‘Traces of the Trade’, que ao que parece, é fruto do esforço da banda, e do incentivo da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Uberlândia, mostrando que uma proposta cultural, quando levada a sério, recebe respaldo governamental, pois ainda existem pessoas sérias no tocante à cultura.

Vindos de Uberlândia, MG, região conhecida como Triângulo Mineiro (eis o motivo da referência ao ‘Triângulo Satânico Mineiro’ que se encontra no encarte), uma terra com tradição de revelar algumas das melhores bandas da cena brasileira, bem como bastião de grande parte da cultura nativa do Brasil, que a banda busca usar no CD, tanto no manifesto do Cientista Social Christian Adèwálé Lima que se encontra no encarte, quanto nas citações na língua Iorubá em algumas letras, o que é um ponto bastante positivo, pois mo Metal precisa de mentes pensantes.

Sonoramente, a banda faz um Death Metal rápido, bruto e bem contagiante, com o pé fincado na escola noventista (especialmente no que se refere ao Death Metal americano), mas com nuances de Thrash aqui e ali sob a brutalidade explícita do quarteto. A fórmula não é a mais inovadora, mas como dito acima, em mãos experientes, sempre rende bons frutos, pois tome avalanches de vocais guturais no melhor estilo, riffs de guitarra bem estruturados, solos insanos, e uma zaga baixo-bateria segura e firme, mas que sabe fazer um trabalho longe do feijão com arroz, pois a banda em si possui uma técnica muito boa.

A arte, feita por Costin Chioeanu (da Twilight13 Media), é ótima e bem bonita, bem apresentada no formato Digipack, embora não muito complexa. Sonoramente falando, o disquinho foi produzido Gustavo Vasquez, Luiz Maldonalle e pela própria banda, gravado e mixado no Rocklab Estúdio, em Goiânia, os resultados sonoros são para lá de muito bons, já que a gravação é intensa e pesada, sem embolar os instrumentos, permitindo os que ouvem o CD entender cada nuance musical sem problemas.

Quanto às músicas, a homogeneidade marca o CD, sendo que cada faixa tem seus atrativos e segredos a serem desvendados, mas temos destaques em ‘Eidolon’, uma golfada de brutalidade e boas variações de andamento, com ótimo trabalho da cozinha rítmica baixo-bateria; ‘Traces of the Trade’, onde riffs de guitarra bem postados e firmes guiam a música, e com vocais absurdamente agressivos (vejam a letra e entenderão o motivo); ‘Outbreak of a Maniac’, que apesar de toda a massa sonora brutal, possui quebradas de ritmo executadas com maestria, se no solo, temos a participação especial de Luiz Maldonalle; ‘Endless Lashings’, que alterna momentos de cadência com outros mais velozes; ‘Retaliated’, uma música extremamente bem estruturada, com trechos cantados em Iorubá (é o que parece, pelo menos), com partyicipação do baixista Alvaro Lillo (que toca no WATAIN), que é precedida por uma introdução tribal bem climática chamada ‘March for Vendetta’, cuja percussão é feita por Jack Will, do PORCAS BORBOLETAS; e ‘System Unfolds’, onde mais agressividade sai das caixas de som, com guitarras ‘slayerianas’ bem compostas.

Em suma, um CD bem feito, que merece uma ouvida bem atenta, bem como uma lida nas letras, pois elas possuem bastante a dizer, pois a banda não cai no ponto comum do satanismo barato.

Retaliated


Tracklist:

01. Eidolon
02. Traces of the Trade
03. Outbreak of a Maniac
04. Framework of Violence
05. Endless Lashings
06. Hazardous Punishment
07. March of Vendetta
08. Retaliated
09. Despair
10. Slaughter of the Gods
11. System Unfolds


Formação:

Guilherme Miranda – Vocais, guitarra
Lucas the Carcass – Guitarra
Humberto Costa – Baixo
Jhoka Ribeiro – Bateria



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OBS.: resenha originalmente publicada no Whiplash.
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